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lunes, 5 de marzo de 2012

O imenso mundo da sexualidade feminina: Sexo, gravidez, parto e amamentação

Ontem eu passei por e-mail ao meu marido um artigo da cada vez mais querida e admirada parteira, Ana Cristina Duarte, sobre as razões para querer dar à luz. A clareza com que esta mulher escreve é ​​fantástica, ela não tem medo de usar as palavras certas nem de chamar as coisas pelo seu nome, dizendo coisas como:

“"PORQUE PARIR????????

Se o meu marido me perguntasse isso, eu diria…

Porque esse é o meu último filho e eu preciso experimentar o que o meu corpo pode. Quero sentir meu filho passando através da minha bacia, abrindo meus ossos, fazendo-os quase quebrarem pela força dele dentro de mim. Quero sentir meu filho descendo e encaixando a cabeça nas minhas entranhas, milímetro a milímetro, como se estivéssemos dançando um tango emocionante, em que cada passo fosse totalmente calculado para um resultado perfeito. Quero sentir minhas mucosas cedendo espaço e esquentando a cada contração, quero sentir meu filho saindo pelo mesmo lugar por onde entrou. [...]

Quero sentir meu útero se contraindo com força, porque sou mulher e me sinto muito orgulhosa de poder gerar, gestar, parir e alimentar uma criança. [...] Quero que meu filho sinta cada uma dessas contrações como se fosse um abraço forte que dou nele, como se Deus pessoalmente o estivesse embalando.”

Quando à noite eu perguntei ao meu marido se ele havia lido, ele disse que sim, e acrescentou outro comentário: "vocês falam do parto de uma maneira... como se fosse algo sexual, né?"Como que “como se fosse”? O que quer dizer "como se fosse"? Definitivamente grande parte da sociedade ainda pensa que "vida sexual" se limita a fazer amor / transar, masturbação, sexo oral ... e é isso. Bom, e se houver orgasmo melhor.

Existe alguma coisa mais sexual do que dar à luz a seu próprio filho? Deixá-lo passar pelo seu colo do útero e abraçá-lo com a sua vagina, enquanto uma força incontrolável, regida pelo seu aparelho sexual feminino, lhe empurra para a vida lá de fora? Existe alguma coisa mais sexual do que colocá-lo sobre o seu peito e ver como ele se aproxima dele, o cheira, lambe e se alimenta através dele? Realmente a sociedade é tão "machocentrista", acreditando que se não houver pinto, não há sexo? Por acaso já ouviram falar de partos orgásmicos?

Esse comentário me deu pé para falar ao meu marido -mais uma vez- que a vida sexual feminina é muito mais extensa, complexa e variada do que isso. Que o sexo (entendido como relação sexual) é uma parte maravilhosa da sexualidade das mulheres, mas que também o é gestar um bebê em seu ventre, parí-lo vaginalmente e amamentá-lo. Em todos esses atos estão presentes praticamente os mesmos hormônios, comandadas pela rainha, a oxitocina, o "hormônio do amor", que flui pelo corpo da mulher durante um orgasmo, assim como durante o parto (ela é a que provoca contrações uterinas que fazem o útero se contrair para, finalmente, gerar o reflexo de ejeção que “empurra” ao bebê fora do ventre de sua mãe) e também em cada mamada do bebê no peito da mãe (ela faz com que o leite flua fora do seio quando o bebê suga dele, e consegue que em muitas mulheres isso aconteça em forma de intensos jatos).

A sexualidade de uma mulher passa por momentos distintos ao longo de sua vida. Há momentos de grande desejo sexual, de libido alta e grande atividade, ou pelo menos vontade dela. E há momentos em que a sensação sexual muda, porque o nosso corpo –e a nossa mente- estam em outro momento da sua propria sexualidade, vestidos de outras roupas, sem por isso deixar de ser parte da vida sexual.

Quando uma mulher dá à luz o seu filho está vivendo um dos momentos mais intensos, sem dúvida, sexualmente de toda a sua vida (se não lhes impedem de vivenciá-los plenamente com drogas, estimulantes químicos para o parto, invasões da sua privacidade e analgesias). Incontáveis ​​terminações nervosas são ativadas com a passagem do bebê através das entranhas da mulher, tocando e estimulando pontos muitas vezes impossíveis durante uma “simples penetração”, e de uma intensidade multiplicada por... mil? A descarga hormonal nesse momento é tão intensa que a mulher se sente como em um outro planeta, com praticamente nenhuma consciência espaço-temporal (novamente, se não for impedida de se adentrar nessa outra consciência durante o parto).

Quando uma mulher durante os primeiros meses ou anos de seu filho o nina no seu colo, o amamenta, cheira e toca... Ela também encontra-se numa experiência que faz parte da sexualidade feminina. É uma mãe puérpera que na maioria dos casos não se sente a necessidade de sexo (com parceiros) como antes. A libido está fraca nela, agora ela não precisa desse tipo de sexo, porque sente-se completa em outro sentido, porque ela está vivendo outra face da sua sexualidade, vinculada a sua maternidade.

Seu corpo libera oxitocina cada vez que ela amamenta seu filho, e cada vez quela o sente perto de si, o cheira, o ouve ou mesmo só de pensar nele (a maioria das mães que amamentam sentem como os seus peitos começam jorrar leite quando ouvem um bebê chorar, ou lembram do seu pequeno, o que acontece graças a oxitocina liberada nessa hora).

Como a psicóloga argentina Laura Gutman diz:

"Sabemos que o corpo leva tempo para se reajustar depois da gravidez e do parto... Mas supomos que tudo em breve “voltará ser como antes". A maior surpresa irrompe quando o desejo sexual não aparece como estávamos acostumadas. Nos sentimos culpadas, especialmente quando o obstetra nos dá "permissão" para retomar as relações sexuais para o deleite do nosso parceiro que com cara de satisfação pisca um olho para nós sussurrando "agora você já não tem desculpas."

Mas o corpo não responde. A libido é deslocada para os seios onde a atividade sexual ocorre constantemente, dia e noite. O cansaço é total. As sensações físicas e emocionais tornam-se muito sensíveis e a pele parece um fino vidro que merece ser tocado com extrema delicadeza. [...]

Que nos faz a presença inquestionável da criança?. Que ambos, mulher e homem, nos conectamos com a parte feminina da nossa essência e nossa sexualidade, que é sutil, lenta, sensível, feita para carícias e beijos. É uma sexualidade que não requer penetração, ao contrário, que prefere o tato, a audição, o olfato, o tempo, as palavras gentis, o encontro, a música, o riso, a massagem e os beijos.

Neste ritmo não há risco, pois não fere a alma feminina fusionada. Não há propósito, às vezes nem orgasmos, porque o que importa é o encontro e o amor humano."
Portanto, todos estes são apenas fases da sexualidade feminina, diferentes e complementares entre si, o que faz com que todas elas façam sentido. Não nos limitemos apenas a "relação sexual"... isso é apenas o começo.

-Prohibida la reproducción total o parcial de este artículo sin el consentimento de la autora:

Elena de Regoyos
-Doula de puerpério e coach parental
-Consultora de slings e amamentação
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