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viernes, 22 de abril de 2011

O sono dos nossos filhos e as conseqüências de deixá-los chorar



O sono dos nossos filhos é sempre um assunto interessante. As mães vivemos cansadas, dormimos mal e queremos soluções. "Não tem corpo que agüente", falamos, com razão... Mas pensemos em por que eles dormem como dormem, e o que podemos fazer para mudar isso.

Eu trouxe aqui um resumo-traduçao próprios do exposto pela psicóloga espanhola Rosa Jové, especializada em sono infantil e autora de muitos livros, entre eles “Dormir sin lágrimas”, que surgiu como resposta ao supervendas “Duérmete niño”; de Eduard Estivill, equivalente à versão brasileira “Nana neném”. Ambos dois (“Duérmete niño” e “Nana neném”) explicam como podemos “ensinar” a dormir os nossos filhos, deixando-os chorar e pautando horários.


Dormir é tão importante quando comer ou respirar, por isso nascemos sabendo fazê-lo. O detalhe é que as fases de sono de um recém nascido são bem diferentes dos de um adulto. Isso é um problema? Objetivamente não, é natural. Mas para os adultos, claro, esse desfase vira um problema.

Vamos conhecer, entao, as fases de sono dos bebês, e a sua evolução segundo sua idade:

O sono do bebê dos 0 aos 3 meses



Um recém nascido precisa comer freqüentemente para evitar hipoglicemias (descensos no seu nível de açúcar em sangue). Por esse motivo, eles não podem ter um sono muito continuo, pois assim eles garantem uma ingestão de alimento freqüente, além de manter a produção do leite necessário no seio da sua mãe. Isso inclui a noite.

O sono nestes primeiros meses é bifásico: tem só duas fases (sono ativo ou REM e sono lento), de uma duração aproximada de 50-60 minutos, tempo que demora em acordar de novo. Aos poucos, ele vai emendando uma fase com a outra, dormindo mais de forma seguida, mas no começo não é assim. Ele acorda também para estimular sua mente e conhecer o entorno (esta em pleno processo de desenvolvimento), mas também se cansa rápido, então dorme de novo.

É um sono, também, ultradiano: não diferença dia e noite (assim assegura o alimento noturno também). É poliseqüêncial, o que quer dizer que se reparte em várias seqüências ao longo do dia, ao contrário dos adultos, que tem um sono uniseqüêncial (só dorme de noite) ou até biseqüêncial (de noite e alguma siesta).

Os bebês têm uma maior porcentagem de sono REM que um adulto. Isso garante que ele integre os aprendizados do dia, ajudando a desenvolver sua mente enquanto dorme. Além disso, eles iniciam o sono diretamente em fase REM, sem passar por outras fases de sono lento. O sono profundo ou lento ajuda à recuperação física da pessoa, enquanto que o sono REM ajuda à recuperação mental. Os bebês não têm desgaste físico, mas sim tem muito desgaste mental, porque estão permanentemente recebendo estímulos novos, que precisam assimilar.

Então, o sono de um recém nascido está perfeitamente adequado as suas necessidades. É cansado atender um bebê durante a noite, mas uma vez sabemos o importante que é para ele dormir (e acordar) desse jeito, talvez seja mais fácil para nós aceitá-lo e compreendê-lo.

Durante a noite, o leite materno segrega um hormônio chamado L-Triptófano, que ajuda a ela e ao bebê a pegar no sono de novo. Só permanece no corpo de ambos uns minutos após a mamada. Nenhum leite artificial contém este hormônio.

O sono do bebê de 4 a 7 meses

A criança muda mais em estes primeiros 6 meses de vida do que mudara na vida inteira. E o sono dele também. Agora o sono dele será mais predecível, e começara dormir mais durante a noite que durante o dia. Se o bebê estava dormindo melhor, talvez agora comece acordar mais durante as noites. Isto, pese a poder parecer um retrocesso, é um avanço. Ao redor dos dois meses de idade, começam surgir no bebê nas fases III e IV de sono, nas quais é mais difícil acordar ele. Mas com 3 meses, surgem as fases I e II, de sono mais ligeiro. Portanto, agora o seu sono é:

-Circadiano: diferencia o dia da noite. No final desta etapa ele dorme geralmente a noite (acordando varias vezes) e duas vezes durante o dia. Também reduz suas horas de sono.

-Polifásico: Agora não só já adquiriu todas as fases de um sono adulto (com as suas 5 fases), senão que às vezes é capaz de ementar um ciclo com outro, dormindo mais horas seguidas, só que com mais micro despertares entre um ciclo e o outro. Os adultos também têm micro despertares entre um ciclo e outro, só que já estamos acostumados, então é esse momento no qual damos uma viradinha na cama, nos cobrimos... E continuamos dormindo. Os bebês ainda têm que se acostumar com isso, e geralmente precisam de ajuda para voltar ao sono, seja mamando, sentindo a sua mãe ou pai perto, o com alguém acariciando suas costas.

Em apenas três meses eles integram muitas fases novas de sono (duas delas de sono ligeiro), e tem que ir se acostumando a elas. É um período de freqüentes despertares. O fato de que os pais não consigam dormir bem, não significa um problema da criança, não acontece nada errado com ela. Tudo esta indo segundo o esperado, se respeitamos suas fases de desenvolvimento.

O sono da criança dos 8 meses aos 2 anos

O sono de uma criança não é igual ao de um adulto até quase os 6 anos. Mas a partir dos 8 meses o bebê paro de “construir”, e agora só vai “madurecer”. O sono, então, a partir dos 8 meses, e até os 2 anos será:

-Temido: a angustia da separação se manifesta também durante a noite. Ele começa perceber que tem um período do dia, quando ele vai dormir, em que se separa dos seus pais. Pelo tanto, é um grande alivio para eles dormirem a noite toda acompanhados, ou pelo menos acompanhar eles até eles ficarem dormidos.

A maioria dos “especialistas” que aconselham não acompanhar a criança para dormir, porque senão “eles podem se acostumar para sempre”, aconselham também colocar um bonequinho de pelúcia na cama... E se eles se acostumam para toda a vida? Não costuma acontecer, Né? Eu acredito que, do mesmo jeito, nenhum adolescente em circunstâncias normais vai pedir para seus pais dormirem com ele, nem gostaria da idéia se eles insistissem em fazê-lo. Já pensaram? Em qualquer caso, não conheço nenhum adulto que precise da companhia dos seus pais para dormir, e alguns deles sim precisam do seu bonequinho “de estimação”. Curioso.

-Curioso: O fato de começar engatinhar e/ou caminhar também gera ansiedade em ele, que vê que pode se afastar da sua mãe por conta própria. Durante a fase REM, as coisas que nos preocupam se assimilam, mas as vezes provocando pesadelos. Então o fato deles acordarem à noite é ainda habitual, por muito que tantos e tantos pais presumam do fato do filho dele “dormir a noite toda desde os “x” meses”.

O sono da criança dos 3 aos 6 anos


Muitas das crianças de esta idade já dormem a noite toda, mas não quer dizer que não seja normal que elas ainda acordem habitualmente, já que até os 5 anos é perfeitamente normal que isso possa acontecer.

“Queremos que as crianças durmam como os adultos... mas para poder dormir como um adulto, é preciso ser um adulto!!” (Explica Rosa Jové. E, como com isso, com tudo).

E é importante lembrar que adultos também gostamos de dormir acompanhados...

O que não se deve fazer

Para começar, não se deve fazer do normal, um problema. Que o sono de um bebê incomode aos adultos não quer dizer que há um problema, nem, por tanto, nada que deva ser corrigido. Os bebês dormem como dormem porque é o adequado para seu desenvolvimento. O problema está no adulto, coitado, que não rende no dia seguinte, que vive cansado. Mas o seu filho não tem problema nenhum.


Porcentajens

Sabem quantas crianças de 7 meses dormem 10 horas seguidas, sem interrupções? Apenas um 10 ou 15%. Tem alguns que o fazem, mas isso não quer dizer que seja o normal. Aos 14 meses, o maior problema de consulta pediátrica é que as crianças acordam à noite. Em um estúdio de Anders (1979), somente o 33% das crianças de 9 meses dormiam 5 horas seguidas durante a noite. E só o 18,7% das crianças de um ano dorme a noite toda.

Nas sociedades e culturas onde as necessidades das crianças são mais respeitadas, não se registram problemas de sono infantil. Isto não é porque essas crianças não acordem de noite, senão porque para essas sociedades isso não representa um problema, pelo tanto não pó reportam como tal, já que podem dormir durante o dia. No ritmo da nossa sociedade ocidental, surge o problema, porque não podemos recuperar sono durante o dia.

Agora pensemos nos métodos de adestramento infantil, para “ensinar as crianças a dormir a noite toda”. Olhemos essas dicas como se, em lugar de estar falando de um bebê, falassem de um adulto. Permitiríamos um trato assim? Todos somos pessoas, desde o momento em que nascemos (ou até antes), pelo tanto devemos ter os mesmos direitos. Antes de aplicar qualquer “método” no seu filho, pense se você aplicaria esse mesmo método, essas mesmas negativas ao reclamo de atenção e necessidade de companhia e carinho, no seu marido, mulher ou avô.

Os adultos caem em “erros” tais como o bloqueio da sua memória infantil, o “adultismo” ou até o narcisismo. Desse jeito, para evitar sofrer com dores do passado, viram insensíveis as necessidades infantis. Ou pensa que as suas necessidades são mais importantes que as da criança falando coisas como “que agüente um pouco, eu também tenho direito a descansar!”. E, no ultimo caso citado, com pais muito perfeccionistas que consideram que um filho que não dorme a noite toda ou “se comporta mal” (segundo seus cânones) são vividos como erros próprios, inadmissíveis, pelo que tentarão passar a culpa à criança.

São erros, também, pensar que a necessidade de afeto e contato das crianças existem só de dia, e de noite é capricho só. O decidir que é o adulto quem estabelece como seu filho tem que dormir e, muito habitual pensar que todo o que a criança faz “é para manipular” aos pais. As crianças pedem o que necessitam, e utilizam o que tem ao seu alcance para nos fazer chegar a mensagem.

A saúde dos nossos filhos, em risco
Pois bem, quando deixamos chorar a uma pessoa, mais ainda um bebê ou criança (com toda nossa “boa intenção”; para “ajudá-la e ensiná-la a dormir”), entra em funcionamento na sua cabeça um dos sistemas mais antigos de alarme cerebral: o sistema HHA (hipotálamo-hipofisio-adrenal). Uma criança sozinha em um quarto escuro se sente ameaçada, desprotegida, pelo tanto, instintivamente em risco.

Quando nosso corpo se sente ameaçado e prepara para o pior, ou seja, fugir ou brigar. Com esse fim, nossa amígdala (parte do cérebro emocional) ativa a descarga de adrenalina e outros hormônios para provocar uma ativação geral do organismo (ótimo para antecipar a hora de dormir... –comentário irônico-). É como se você estivesse no quarto, para dormir, no escuro, tranqüilo... e de pronto escuta um barulho no corredor da sua casa, inesperado. Não ficara desvelado com os olhos abertos em alerta? Essa é a ativação do sistema HHA.

Esse fluxo hormonal invade o cérebro da criança, colapsando a amígdala. As crianças choram sem descanso até colapsar a amígdala. Como a natureza é sabia e o corpo não resistiria muito tempo em estado de shock assim, libera sustâncias de caráter opiáceo, como endorfinas e serotonina, que provocam uma decida no sistema de alarme do indivíduo. Daí que o normal é que, trás um tempo chorando (as vezes minutos, outras horas), o menino cai rendido, e dorme. Não se engane. Não é que o método para ele dormir seja eficiente, é que ele se autodrogou para não colapsar seu cérebro.

Por isso funciona melhor com crianças mais novas, porque quanto mais pequeno ele é, ele mais fácil se assusta.

Após sucessivas experiências assim, a criança aprende que ninguém vai atendê-la, que as suas necessidades não merecem atenção (baixa autoestima), e por isso muitos deles deixam de reclamar.

Aumenta o nível de cortisol, o hormônio do stress. Com a ativação excessiva e continuada se mantém altos níveis de cortisol, que podem ter um efeito tóxico cerebral, provocando perda neuronal e vômitos involuntários. Bom, é bom falar dos vômitos, pois alguns “expertos treinadores de crianças” dizem (de novo enfoque manipulador das crianças) que elas“podem até provocar seu vômito para chamar nossa atenção e fazer com que vamos atendê-las”.

Em segundo lugar, o fato de repetir esta liberação de hormônios excitantes em situações de estréss para a criança, produz uma redução na produçao normal de serotonina, e a sua amígdala fica desensibilizada para sempre, ficando alterada e fazendo a criança perder oportunidades de desenvolver a confiança, a autoestima e a empatia. Os baixos níveis de serotonina são indicadores de maiores níveis de violência em humanos, e esta relacionada com maiores tasas de suicídios, desordenes anti-sociais e outras condutas agressivas.

A criança, com estes métodos, conseguira dormir sozinha e sem reclamar, mas não pense que ele aprendeu a dormir, senão a se submeter e se autodrogar.

Seqüelas e efeitos negativos

O Psicohistoriador Lloyd de Mause explica que os traumas provocados pelo desamparo podem magoar severamente o hipocampo, matando neurônios e ativando uma desregulação duradoura da bioquímica cerebral. Entre as seqüelas mais importantes, que podem ser observadas em crianças, estão a ansiedade, depressão, indefensão apreendida, síndrome de estréss pós-traumático, transtornos do apego e alterações de comportamento tais como hiperatividade”.

A possibilidade de trauma é maior quando é outro indivíduo quem o provocou. As crianças têm um fator pior, pois são as mesmas figuras paternas que os submetem a isso, precisamente de quem elas esperam proteção e consolo. Como uma criança pode entender isso?

Como melhorar as noites?

Como recomendações para melhorar as noites, além de conhecer, compreender e acompanhar o desenvolvimento do sono nas crianças, ressaltam dois: aleitamento e “coleito” (dividir leito com bebê).

Do aleitamento já temos falado e falarei mais em outras ocasioes.

Enquanto à importância nas qualidades positivas do “coleito”, é importante pensar na comodidade de não ter que passar a noite toda deitando e levantando, caminhando pela casa até o quarto do bebê, amamentando ele sentada na poltrona, etc. Ele acorda, esta com você, amamenta ele, os dois dormem enquanto mama, ou depois disso. Também ajuda o bebê a sincronizar as fases de sono com as da mãe dele.

Sem falar da necessidade de contato permanente de uma cria mamífera com sua mãe. Já viu uma cadela com os seus filhotes? Uma gata? Uma coelha? Imagina as crias dormindo longe dela? Não seria um choro permanente reclamando a presença da mãe? Sem ir mais longe... Como dormia sua bisavô com seus filhos? Como dormem nas tribos? Isso de se separar das crias à hora de dormir é um invento moderno... Não é em absoluto natural, nem muito menos recomendável, pelo menos desde o ponto de vista do bebê.

Para coleitar de uma forma segura é preciso que nenhum dos pais seja obeso, nem fumante nem tenha bebido álcool. É recomendável escolher um colchão duro e dormir sem agasalhar demais o bebê, pois o calor do corpo a corpo com os pais é suficiente. E retire travesseiros, lençóis ou edredons que possam afogar o bebê durante a noite.

Bom descanso!

 
Elena de Regoyos para MamaÉ
Proibida a reprodução sem autorização
 
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miércoles, 20 de abril de 2011

Psicodrama gratuito para mães puérperas: “Em busca da tribo perdida”



Com o objetivo de me aprofundar nas emoções da alma feminina no seu devier mães, estou me formando como Psicodramatista. Agora, na metade do meu segundo ano de curso, tenho que começar trabalhar no meu projeto de conclusão de especialização, ou TCC.

Eu procuro mães de crianças de entre 0 e 2 anos que queiram e possam participar de uma vivência psicodramática em grupo, comigo como diretora.
Faríamos de uma à três sessões em total, de duas horas de duração. Em elas, a través de técnicas psicodramáticas, será pesquisado o tema:

SOLIDÃO DAS MÃES: REDES DE APOIO EM SUBSTITUIÇÃO DA 'TRIBO' PERDIDA

Meu objetivo é comprovar o efeito que os grupos de apoio à maternidade tem sobre às mães, inclusive os grupos de preparação ao parto, que já acompanham à futura mãe. Hoje em dia elas não contam mais com a “tribo” ou a aldeia de antigamente, uma vez que moramos longe da família e sem contato com a vizinhança, em apartamentos ou casas isoladas e sem participar de vida “em comunidade”.

As mães, que estão –ou se sentem- sozinhas com os seus filhos, cada vez tem mais opções de participarem em grupos de apoio ao aleitamento ou à maternidade. Eu pretendo comprovar o efeito que estas redes de apoio produzem nas mães puerperas. Quero saber se o fato de elas participarem de estas “tribos” substitutas da sociedade ocidental atual, proporciona a elas uma maior segurança e confiança no seu papel de mãe. Isto seria, principalmente, graças as experiências compartilhadas, às conversas em conjunto, à empatia do grupo, à compreensão e o apoio do grupo todo sem juízos de valor.


Dia: sábado, 7 de maio.
Horário: Das 9:30h às 11:30h
Local: Rua Menotti Arthur Grigol, n. 550 – Guará. Barao Geraldo (Campinas).
Quem gostasse de participar, de forma gratuita, pode contatar comigo a través do meu email ou telefones:

elenaderegoyos@gmail.com

(19) 9391-4134

(19) 3324-8364

Muito agradecida!!

lunes, 18 de abril de 2011

A la venta: cuentos pro lactancia y crianza con apego


¿Cómo entró la hermanita en tu barriga?

Elena de Regoyos / Daniela Magnabosco

¿Cómo entró la hermanita en tu barriga, mamá? ¿Cuándo va a salir? ¿Y cómo? ¿Podrá tomar teta, como yo? ¿Dónde va a dormir?

Todo un mundo de interrogantes antes la creciente barriga de mamá y lo que eso significa.

Yo también soy un mamífero

Elena de Regoyos / Ana Grasset

Con un simple vistazo al mundo animal observamos que gestan, paren, amamantan, protegen e, incluso, cargan a sus crías naturalmente. Así se lo indica su instinto, y así lo hacen.

Nosotros, humanos, tenemos la oportunidad de ejercer de mamíferos con nuestras crías. Es lo que somos. Es lo que ellas necesitan. ¡Hagámoslo!

jueves, 14 de abril de 2011

Oficina Slings Feira Gestante Iguatemi. Obrigada a todos por participarem!!



Obrigada a Lucía Caldeyro, doula e mestra, por me oferecer o Espaço Dar a Luz na Feira da gestante do Iguatemi, obrigada a todos/as os/as assistentes, obrigada Dani pela imensa força e obrigada pela colaboração geral.

Eu senti boas vibrações, empolgação, ilusão e muita oxitocina fluindo por lá...
Curtam os seus slings!!

martes, 12 de abril de 2011

Slings… nova moda ou beneficios reáis?

“Comportarmo-nos em contra da nossa natureza como espécies conduz inevitavelmente à perda de bem-estar”. Essa frase, aparentemente tão simples, da antropóloga americana Jean Liedloff, nos leva à seguinte pergunta: Por que quando um bebê chora duvidamos entre pegá-lo no colo, como nosso instinto nos indica, ou deixá-lo mais um pouco deitado no berço, para ele não se ‘mal-acostumar’ e pedir colo sempre que quiser? No final das contas não vai morrer nem vai acontecer nada com ele.


O ser humano é uma espécie que nasce imatura. À gestação de nove meses dentro da mãe biológica, segue outra extra-uterina de, pelo menos, mais outros nove meses, até ele aprender a se locomover por seus próprios meios, seja engatinhando ou já caminhando. Durante esse período a criança começa desenvolver o neo-cortex dela (que é a estrutura cerebral que vai permitir o desenvolvimento de funções intelectuais). Durante esse período, o bebê é puramente emocional, instintivo, sensorial. Para ele, não existem pensamentos raciones que lhe esclareçam o “por que estou sozinho” ou “agora é hora de dormir, por isso me deitaram no berço, mamãe esta no quarto ao lado”. Ele, simplesmente, sente o seguinte: “cadê minha mãe? Não a sinto perto, não sinto o seu cheiro, não posso tocá-la, nem vê-la, então estou em risco”.

Para nós, que usamos o intelecto, isso é um exagero. Para um bebê é, nem mais nem menos, a sua realidade. Assim é como ele se sente, e por isso chora apavorado, por isso nos reclama perto, em contato permanente. Como a própria Liedloff indica, os maiores especialistas em cuidados infantis são os bebês “programados durante milhões de anos de evolução para se comunicar mediante sons e ações quando o cuidado não é o adequado”, seguidos das suas mães, programadas para responder a esse chamado do filho. Se não escutamos nosso instinto, se não respondemos como ele precisa, esse mecanismo tão perfeito de interação mãe-filho, que fez com que a espécie humana sobrevivesse e chegasse onde ela está hoje, falha, e alguma coisa no desenvolvimento dessa criança deixa de funcionar como deveria, para sempre.


Compreendido este conceito, que é a base de tudo na hora de carregar nossos filhos no colo, vamos as dicas práticas. Por que e como carregar nosso filho? E porque fazê-lo em um sling?


 1- O contato físico permanente (dia e noite) faz com que a criança se sinta segura, protegida, cuidada e amada, favorecendo a confiança em ela mesma e, por tanto, a sua própria auto-estima.

2-  O fato de ela participar, no colo da mãe (pai ou qualquer outra pessoa que esteja cuidando da criança), da vida diária deles, proporciona os estímulos necessários que ela precisa. O bebê vê, cheira, ouve e participa do mundo desde o nível de visão da mãe mãe, e não deitado em um carrinho ou berço, olhando para o teto e vendo, ouvindo, cheirando e participando da vida “desde abaixo”, sem refúgio. O bebê carregado participa de perto da conversa da mãe com a mulher do caixa, vê a mercadoria da frutaria junto com a mãe, sente os interesses dela enquanto está em contato com o calor da sua pele, o batimento do seu coração e o balanceio do seu movimento. Além disso, se acontece um excesso de estímulo, conta com o refugio do colo para se acalmar ou descansar (e dormir) sempre que quiser, o que proporciona, de novo, a segurança que precisa.


3- 3-  Ele pode ser amamentado sempre que precisar ou quiser, como a OMS, a Sociedade Brasileira de Pediatria ou Unicef indicam, a través de um aleitamento materno sob livre demanda.

4-  Favorece o estabelecimento do vínculo mãe-filho, devido ao contato permanente entre eles e o melhor e rápido reconhecimento dos sinais que ele envia à mãe.


5-  Carregar o bebê em uma posição correta (não com os cangurus tradicionais, senão com slings ou cangurus ergonômicos adequados) favorece o desenvolvimento do seu quadril e as suas costas, sendo especialmente indicado em crianças com displasia de quadril.



6-  Tanto os estudos sobre diferentes sociedades que carregam os bebês em slings, assim como os estudos sobre o “método canguru” com bebês nascidos prematuros mantidos em contato permanente pele a pele com a mãe ou pai, constatam que estes se mostram mais contentes e choram menos, dormem mais e melhor, não sofrem cólicas, ganham peso com maior rapidez (o aleitamento materno é instaurado com sucesso), mantém constantes a temperatura corporal, o ritmo respiratório, os batimentos cardíacos e a diminui a mortalidade de prematuros de um 70% a um 30%.


7-  A mãe ou pai pode fazer outras tarefas como cozinhar, comer ou cuidar de outro filho, enquanto carrega o bebê, graças ao fato do sling manter as suas mãos livres, outorgando à ela uma maior qualidade de vida e conforto.

8-  Ao carregar-se o bebê em um sling na posição adequada, as suas costas não se ressentem, e sim se fortalecem acompanhando o aumento de peso da criança, já que a carga esta homogeneamente distribuída, não sobrecarregando as costas como acontece com slings não ergonômicos (os cangurus do mercado tradicional) ou carregando diretamente no colo.

Nao vale tudo nem de qualquer jeito, a posiçao é importante!!

Somos carregadores primatas, o nosso corpo está anatomicamente concebido para carregar nossas crias, e elas respondem colocando-se na posição adequada quando as pegamos no colo. Quanto menores são, mais instintivamente respondem para ser pegos na posição adequada:

-Com as pernas abertas em 90º,

-Os joelhos em um nível um pouco mais alto que as nádegas,

-As canelas penduradas livremente e

-As costas levemente curvadas.


Não é possível manter essa posição fisiológica com o bebê “olhando para frente” no sling.



Além de ser contra-indiciado para as suas costas, a posição impede que possa se dormir no sling e não proporciona o refúgio necessário do corpo do adulto perante uma sobre-estimulação ou um susto. Com um sling adequado você pode carregar seu filho desde o mesmo dia em que nasce até os 4-5 anos ou mais.



Mais informações:



-Comprou... e agora quê? Cuidados e dicas básicas para usar corretamente um wrap elástico



Elena de Regoyos
(19) 9391 4134

lunes, 11 de abril de 2011

O puerpério e as falsas expectativas da mulher grávida


“O ponto de partida é o parto, quer dizer, a primeira grande desestruturação emocional”. Nem mais nem menos. As palavras da psicóloga argentina Laura Gutman são demolidoras, mas também necessárias para compreender esse lugar tabu na emocionalidade de uma mulher, que é o seu puerpério, não importa que seja do primeiro, segundo ou quinto filho.

Resulta praticamente impensável que uma mãe não se sinta sozinha em uma sociedade onde “puerpério” é entendido só como os primeiros 40 dias após o parto ou, no melhor dos casos, as escassas semanas que o governo outorga de licença-maternidade à mãe. Uma sociedade que entende a palavra puerpério como “um período de recuperação física depois do parto”. Uma sociedade que não leva em conta a fragilidade emocional de uma mulher que, infelizmente com muita freqüência, entra no caminho da maternidade através de um parto que a afasta dela mesma, tendo sido só platéia em lugar de atriz principal na hora de trazer seu filho ao mundo, tendo sido um fantoche mexido por uma equipe médica que só pedia para ela não perturbar o “seu” trabalho.

Para uma mulher que vive isso, que é fragilizada desse jeito na hora de virar mãe, “infantilizada” como a própria Gutman descreve, é difícil que se sinta capaz de confiar nas suas próprias capacidades como mãe, porque já perdeu grande parte da confiança que poderia ter nela mesma.


Chega em casa e a avó opina, a sogra opina, a amiga que já teve filhos opina, a enfermeira na revisão opina, a apresentadora da TV opina, até a vizinha opina. A mãe, que se encontra com a sua própria realidade física e emocional em plena reestruturação, recebe opiniões de todos, mas conforto real de ninguém. Ela sente-se criticada positiva ou negativamente em tudo o que faz como mãe, mas ninguém lhe dá esse abraço que ela está precisando, ninguém oferece uma ajuda prática para estender as suas roupas no varal, por exemplo, para que ela possa fazer o que quer, o que deve, o que todo o seu ser pede para fazer: simplesmente cuidar do seu bebê.

É, ou deveria ser, tão simples quanto se deixar levar pelo instinto. Como a antropóloga americana Jean Liedloff explica no seu livro “The Continuum Concept”: “Não é competência da faculdade intelectual decidir como se deve tratar um bebê. Muito antes de nos convertermos em algo parecido como o Homo Sapiens, já tínhamos uns instintos completamente precisos, especialistas em cada detalhe da criação dos filhos. Mas hoje temos conspirado para confundir esse antiqüíssimo conhecimento.”
Essa mulher, que brincava com bonecas quando criança, passou nove meses idealizando o que seria ter um bebê no colo, com cheirinho de produto infantil, beijá-lo enquanto dorme com a cabecinha apoiada no ombro dela, dar um banho e passar hidratante olhando o seu sorriso, dar de mamar enquanto lê um livro, sair a passeio e, à noite, deixá-lo adormecido no berço azul céu do quarto, para assim ela ir se aconchegar com o marido no sofá assistindo aquele seriado do que eles tanto gostam.

A mulher real, a que não brinca mais com bonecas e sim cuida de um filho, pedaço do seu ser, comprova que a realidade é que o bebê quer mamar o dia todo (o que é muito bom para garantir um bom aleitamento e a adequada produção de leite da mãe), chora e ela nem sempre consegue acalmá-lo, reage como se o berço tivesse espinhos e regurgita permanentemente sujando roupa, mãe e sofá. E a mãe se preocupa, não sabe se é normal, não confia no seu instinto, não tem referências porque também ela não participou de “tribo” nenhuma, nem cuidou de filhos de vizinhas nem conviveu com a irmã ou prima que já teve filhos. Sente-se sozinha e insegura.

Cadê a mulher que eu já fui?
E assim é que essa mulher que lidava com chefe e colegas, que armava um esquema com amigos em questão de minutos, que curtia uma viagem de relax com o marido na praia, não é mais nada disso, e sente-se reduzida a uns peitos que alimentam física e emocionalmente um ser que reclama atenção e cuidados intensos e constantes. Ela se vê transformada em uma mulher que perdeu a conta dos dias que faz que teria que ter ido à depilação, que mal consegue fazer uma refeição inteira, que não pode tomar um banho sem a angústia de sair rapidamente para atender o bebê que chora lá do outro lado do vidro e cuja máxima ambição é conseguir dormir algumas horas seguidas.

“O que está errado?”. Ela se pergunta com sentimento de culpa: “Ser mãe não é maravilhoso? Não deveria me sentir flutuando em uma bolha de felicidade com este meu filho que tanto quis ter?” Pois é. Assim que é e assim que pode ser. Mas para isso a mãe precisa de muita conexão com ela mesma, de muita aceitação da pessoa em que ela se transformou, de muita preparação emocional, de apoio, de amor, de compreensão e coragem por parte dela mesma e de quem pretendam assistí-la. Porque ela virou um ser frágil igual ao bebê e tem que aceitar que merece tantos cuidados quanto ele, para assim poder atendê-lo como merece. Se ela é cuidada, ela poderá cuidar.

E, aceitando que esse é seu momento agora, poderá realmente virar mãe, se esquecendo do ritmo frenético da sociedade da qual veio e à qual, com certeza, voltará quando sair do seu puerpério; mergulhando nos ritmos e na anarquia espaço-temporal do bebê; se deixando inundar de um mundo dirigido por emoções, que é o mundo do bebê, onde não cabe a razão.

Minha mãe sempre me disse que “a maternidade é um caminho muito solitário” e eu realmente acredito que, hoje em dia, esse é um sentimento comum a todas as mães, em maior ou menor medida. Mas também acredito que a maternidade não deveria ser um caminho solitário, como realmente é, e é daí que vêm muitas das depressões puerperais. Uma pessoa que tem que cuidar as 24 horas do dia, os 7 dias da semana, de uma criatura, não pode estar sozinha. Não deve estar sozinha. Na sociedade de hoje em dia, porém, ela está. Já não tem mais a tribo, já não tem mais a comunidade de antigamente.

Reinventando a "tribo" perdida
Moramos longe da família, em apartamentos ou casas isoladas, mal conhecemos os vizinhos. E a mãe está realmente ilhada, precisando dessa “tribo” que a acolha, a ajude e a compreenda; dessa comunidade com a qual possa dividir a intensa e maravilhosa tarefa de criar os filhos, não só seus, senão da “tribo” inteira, como diz o velho ditado:

“Para criar um filho é preciso da tribo inteira”.
Essa “tribo” hoje não existe mais na nossa sociedade. Talvez nas populações com menor poder aquisitivo, por sorte para elas, exista ainda um pouco dessa comunidade que ajuda a mãe a criar seus filhos. A partir dessa carência de “tribo” é que o papel do marido toma uma relevância gigantesca. Não para trocar fraldas, não (também...), senão para agir como sustentador emocional da sustentadora principal da criança que, gostemos ou não, é a mãe, principalmente durante os primeiros dois anos, até o pequeno aprender a diferenciar o “eu” do “você”, e começar, então, a se sentir uma pessoa distinta da mãe. Até então, eles dois estão fusionados de tal forma que o que um deles sente, o sente o outro também.

Uma mãe puerpera, entendendo o puerpério como, no mínimo, os primeiros dois anos de relação mãe-bebê, precisa de alguém que a sustente porque todas as energias dela estão colocadas na criança. E é assim, sabendo-se protegida e cuidada, e tendo a coragem de se submergir na voragem emocional que a maternidade trouxe com ela, que ela pode, finalmente, desfrutar da maternidade e vivê-la como merece. Senão, passará o tempo todo se cobrando não ser a mesma de antes, mas com um bebê-boneco no carrinho. Ela precisa compreender que já não é mais a mesma de antes, precisa se amar no seu novo papel, o papel de mãe, mas não aquele papel de mãe com o qual ela fantasiou desde criança e mais ainda durante a gravidez, pressionada por uma sociedade pouco ou nada respeitosa dos ritmos puerperais, senão a mãe que ela é realmente, com tudo o que ela pode aportar ao seu filho real. Ela precisa confiar nos seus instintos de mulher, que a fizeram mãe, e para isso não pode estar sozinha, não pode se sentir sozinha.

O marido é vital, mas senão -ou também- uma doula pode fazer esse papel de sustendadora-apoiadora da nova mãe. Sem dúvida é uma figura que está surgindo com força, não só no momento do parto, mas antes e depois dele, porque é uma figura que as mulheres estão precisando mesmo, por causa dessa solidão.

Cada vez tem mais grupos de apoio à maternidade que suprem a “tribo” perdida; às vezes, formam-se como extensão do grupo de preparação ao parto, mas já das mães com os seus filhos. Nesses grupos, a nova mãe sente-se compreendida e acompanhada, vê que não é a única, que as outras estão passando pela mesma situação e, juntas, podem desfrutar, falar, escutar, chorar, gritar, rir, se observar e brincar.

Marido, doula, grupo de apoio, todos eles são bem vindos “desde que sejam pessoas amorosas e sábias as quais a nova mãe possa delegar o máximo possível das preocupações do mundo material”, explica a Gutman, cuja definição do puerpério, exposta no seu livro “Puerperios y otras exploraciones del alma femenina” eu acho acertadíssima:

“O puerpério é uma abertura da alma. Um abismo. Se estivermos dispostas a mergulhar nas águas do nosso eu desconhecido.

O choro da mãe, o desconcerto, a dor ou a angústia durante o puerpério são simplesmente sinais que nos indicam uma virada nas nossas vidas, já que estaremos obrigadas a mudar radicalmente nossa forma de pensar, de sentir, de ser e de amar para nos vincular com um bebê recém nascido que sente, ama e percebe em outra dimensão”.

É, portanto, um período de sombras que emergem incontroladas revivendo, agora como mães, o que já vivemos como filhas, principalmente o que nossa razão tinha reprimido. É um momento de reencontro com nós mesmas através do nosso filho, de esquecer o ritmo voraz da sociedade que nos quer de volta para si tal e como éramos antes de virar mães, uma sociedade que não compreende, nem aceita, que possamos ficar dançando uma velha melodia com nosso bebê no colo, sem nos importarmos com a moda fashion, nem com aquele “happy hour” das sextas feiras com os amigos, até nem mesmo com o sexo com o marido, porque nada disso tem espaço na nossa nova vida de mães puerperas. E vai voltar... Mas não agora.

“Me respeite tal como eu sinto a minha maternidade, me aceite com as minhas novas emoções. Me acolha, por favor”. É o que grita por dentro ao mundo inteiro uma nova mãe com seu bebê no colo. Então, respeitemo-la, aceitemo-la, acolhamo-la.