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domingo, 19 de junio de 2016

Das indicações gerais a cada caso particular no babywearing


Por Elena de Regoyos, proprietaria de www.mamaememima.com e co-criadora da formação Bebê no Pano.
Por favor, cite fonte e link original para compartilhar.


Olá, sou Elena, mãe, assessora de carregar bebês e formadora de assessoras.

Acredito em algumas indicações específicas que trazem segurança ao nosso carregar. Segurança quanto a vias respiratórias do bebê, quanto a cuidados com desenvolvimento musculo esquelético dele, quanto a delicadeza emocional.

Me apoio no que estudei e estudo, trabalhos inspirados sempre nas culturas que não se desligaram de esta arte femenina milenar. Também em matérias sobre ergonomia, fisiologia, neonatologia, neurobiologia, antropologia e algumas outras “logias” que, observam essas práticas e as traduzem em ciencia. Nisso todo se baseiam tanto as duas formações de especialização em babywearing que realizei, quanto o grupo de reciclagem continua para profissionais que pago para participar todo mês e o vasto material audiovisual e escrito que temos a livre disposição na comunidade de babywearing internacional (blogs, sites, grupos de discussão, etc).

Me apoio, também, na minha própria experiência: 3 filhos carregados por anos, assessorias quase diárias a famílias desde 2010, das quais tanto sempre aprendo, e mais de 100 assessoras formadas, trazendo sempre debate e novas visões aos cursos.

Eu não estou inventando nada. 

Porém me reinvento cada dia.

Já indiquei e ensinei coisas que hoje não ensino mais. 

Já disse coisas nas quais acreditava, que não digo mais porque não acredito mais.

O que eu passo hoje, são as indicações que fazem sentido para mim (hoje).

No mundo tem diversas escolas de babywearing. Existe um grande consenso quanto as indicações genêricas. Porém achamos algumas divergências quanto a certas questões.

O que é coerente no meu ser professional é eu passar as indicações que fazem sentido para mim. Isso eu banco. O contrário seria desonesto da minha parte.

Não é obrigado que façam sentido para você também.

Não é proibido nada. Não por mim.

Bebê no Pano não é religião

“Pode / não pode” são palavras que pessoalmente ando tratando de eliminar, e assim o transmitimos também nas formações de assessoras que se formam na Bebê no Pano. Preferimos usar, e indicar que sejam usadas as fórmulas: “indico / não indico”, seguido dos porquês. Sempre.

Na Bebê no Pano não somos religião. Nem sequer somos franquia. Somos apenas escola, transmitimos saberes teóricos e práticos para quem quer embassamentos e profissionalização na área do carregar, e depois cada qual é livre. 

Nem todo o que as assessoras Bebê no Pano dizem ou fazem nos representa as outras, nem vice-versa. Cada assessora é individual, tem seu contexto, faz suas escolhas.

Não tratamos de convencer nenhuma assessora na formação, e nem elas devem tratar de convencer nenhuma família nos atendimentos. Quando nos procuram como assessoras de carregar bebês, as famílias querem ajuda, informações e experiência, mas nunca devem esperar ser convencidas de nada. E é assim como deve ser.

Se alguém faz diferente, seja em assessorias, em redes sociais ou em encontros formais ou informais, fala em nome dela, não no meu, no da Carine ou no da Bebê no Pano. Engessamento não nos representa. Absolutismo não nos representa.

Visando melhorar, sempre

No passado eu já usei o termo “errado”. Deve ter quem fale assim ainda. Que não seja no meu nome. Eu não falo mais. Já tem me acontecido com outros temas como parto natural, criação com apego, amamentação. Um dos meus maiores aprendizados profissionais, alias, na área da maternagem ao qual me dedico, é jamais usar esse tipo de termo. Empatia. Sororidade. Acolhimento.

Faz muito já que profissionalmente opto, em qualquer um destes âmbitos (e outros tantos), por “eu não aconselho”, “para mim não faz sentido”. E se não faz mesmo, explico por que, e pergunto “Como fica para você?”.

Nem tudo é preto ou branco. Pode ou não pode. Ainda menos nos atendimentos individuais, personalizados. Essa é a beleza! Tem indicações genéricas, um quadro geral do qual precisamos sim, porque quando escrevemos para o público em geral não temos como ter em conta o individualismo, e dicas gerais são procuradas, e necessárias, e elas ajudam. Nesse caso acho pertinente indicar formas que garantem, na maioria dos casos, uma melhor prática.

Individualmente as coisas são sempre, em certa medida, adaptáveis.

Assessoria real: pés para dentro ou pés para fora?


Ontem atendi uma família com um bebê muito pequenino. O colocamos com os pés dentro do wrap.

Você, lendo isto, pode estar se sentindo chocada. Eu sei. Rótulos sobre minha pessoa existem muitos nesta altura. Desconhecimento de quem eu sou realmente, como pessoa e como profissional.

Não sendo algo tão frequente (bem pouco, alias), não é a primeira vez que eu não vejo mal em colocar os pés para dentro. É o que acontece quando se atende presencialmente uma família, avaliando esse caso específico.

Cada família é única, cada atendimento é particular. Assim eu quero que seja. Minha indicação genérica é, sim, deixar os pés para fora, e tenho meus motivos: considero que assim garantimos que o peso não recaia nas articulações de pés e pernas do bebê, e sim no bumbum, sempre respeitando a posição fisiolôgica do bebê em agrupamento, nunca esticando ou abrindo as pernas. Além disso, observamos melhor a altura de ambos joelhos, garantindo portanto o bom alinhamento do eixo bacia/coluna. Outro motivo é não estimular o reflexo de marcha do bebê, ao sentir pano embaixo do pé (o que o leva a se esticar).

Esse bebê era muito pequeno mesmo, e com a posição fetal ainda muito marcada. Dava para colocar os pés dele para fora, mas para uma família sem nenhuma experiência com o wrap, estava resultando difícil fazer um bom assento entre ambas pernas, tão fechadinhas, com tantas roupas que estamos usando neste inverno frio. No caso dele, tão “encolhidinho”, deixar os pés dentro nestes primeiros dias, não supunha maior pressão nas articulações de pés e pernas, pois os pés ficavam a uma altura maior do que o bumbum, portanto o peso ainda recaia no bumbum. Por este motivo, também não tinha tecido sob os pés dele, não sendo estimulado reflexo de marcha. E tocando com atenção pudemos verificar o bom alinhamento dos joelhos. Isso foi o que melhor funcionou para eles para estes primeiros dias. Isso foi um atendimento individual. Logo irá mudar, é algo temporário.

As escolas e suas polémicas


Pés para fora ou pés para dentro?
Wrap elástico nas costas sim ou nunca?
Bebê nas costas, a partir de qual idade?
Sling de argolas com recém nascido?
Mochila e mei tai com bebês pequenos é ruim?
Pré-amarrada é recomendável?
Pode ir para o nosso lado bebê pequeno?
Bebê virado para a frente pode?
Pouch com recém nascido é perigoso?
Etc, etc, etc.

São muitos os debates. Quanto a estas e outras questões, a imensa maioria da comunidade internacional que pesquisa e trabalha com babywearing tem posicionamentos bastante homogêneos. Mas há divergências. Quem está certo? Ah amigx, você quer saber demais. Há debate entre escolas e seus seguidores. A italiana talvez seja a mais rígida. A americana costuma ser mais laxa. 

A minha, das minhas mestras, visa o individualuismo. indicações como marco geral, cada família como caso individual.

Você é único. Em caso de dúvidas, consulte um profissional, ou vários. 

Escute os argumentos, teste, sinta. 

O que faz sentido para você?

Bom carregar <3

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