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lunes, 15 de abril de 2013

O "enxoval consciente" é intangivel e parte do coração

Quem já foi mãe sabe o quão inúteis são às vezes muitos dos componentes do enxoval de bebê -que quando os adquirimos ou ganhamos tinhamos considerado indispensáveis-, assim como brinquedinhos, sabonetes, perfumes ou enfeites. Nem falar em chupetas, mamadeiras e outros utensílios que muitas de nós não pensamos utilizar e que a priori em nada beneficiam ao vínculo entre mãe e bebê.

Gestar, parir e receber um filho é um acontecimento único, e como tal gostamos de presentear a mãe e o bebê com algum objeto ou lembrança especial que honre o que está acontecendo entre eles dois. Mas é dificil escolher. Presenteamos com carinho, queremos oferecer algo que seja prático e ao mesmo tempo lhes transmita o nosso carinho. A propaganda de utensílios para mãe e/ou bebê é tão vasta que nos perdemos entre tantas possibilidades, tantas necessidades deste "novo casal" (nesta caso "casal" = "mãe" + "bebê").

Do que realmente precisa uma mãe

Para mim o principal, do que mais eles precisam, é de apoio, de intimidade e de tempo para eles dois (mãe + filho), e para eles três (mãe + filho + pai), para gerar vínculo, pois o principal, o realmente fundamental, eles já tem: colo e peito para nutrir física e emocionalmente o bebê no periodo da exterogestação.

Podemos presentear com tempo de várias formas:

-Cozinhando para a nova mãe, ou pagando para eles algun dia de "cozinha a domicílio" (tem pessoas que vão na sua casa e cozinham saudavel para você, deixando todo recolhido depois!). Se juntando vários amigos do casal, podem lhes dar uns bons dias de "livre de cozinhar".

-Mesma coisa com a limpeza da casa ou faxina. Não parece o presente mais "bonito", mas garanto que se o casal não tem quem faça isso por eles, vão agradecer.

-Ajudando com o filho mais velho, se é o caso.

"Chá de parto"

Uma amiga recebeu, como presente de nascimento da terceira filha, um "parto em casa". Isso mesmo. Eles queriam parir em casa, mas não tinham como pagá-lo. Então família e amigos fizeram uma vaquinha para lhes dar, sem dúvida, o melhor e mais especial presente que essa família podia ter desejado. Pariram em casa lindamente, com as duas filhas mais velhas "doulando" a mãe. Eles não queriam berço (não usavam, iriam compartilhar cama com a bebê); nem carrinho, pois morando em um 4º andar sem elevador, o mais prático mesmo iria ser o wrap sling que tinham ganhado do grupo de mães que frequentavam. Roupinhas iriam herdar das irmãs mais velhas quase tudo... De pouco mais a bebê ia precisar, tendo à mãe perto e disponivel para carregá-la e nutrí-la física e emocionalmente. O presente do parto foi, sem dúvida, o mais acertado.

Que tal, então, fazer um "chá de parto" em lugar do tradicional "chá de fraldas"? Principalmente porque também tem cada vez mais casais voltando às fraldas de pano ;)

Que tal uma doula?

Ilustração da Anne Pires
Em alguns casos vem mães querendo comprar um sling para uma amiga grávida, mas não sabem qual ela irá preferir. O que recomendo, nesses casos, é fazermos um voucher pelo sling que ela escolher, ou melhor ainda: voucher de uma oficina de babywearing. Daí a mãe se informa, experimenta e vê se ela quer praticar esse contato com o filhote e de que forma prefere fazê-lo. Frequentemente estas mães acabam entrando também em outras questões relativas à amamentação, cuidados e sono do bebê, sentimentos dela como mãe e dúvidas da criação em geral.

O que me leva a pensar que outro belo presente seria "uma doula". Tanto para o parto quanto para o puerperio, o apoio e a presença de uma doula, acompanhando e informando esse casal, pode fazer uma grande differença na vivencia de pater-maternidade da nova família.

A doula ajuda ao casal se empoderar, a acreditar no poder da mulher para gerar, gestar, parir e criar o filho quando social ou culturalmente pode haver dúvidas ao respeito. Oferece informações reais sobre o periodo de gestação, parto e puerperio. Lhes mostra caminhos para eles se conectarem com que eles são e querem ser como pais, fazendo assim com que escolham o proprio caminho de forma consciente. Ajuda o pai a achar, desempenhar e valorizar o importantissimo papel dele como "apoiador" principal da mulher e da família em um período em que ela vai estar quase 100% voltada para o filho.

No parto, a doula pode acariciar, masageiar, olhar, molhar, alimentar, limpar, rezar, cantar e servir às necessidades que a mãe tenha. Ao mesmo tempo, oferece ao pai as indicações que ele precise para ser o suporte principal da mulher nesse momento. Vela pelos desejos do casal nessa hora, deixando eles se concentrarem no momento único e sagrado em que estão.

Depois, durante o puerperio, ajuda na amamentação e nos cuidados com o bebê. Se mostra receptiva às dúvidas ou difficuldades da mãe ou do casal com o novo serzinho, e de novo lhes oferece informação real, sem interferir no vínculo entre eles nem julgar os pais.

Acolhe à mãe neste periodo intenso emocionalmente que é o puerperio. Continua acariciando, abraçando, olhando e servindo às necessidades da mãe, que por sua vez atende às do bebê. Lhes ajuda a mergulhar nas necessidades, vontades e desejos deles como pais, sempre desde o respeito à criança, para assim eles caminharem conscientes por este longo caminho que é ser pais, acertando e errando naturalmente. Aprendendo sem se sentirem julgados.

Escolha o seu presente desde o coração

Presenteando com "um parto", com "uma doula", com um curso ou oficina (de shantala, de babywearing, de amamentação, de puerpêrio...)... Você estará dando um presente intangivel, que não se pendura na parede nem se vê nas fotos do enxoval do bebê, mas que perdudará a vida toda no coração dos pais e, sem dúvida alguma, também do filho.

Elena de Regoyos para MamaÉ
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