Essa obsissão de hiperestimular os nossos filhos combina muito bem com essa outra obsissão de carregar eles "para a frente". Hiperestímulo. Desnecessário. Prejudicial.
Venho postando últimamente fotos de bebês carregados em diferentes tipos de porta bebês ou carregadores olhando para a frente, "só que não esticados". Tudo bem, já tenho falado das posições erradas em outros posts, mas vamos insistir nesta posição que parece inofensiva, mas não o é.
Tenho lido em blogs de instrutoras de babywearing coisas que fariam perder a credibilidade de qualquer instrutora formada: que podemos carregar o nosso bebê virado para a frente ou para nós, como ele preferir, porque com as pernas encolhidinhas a coluna dele está protegida.
Só que não.
1- A posição indicada e recomendada por organismos internacionais -como o Instituto Internacional de Displasia de Quadril, ou o presidente da Federação Alemã de Pediatria- para carregar os nossos bebês desde o primeiro dia (com mais motivo ainda nos primeiros dias-semanas-meses), é a posição "de sapinho":
-Na posição de sapinho, o bebê vai acocorado, com os joelhos mais altos que o bumbum, o sling segurando o peso dele desde atrás de um joelho até atrás do outro joelho (coxa-bumbum-coxa), deixando as canelinhas livres. O peso, portanto, é carregado pelo bumbum principalmente, o que resulta confortavel e nãoforça nenhuma articulação, estando a estrutura quadril-fêmur bem encaixada, na forma em que fisiolôgicamente se promove esse encaixe quando há luxação ou displasia. na forma em que os proprios bebês retraem as coxas naturalmente durante os primeiros meses.
-A coluna dele fica curvada em forma de C, que é a forma natural de um bebê nos primeiros meses. Conforme ele fôr segurando o pescoço vai ir formando a curva cervical, e depois, ao caminhar, vai se formando a curva lombar.
-O bebê tem as áreas do corpo mais vulneráveis e delicadas, como o abdomen e o rosto, protegidas com o nosso corpo, sejam eles carregados na nossa frente, no quadril ou nas costas.
-Se o bebê ficar cansado, assustado, hiperestimulado ou se ele simplesmente quiser trocar um olhar com nós, porque isso lhe da segurança, pode fazê-lo, ou apoiar o rostinho no nosso peito, cochilar, se esconder ou descansar. Ele precisa desse contato, desse olho no olho, desse descanso confortavel.
-Por estar ele bem encaixadinho no nosso corpo, o nosso centro de gravidade práticamente não se modifica, o que faz com que carregar o nosso filho seja confortavel e não force e nem machuque a nossa coluna.
2- Na posição "de budinha", mesmo o bebê não estando esticado -o que pelo menos temos todos assumido que não é bom!- continua não sendo adequado pelo seguinte:
-As articulações estão forçadas, com as pernas flexionadas já de forma não fisiológica, levemente -ou excessivamente- abertas tipo "borboleta", o que já faz uma rotação na articulação quadril-fêmur não fisiolôgica como postura de descanso. Ao ter o tecido cobrindo todo o corpinho dele, encolhidinho nessa posição, resultan forçadas, também, as articulações do joelho e tornozelo. O peso do bebê não está apenas no bumbum, senão em todas as extremidades inferiores flexionadas de forma indevida.
-A coluna dele pode ficar bem entortada, pois ele não tem forças para se segurar na posição adequada que ele precisa, e também não tem o apoio frontal do nosso corpo para lhe servir de "masto". Pode trazer lesões de coluna.
-O bebê tem as áreas do corpo mais vulneráveis e delicadas, como o abdomen e o rosto, completamente expostos, desprotegidos, sem o nosso calor lhe ajudando a fazer digestões, sem o nosso corpo lhe servindo de proteção para golpes ou acidentes.
-Se o bebê ficar cansado, assustado, estressado ou hiperestimulado, só lhe resta deixar a cabeça cair para a frente, e cochilar como puder, com o que isso tem de, além de desconfortavel, arriscado por poder fechar as vías respiratórias. A cabeça de um bebê jamais deve ficar caida para a frente, com o queixo voltado para o peito, pois pode fechar as vías respiratorias. Carregando ele na posição de budinha, olhando para a frente, isso pode acontecer.
-E se ele simplesmente quiser trocar um olhar com nós, porque isso lhe da segurança, não tem como. Está completamente exposto aos estímulos sem filtro, sem nosso olhar tranquilizador, sem a referência do nosso corpo na frente dele.
-Por estar ele completamente desencaixado do nosso corpo, o nosso centro de gravidade fica completamente deslocado, o que nos obriga a curvar a coluna para trás, gerando desconforto, dor e até lesões.
-Ao mesmo tempo, por causa deste último ponto explicado, o bebê "ocupa" mais na nossa frente, limitando mais o nosso campo de visão, o que pode nos levar a tropeçar ou esbarrar, e cair, com ele na nossa frente, olhando para a frente.
BABYWEARING IN THE WORLD
Nenhuma cultura ao longo do mundo, dentre as que não tem perdido a tradição de carregar os filhos encima, carrega os seus filhos olhando para a frente, nem esticados e nem encolhidos. A gente está reaprendendo o que a nossa cultura perdeu. Se todas elas, ao redor do mundo, o fazem de uma determinada forma... Será que nós devemos ignorá-lo e andar inventando modas?
ALTERNATIVAS, NO QUADRIL OU NAS COSTAS:
Existem alternativas para quando o nosso bebê começa ficar querendo ver tudo. Podemos carregá-los no quadril em um sling de argolas, um wrap sling ou um mei tai, por exemplo. Dessa forma ele tem um campo de visão muito mais amplo, sem perder nem a posição adequada e nem a possibilidade ed cochilar apoiando o rostinho em nós, ou trocar um olhar. Outra opção seria levá-lo nas costas. Tem amarrações altas que permitem o bebê ou criança ir olhando tudo por cima do nosso hombro
Mais informação sobre portabebês:
-Usos errados, prejudiciais e perigosos do sling ou portabebê
-Lição de babywearing nas costas, desde Uganda, em estado puro
-Exterogestação. O bebê, emocional e fisiológicamente feito para ser carregado
-Diferentes amarrações com o wrap sling: explicação e vídeos ilustrativos
-Comprou... e agora quê? Cuidados e dicas básicas para o adequado uso do wrap sling elástico
-Comparação entre os cangurus tradicionais e os slings ou cangurus ergonômicos
-Sling elástico Sleepy Wrap: características, uso e videos ilustrativos
-Slings… nova moda ou beneficios reáis?
Venho postando últimamente fotos de bebês carregados em diferentes tipos de porta bebês ou carregadores olhando para a frente, "só que não esticados". Tudo bem, já tenho falado das posições erradas em outros posts, mas vamos insistir nesta posição que parece inofensiva, mas não o é.
Tenho lido em blogs de instrutoras de babywearing coisas que fariam perder a credibilidade de qualquer instrutora formada: que podemos carregar o nosso bebê virado para a frente ou para nós, como ele preferir, porque com as pernas encolhidinhas a coluna dele está protegida.
Só que não.
1- A posição indicada e recomendada por organismos internacionais -como o Instituto Internacional de Displasia de Quadril, ou o presidente da Federação Alemã de Pediatria- para carregar os nossos bebês desde o primeiro dia (com mais motivo ainda nos primeiros dias-semanas-meses), é a posição "de sapinho":
POSIÇÃO "DE SAPINHO" |
-Na posição de sapinho, o bebê vai acocorado, com os joelhos mais altos que o bumbum, o sling segurando o peso dele desde atrás de um joelho até atrás do outro joelho (coxa-bumbum-coxa), deixando as canelinhas livres. O peso, portanto, é carregado pelo bumbum principalmente, o que resulta confortavel e nãoforça nenhuma articulação, estando a estrutura quadril-fêmur bem encaixada, na forma em que fisiolôgicamente se promove esse encaixe quando há luxação ou displasia. na forma em que os proprios bebês retraem as coxas naturalmente durante os primeiros meses.
-A coluna dele fica curvada em forma de C, que é a forma natural de um bebê nos primeiros meses. Conforme ele fôr segurando o pescoço vai ir formando a curva cervical, e depois, ao caminhar, vai se formando a curva lombar.
-O bebê tem as áreas do corpo mais vulneráveis e delicadas, como o abdomen e o rosto, protegidas com o nosso corpo, sejam eles carregados na nossa frente, no quadril ou nas costas.
-Se o bebê ficar cansado, assustado, hiperestimulado ou se ele simplesmente quiser trocar um olhar com nós, porque isso lhe da segurança, pode fazê-lo, ou apoiar o rostinho no nosso peito, cochilar, se esconder ou descansar. Ele precisa desse contato, desse olho no olho, desse descanso confortavel.
-Por estar ele bem encaixadinho no nosso corpo, o nosso centro de gravidade práticamente não se modifica, o que faz com que carregar o nosso filho seja confortavel e não force e nem machuque a nossa coluna.
2- Na posição "de budinha", mesmo o bebê não estando esticado -o que pelo menos temos todos assumido que não é bom!- continua não sendo adequado pelo seguinte:
POSIÇÃO "DE BUDINHA" |
-A coluna dele pode ficar bem entortada, pois ele não tem forças para se segurar na posição adequada que ele precisa, e também não tem o apoio frontal do nosso corpo para lhe servir de "masto". Pode trazer lesões de coluna.
-O bebê tem as áreas do corpo mais vulneráveis e delicadas, como o abdomen e o rosto, completamente expostos, desprotegidos, sem o nosso calor lhe ajudando a fazer digestões, sem o nosso corpo lhe servindo de proteção para golpes ou acidentes.
-E se ele simplesmente quiser trocar um olhar com nós, porque isso lhe da segurança, não tem como. Está completamente exposto aos estímulos sem filtro, sem nosso olhar tranquilizador, sem a referência do nosso corpo na frente dele.
-Por estar ele completamente desencaixado do nosso corpo, o nosso centro de gravidade fica completamente deslocado, o que nos obriga a curvar a coluna para trás, gerando desconforto, dor e até lesões.
-Ao mesmo tempo, por causa deste último ponto explicado, o bebê "ocupa" mais na nossa frente, limitando mais o nosso campo de visão, o que pode nos levar a tropeçar ou esbarrar, e cair, com ele na nossa frente, olhando para a frente.
BABYWEARING IN THE WORLD
Nenhuma cultura ao longo do mundo, dentre as que não tem perdido a tradição de carregar os filhos encima, carrega os seus filhos olhando para a frente, nem esticados e nem encolhidos. A gente está reaprendendo o que a nossa cultura perdeu. Se todas elas, ao redor do mundo, o fazem de uma determinada forma... Será que nós devemos ignorá-lo e andar inventando modas?
ALTERNATIVAS, NO QUADRIL OU NAS COSTAS:
Existem alternativas para quando o nosso bebê começa ficar querendo ver tudo. Podemos carregá-los no quadril em um sling de argolas, um wrap sling ou um mei tai, por exemplo. Dessa forma ele tem um campo de visão muito mais amplo, sem perder nem a posição adequada e nem a possibilidade ed cochilar apoiando o rostinho em nós, ou trocar um olhar. Outra opção seria levá-lo nas costas. Tem amarrações altas que permitem o bebê ou criança ir olhando tudo por cima do nosso hombro
Texto de Elena de Regoyos para MAMAÉ ME MIMA
Se quer compartilhar, cita autor e link original
Mais informação sobre portabebês:
-Usos errados, prejudiciais e perigosos do sling ou portabebê
-Lição de babywearing nas costas, desde Uganda, em estado puro
-Exterogestação. O bebê, emocional e fisiológicamente feito para ser carregado
-Diferentes amarrações com o wrap sling: explicação e vídeos ilustrativos
-Comprou... e agora quê? Cuidados e dicas básicas para o adequado uso do wrap sling elástico
-Comparação entre os cangurus tradicionais e os slings ou cangurus ergonômicos
-Sling elástico Sleepy Wrap: características, uso e videos ilustrativos
-Slings… nova moda ou beneficios reáis?