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martes, 28 de mayo de 2013

O desmame no ser humano. Informação e dicas úteis.

Tanto a Organização Mundial da Saude (OMS), quanto a Unicef, assim como a Sociedade Brasileira de Pediatria (e a maioria de Sociedades de Pediatria do mundo), indicam que o aleitamento materno deveria ser exclusivo durante os 6 primeiros meses do bebê, complementado (COMPLEMENTADO: introduzindo outros alimentos para o bebê ir experimentando texturas, sabores, cheiros...), mas ainda alimento principal, até o bebê completar o primeiro ano de vida; e mantido pelo menos até completar o segundo ano. Depois, sem limite de idade estipulado em lugar nenhum, “até que mãe ou filho queiram”.

 
Desde um ponto de vista antropológico, o desmame natural no ser humano acontecería entre os 4 e os 8 anos, segundo diversos estudos científicos que resumo e cito a continuação (Obtido de “A Time to Wean”, Dra. Katherine A. Dettwyler):

Desmame ao alcançar três ou quatro vezes o peso do nascimento. Os resultados indicam que o desmame acontece alguns meses depois de quadriplicar o peso do nascimento, e não ao triplicá-lo (Lee, Majluf e Gordon 1991). Os meninos americanos chegam neste ponto por volta dos 27 meses, e as meninas nos 30.

Desmame ao alcançar um terço do peso adulto. (Charnov e Berrigan, 1993). Os humanos deveriam desmamar, segundo este método, entre os 4 e os 7 anos de aleitamento materno.

Desmame de acordo com o tamanho do corpo adulto. (Harvey e Clutton-Brock, 1985) A equação destes cientistas prediz a idade de desmame humano entre os 2,8 e 3,7 anos.

Desmame em função da duração do período de gestação. (Lawrence 1989). Os humanos nos encontramos entre os primatas maiores, e compartilhamos o 98% de nosso material genético com os chimpancés e os gorilas. Segundo estas comparações, a idade natural de desmame para os humanos seria como mínimo de seis vezes a duração do período gestante. Isto é 4,5 anos.

Desmame em função da erupção dental. De acordo com as pesquisas de Smith (1991), muitos primatas desmamam os filhos quando estes desenvolvem os primeiros molares permanentes. Nos humanos, isto acontece aproximadamente aos 5,5 ou 6 anos. É interessante fazer ver que os humanos alcançam a autonomia imunológica por volta dos 6 anos, o qual permite supor que, ao longo do nosso passado evolutivo, as crianças dispunham de imunidade ativa a través do leite da mãe até essa idade mais ou menos (Frederikson).

Mãe e filho escolhem quando parar

Partindo daqui, das recomendações oficiais, e sendo devidamente demonstrados os benefícios destas recomendações, também é verdade que cada mãe, cada filho, cada contexto são únicos. Amamentação é coisa de dois (com vozes autorizadas, poucas preferivelmente, como a do pai), mas é coisa de dois: mãe + filho. E vai chegar o momento, às vezes antes do “desejável”, outras bem depois, em que um dos dois decida que é hora de acabar com a teta.

Se quem sente que chegou a hora é o filho, o processo costuma ser simples e fácil, pois simplesmente ele vai parar de mamar (se isso acontecer antes do primeiro ano não se considera desmame, senão greve de amamentação, e temos –e diria que até devemos- como recuperá-lo). A mãe, geralmente, sofre bastante. É um duelo em toda regra, o fim de um vínculo único que não vai voltar, mas cujos frutos vão aparecer a vida toda.



Agora, quando é a mãe quem sente que está chegando a hora de parar, a pior parte fica para o bebê ou para a criança, pois é ela quem vai ter que se despedir, provavelmente sem entender por que, de algo que para ela significa não apenas alimento, senão aconchego, conforto, embalo, remédio... AMOR. Claro que tem outras muitas formas de dar amor (ainda bem!), mas nenhuma tão completa em um ato só. E é por isso que, se a nossa decisão é de desmamar mesmo, e se queremos fazê-lo mitigando no máximo possível o sofrimento do nosso filho, vamos ter que multiplicar por muito a nossa presença, o nosso colo, os nossos abraços e todas as formas de amor que o nosso filho demande nesse processo. (Leia também sobre a "agitação da amamentação" que sofrem algumas mães, sofrendo uma forte rejeição quando dão de mamar depois de algum tempo, ou por causa de uma nova gestação, ou ao voltar a menstruar).

Evidentemente deixo claro que eu considero que mais ninguém pode tomar essa decisão pela mãe ou pelo filho. E com ninguém quero dizer: nem pediatras metidos, nem padres de igreja, nem professoras waldorf ou de outras pedagogias, nem familiares na maior pressão, inclusive nem o marido. A teta é da mãe e do filho, e que a mãe queira levar em consideração a opinião do marido, não quer dizer que deva se submeter a ela. Portanto, antes de desmamar, pare para pensar se a decisão é realmente sua, ou se o faz só porque outros acham que é melhor, é hora ou é mais apropriado.

Dicas para facilitar o processo de desmame:

-Nunca desmamar de vez. Melhor ir aos poucos, combinando com a criança de eliminar algumas mamadas do dia. Uma vez estabelecidas menos mamadas, podemos ir retirando outras. Geralmente as noturnas são as mais difíceis, mas delas falamos depois.

-Explicar para a criança o motivo do que está acontecendo. Já que vamos tirar da vida dela uma das coisas mais importantes, o mínimo é lhe dar explicações, né? “Mamãe está cansada”, “Está frio e não quero tirar o tetê da blusa fora de casa”, “Está doendo” (se é o caso, numa nova gestação, por exemplo).

-Ajuda no processo ir combinando com ele substitutos, como, por exemplo: “Agora, fora de casa, mamãe te da suco, e depois chegando em casa você já vai poder mamar”, ou “agora tetê não, mas olha quantos abraços tenho para você!!”.

-Fazendo uso da regra de ouro: “Não oferecer, não negar”, se sabemos que em determinados momentos do dia o nosso filho costuma querer mamar, é melhor nos anteciparmos a esse momento lhe oferecendo alguma outra coisa que ele goste, ou propondo uma brincadeira legal, saindo passear, etc. Lhe distraindo com algo realmente tentador. Se, chegado o momento, ele pede e a distração não funciona, então entrar na batalha do “não”, “sim”, “não”, sim”, com choros e obstinação por ambas partes, não ajuda em nada, e é muito desgastante para os dois. Pega leve!

-Chegado num ponto de "no chance", em que ele insiste "fora do combinado", podemos ceder, por exemplo, contando até um número determinado: "Então ta bom, pode mamar, e mamãe vai contando até 10 -ou 5, ou 50, sei lá- e depois você para, tudo bem?". Pode combinar um tetê só, em lugar dos dois. Em fim, pode ir fazendo combinados que ajudem a facilitar o processo, e à criança entender com que pode contar.

-Quando os nossos filhos estão se divertindo, geralmente eles pedem menos para mamar. O tédio é um grandíssimo amigo do tetê. Criança entediada pede para mamar com muita frequência. Por tanto, outra boa dica é nos esmerarmos estes dias em fazer com que a vida do nosso filho esteja cheia de diversões e atividades. Sair fora de casa (parque, visitar amiguinhos, passear, procurar folhinhas de árvores para fazer um collage, ou pedras para depois pintar...) é sempre uma boa. E maior presença do pai, com certeza também.

-O nosso filho vai sentir falta de uma das maiores fontes de carinho, conforto e aconchego, portanto, multipliquemos outras formas de lhe transmitir isso, dando muito colo, abraços, palavras carinhosas e, principalmente, estando muito presentes para ele: brincando, modelando massinha, passeando, fazendo cócegas, pintando... ESTANDO.

O que acontece de noite?

Como falei antes, as mamadas noturnas costumam ser as mais difíceis de eliminar, por não termos muitas opções de antecipação ou distração.

Antes de dar algumas dicas, acho importante resaltar que, se bem é verdade que as crianças amamentadas costumam acordar mais a noite, o fato de desmamar não garante que isso vá parar de acontecer. Me explico:

1. As crianças não acordam porque são amamentadas. Elas demoram alguns anos em desenvolver os padrões de sono adulto. Leia mais sobre isso: O sono dos nossos filhos e as conseqüências de deixá-los chorar)

2. Mais do que associar “crianças amamentadas” com “acordam mais a noite”, eu associaria: “crianças criadas com respeito” (amamentá-las faz parte disto) com “sabem que se acordam de noite podem chamar, que serão atendidas”. Evidentemente todos conhecemos casos de crianças criadas com mamadeira desde o total respeito. Só estou querendo dizer que costumamos associar “amamentadas” com “acordam mais”, e eu penso que coincide que essas “amamentadas” costumam ser, também, crianças levadas em consideração, que desfrutam da empatia dos pais, que são atendidas no meio da noite... Então o que lhes faz chamar no meio da noite talvez não seja “o tetê”, senão a consciência de que, precisando companhia e aconchego, ela vai ser lhe outorgada. A maior parte das mães que amamentamos sabemos que uma das melhores formas de oferecê-lo no meio da noite é amamentando, então é o que eles aprendem, e é o que pedem. Mas que não acordem “mais que outras crianças” por serem amamentadas, senão por serem levadas em consideração, é o que eu queria defender neste ponto.

3. Portanto, talvez consigamos que parem de pedir tetê no meio da noite, mas provavelmente eles vão continuar acordando pedindo água, presença, etc. Porque, afortunadamente, sabem que seus pais não são dos que lhe abandonam no meio da noite, se ele precisa deles.

4. Dito isso, é verdade que a maioria de casos de crianças que acordavam muitas vezes no meio da noite (e não estou falando de bebês pequenos, por favor, que precisam ser alimentados também de noite), melhora bastante com o desmame noturno, passando a acordar menos, e às vezes até a parar de acordar. Mas nada garante isso, também tem casos em que tudo segue igual,mesmo número de despertares, e a gente sem a melhor ferramenta para adormecê-los de novo! Pensem que as crianças que passam a maior parte do dia longe da mãe, praticamente só tem a noite para recuperar o tempo perdido e ficar pertinho dela. Nesse caso, eles pedem aquilo do que estão carentes: da presença da mãe.

5. Cama compartihada pode ajudar nestes casos, às vezes porque só de ter a mamãe do lado, a criança dorme mais sossegada. Outras porque, já que o filho vai acordar mil vezes, pelo menos que a mãe se evite passeios noturnos, o que lhe desvela e cansa ainda mais.

Dicas para o processo de desmame noturno:

-Escolhamos um momento em que tudo esteja tranquilo, sem grandes mudanças internas ou externas. Que não seja começo de escolinha, nem se recuperando de uma doença, ou coincidindo com mudança de casa ou chegada de irmãozinho. Que não coincida com um salto de desenvolvimento (aprendendo engatinhar, caminhar, desfralde...). E lembrem-se que por volta dos 2 anos as crianças passam por uma fase de muito apego, pois estão se “desvinculando” da mãe para começar ser uma pessoa Independiente. Isso lhes gera muita angustia, e geralmente antes de dar esse passo à independência, eles se grudam muito na mãe (e se mamam no peito demandam quase como recém nascidos), para sentir que ela está aí de porto seguro, que ele pode dar esse passo porque ela vai estar aí, sim. Então, se ele estiver nesse momento, melhor esperar também um pouquinho, pois forçando um desmame nesta fase só conseguiríamos lhe fazer sentir mais inseguro (“Mamãe já não está para mim da forma em que eu preciso dela?”).

-Conversemos com ele, lhe explicando os combinados que a gente quiser fazer, por exemplo: “Se você acordar de noite pode me chamar que eu vou ir com você para te dar aguinha e ficar do seu lado, mas o tetê vai dormir de noite, tudo bem?”. Que não lhe pegue de surpresa. Tudo bem explicadinho para ele entender o processo.

-Entender o processo não significa aceitá-lo. E nem mesmo aceitá-lo significa que seja facil. Provavelmente vai ser difícil, muito difícil para ele, mesmo tendo entendido e aceitado. Vamos ser compreensivos, ta? É uma grande renuncia, um imenso esforço que ele vai ter que fazer. Empatia, colo, carinho e não pensar que “está nos manipulando, porque tinha entendido o combinado perfeitamente, mas quando chega a hora sabe que chorando eu cedo”.

-Escolhamos um feriado, ou dias em que o pai possa ajudar. Com ajuda dele costuma ser mais fácil. Crianças com mães que por força devem passar algumas noites fora (enfermeiras, doulas, acadêmicas que viajam...) costumam aceitar bem que seja o pai quem lhes embale. Sabem que é ele ou ele, e ao mesmo tempo o pai se sente confiante, pois depende dele, então vai seguro de si. Tudo isso é importante.

-Substituam, como no desmame diurno, as mamadas por muito amor, carinho, colo, presença, agua... Que eles não sintam que estão perdendo carinho, senão substituindo uma forma de oferecê-lo por outras alternativas.

Tudo isso, como vocês vêm, requer de esforço, se o fazemos desde o respeito à criança. Portanto pensem que TUDO, SEMPRE, tem possibilidade de volta atrás. Sem deixar a criança louca indo e voltando permanentemente, é claro. Mas se a escolha não está compensando, se você está ficando mais cansada que antes, se o seu filho está sofrendo demais. Pelo motivo que for, se não compensa, se não sai como esperava, sempre pode voltar atrás. Isso também vai ser um bom exemplo para os nossos filhos: “Você sempre pode tentar filho, que se não der certo tem via livre para voltar atrás e tentar de novo em outra ocasião ou por outro caminho”. Melhor tentar e comprovar que não é o que queremos, que não tentar por medo, ou que tentar e ver que não é o que queremos mesmo, mas seguir insistindo “porque não podemos voltar atrás”, não acham?

Texto de Elena de Regoyos para MamaÉ
Proibida a reprodução sem autorização
 
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lunes, 20 de mayo de 2013

Usos desaconselhados e potencialmente perigosos do sling ou porta-bebê

Foto: mamaememima (Não é de uso livre)
Por Elena de Regoyos, jornalista, doula, assessora de amamentação, proprietaria de www.mamaememima.com e co-criadora da formação Bebê no Pano.
Por favor, cite fonte e link original para compartilhar.


Os portabebês ergonômicos são uma magnífica ferramenta para podermos continuar com os nossos afazeres e atividades diários, sem deixar de oferecer ao nosso bebê aquilo do que ele mais precisa
: o nosso calor corporal, o nosso cheiro de mãe, o contato com a nossa pele, a proximidade com o peito para se alimentar, a nossa voz, o nosso embalo, os nossos batimentos cardíacos... Tudo aquilo com o que ele já estava acostumado desde os tempos do útero. Todo aquilo que lhe faz sentir seguro, cuidado e feliz.

Os benefícios do babywearing são muitos, mas devemos prestar atenção à forma em que fazemos uso deste lindo recurso, pois não é de qualquer forma que seria aconselhado carregar os bebês ou crianças dentro deles.


COMO INDICAMOS CARREGAR UM BEBÊ OU CRIANÇA?



A posição que indicamos para carregarmos um bebê ou criança desde o mesmo dia em que nasce (até prematuros) é a chamada “posição de sapinho” (ou fisiolôgica, com o bebê em agrupamento, lembrando a posiçõ fetal, verticalmente), que é a posição do método mãe canguru. Nessa posição, as pernas dele ficam flexionadas como se ele estivesse acocorado, é a posição fetal, que iremos respeitar sem forçar em absoluto abertura de pernas. Os joelhos ficam mais altos que o bumbum, aproximadamente à altura do umbigo dele, e as pernas ficam formando um “M” junto com o bumbum (canelinnha-bumbum-canelinha). A bacia é basculada para a frente.


Nessa posição, a coluna se curva naturalmente em forma de “C”, o que a protege de esforços que a musculatura deles ainda não podem exercer. Ao longo do primeiro ano de vida vai ir se formando a curva ou lordose cervical na coluna deles, e depois, até os 7 anos, firmando a posição bípede, se formará a curva ou lordose lombar.

O tecido deve segurar o bebê desde atrás de um joelho até atrás do outro joelho (as duas coxas e o bumbum inteiros!), como quando nós mesmos sentamos em uma rede, e deve também estar suficientemente tensionado em todos os pontos, se adequando à forma do bebê, para garantir uma sujeição adequada e firme, sem forçar. O portabebê deve manter a criança bem próxima da gente, nos permitindo deixar de segurá-la com os braços porque o proprio portabebê o segura na altura (que a gente possa dar um beijo na testa deles só abaixando o nosso rosto) e com a firmeza que os nossos próprios braços o fariam. Sem ficar frouxo nem baixo.

Uma posição alternativa para carregá-los (principalmente para amamentá-los no sling, voltando depois à posição de sapinho) é a posição semi-sentados. Não é horizontal, senão que o portabebê segura eles lateralmente, sentados com as canelinhas também livres (o tecido vai desde atrás dos joelhos até a cabeça).

Formas de carregar que que não indicamos

1. BEBÊ DEITADO NO PORTABEBÊ














-O maior perigo desta posição é pelo risco de sufoco: No sling devemos verificar sempre que o queixo do bebê esteja separado do peito dele (cabeça “erguida”), para as vias respiratórias, a traquéia, permanecer sempre aberta. Isso piora quando o bebê é carregado deitado, horizontal, em slings de argolas ou pouchs dobrados ao meio, fazendo algo assim como um “envelope” que envolve o bebê, o que resulta duplamente perigoso por cobrir o rosto dele com o tecido. O bebê fica lá dentro numa posição potencialmente perigosa e coberto por tecido.

-Resulta, também, desconfortável para o adulto, pois nessa posição o bebê geralmente fica baixo com respeito ao nosso centro de gravidade e não está “encaixado” na nossa fisiologia, como acontece nas posições ergonômicas, o que nos faz curvar a coluna para compensar, gerando dor.

-Deitado, horizontal, ele não exercita mínimamente a musculatura cervical, e pode ter também maiores problemas de refluxo ou falta de eliminações de gases, o que é favorecido na posição vertical.

Veja como passar da posição fisiolôgica vertical à posição de amamentar, em um sling de argolas, com recém nascido real:



Passar a posição de amamentar na cruz envolvente com um wrap tecido:



Amarração canguru na frente com wrap tecido, posição para amamentar:




2. BEBÊ OLHANDO PARA A FRENTE




-Olhando para a frente o bebê ou criança fica sobre-exposto, sem nenhum tipo de filtro, sem olho no olho com a gente, a todos os estímulos do ambiente, que nas sociedades em que geralmente vivemos não são precisamente escassos, podendo resultar altamente estressante. Ele não tem como dizer “chega”, apoiando o rosto no nosso colo, olhando nos nossos olhos ou dando um cochilo. Inclusive, se ele adormece olhando para a frente fica com a cabeça pendurada para a frente, sem apoio.

-É impossível carregar um bebê ou criança na posição adequada de agrupamento, se o levamos olhando para a frente, portanto ele vai ir ou totalmente esticado verticalmente (veja a informação sobre este ponto depois) ou na posiçõ "de Buda" (também pode ver considerações sobre ela depois), o que não lhe beneficia em absoluto, ao nosso entender.

A alternativa para carregar eles com uma maior visão do mundo seria fazê-lo no quadril, o que lhes permite ver o mundo sem perder a posiçõ adequada e nem a referência do nosso colo para apoiar o rostinho ou dar uma soneca; ou com uma amarração alta nas costas:






3. BEBÊ NA POSIÇÃO DE BUDA



-Frequentemente vemos indicações desta posição para poder atender a demanda social de carregar o bebê olhando para a frente.

Posição “de sapinho” não é igual a “posição de Buda”, e nem tanto faz.

Na posição de sapinho o bebê está sentado no tecido, com o peso no bumbum, e deixa as pernas com livre movimentação, sem exercer nenhuma pressão em nenhuma das articulações do seu corpo. Enquanto que na posição de Buda já estamos forçando a flexão e tensão das pernas. Uma flexão, por outro lado, que nada tem a ver com a de sapinho.

Na posição de sapinho as coxas estão flexionadas para cima e levemente separadas, deixando os joelhos alinhados à altura do umbigo. É como se o bebê estivesse acocorado. É a posição natural dos recém nascidos, as pernas se flexionam da forma em que o fazem naturalmente sem intervenção nenhuma (quando, por exemplo, deitamos barriga para cima o bebê para trocar a fralda). Na posição de Buda as coxas estão abertas “em borboleta”, horizontalmente, forçando uma posição que não tem nada de natural, e com o pano do sling exercendo pressão nas articulações.

No útero o bebê estava assim. No útero o bebê estava em um meio líquido. Esse argumento não serve. A força da gravidade era quase anulada por este motivo. o impacto nas articulações dele era outro. O bebê não é mais um feto, é um bebê em um grau de desenvolvimento mais avançado ao que tinha quando dentro do útero.

-Carregar o nosso bebê olhando para frente nesta posição o afasta muito do nosso centro de gravidade (ele fica curvado para frente, não se encaixando em absoluto no nosso corpo), nos obrigando a compensar aposição curvando a nossa coluna para trás, gerando dor de costas.

-Pela posição curvada para frente, o bebê corre risco de cair para a frente “fazendo uma cambalhota”, pois ele não está encaixado no nosso corpo, bem assentado nele.

4. BEBÊ VERTICAL, COLUNA E PERNAS ESTICADAS


A esquerda, posiçãoa dequada "de sapinho"; à direita bebê esticado, pendurado pelos genitais
Tanto olhando para a frente quanto olhando para nós, devemos prestar atenção sempre para o bebê não ficar com as pernas esticadas para a abaixo verticalmente.

Se carregamos o bebê de forma vertical com as pernas esticadas, da mesma forma em que os cangurus não ergonômicos o fazem, e da forma em que muitas pessoas colocam o wrap (por falta de cuidado na posição adequada de sapinho ou por desinformação), estamos segurando todo o peso do bebê ou criança pela área genital dele. Se é menino é mais desconfortável, mas meninas também o sentem, pois é o peso inteiro deles carregado nessa área (onde você preferiria ficar por uma hora, sentado numa rede ou pendurado num arnês de tirolesa?). Além do desconforto, tem questões de saúde muito mais importantes:

-Carregando pela área genital podemos dificultar a circulação sanguínea nas virilhas, onde passam as principais veias e artérias que irrigam as extremidades inferiores.

-Ao deixarmos as pernas esticadas para abaixo fazemos com que a cabeça do fêmur se desloque para abaixo na articulação do quadril, uma articulação ainda em formação que requer de uma flexão quase permanente das coxas: daí que os recém nascidos estejam naturalmente sempre com as coxas flexionadas, retraídas, para a cabeça do fêmur encaixar perfeitamente no quadril, ajudando a formação adequada da articulação e evitando lesões futuras, ver referência ao final deste artigo ao Instituto Internacional de Displasia de Quadril.

-Com as pernas esticadas, a coluna do bebê automáticamente também se estica, fica “reta”, em lugar de curvada em forma de “C”, como é a posição natural da coluna de um recém nascido. Como a musculatura das costas dele ainda não está fortalecida, ele não tem capacidade de se manter reto, portanto poderia sofrer compressão de vértebras.

 


Quanto menor seja o bebê, mais fechadinhos estão os joelhos, e progressivamente irão se abrindo até ficar numa apertura entre eles de uns 90º, abraçando cada vez melhor o nosso contorno. Nunca forçaremos a apertura das pernas deles, deixando, pois, os recém nascidos mais “bundudinhos” dentro do sling, até que eles consigam ir abraçando a nossa cintura com as pernas.

Veja como conseguir um bom posicionamento:





REFERENCIAS:

-Artigo do Instituto Internacional de Displasia de Quadril (IHDI) sobre slings ou portabebês em relação à Displasia de Quadril em bebês e crianças: Hip Health in baby carriers, car seats, swings, walkers, and other equipment

-Declarações de Presidente da Federação Alemã de Pediatria sobre a importância da posição de sapinho à hora de carregar um bebê no sling, e da inconveniência de carregar eles olhando para frente: Babys nicht mit dem Gesicht nach vorn tragen

Artigo de Elena de Regoyos para MamaÉ
Proibida a reprodução sem autorização

Mais informação sobre portabebês:

lunes, 13 de mayo de 2013

Bebês e crianças permanentemente en crise? (Saltos e picos de crescimento)

Estou muito angustiada. Até hoje sabia que tinha saltos e picos de crescimento no(s) primeiro(s) ano(s) dos bebês, e muitas vezes, vendo crescer os meus filhos, quando sentia fases de maior demanda (física e emocional) eu pensava "deve ser uma fase de crescimento ou desenvolvimento maior, ou talvez ele estaja ficando resfriadinho", e mais ou menos me contentava com a explicação, mesmo não adiantando muito saber a causa, senão mais bem agindo em consequencia.


Image courtesy of Phaitoon at FreeDigitalPhotos.net

Mas agora que vi em um artigo quando e quanto duram supostamente cada um destes picos e saltos de desenvolvimento, só me coube a tensão e o stress no corpo e a alma. Se com esse artigo pretendiam ajudar as mães, para mim que lhes podem estar produzindo o efeito contrário. Pelo menos comigo teria acontecido se não fosse eu tão desencanada como costumo ser.

Como uma mãe vai ficar tranquila se antes sequer de ter a oportunidade de viver a experiência de ser mãe já sabe que vai ter as seguintes "crises", com seus respectivos e arduos efeitos colaterais (falta e difficuldade de sono, choros desconsolados, maior demanda de teta, etc)? Isso é botar muitas espectativas (ruins, aliás) no que elas podem esperar nos primeiros anos de vida do filho! Vejam:

Saltos de desenvolvimento (momentos de maduração evolutiva da criança):

-5 semanas (1 mês).
-8 semanas (quase 2 meses).
-12 semanas (quase 3 meses).
-19 semanas (4 meses e meio).
-26 semanas (6 meses).
-30 semanas (7 meses).
-37 semanas (8 meses e meio).
-46 semanas (quase 11 meses).
-55 semanas (quase 13 meses).
-64 semanas (quase 15 meses).
-75 semanas (17 meses).

Picos de crescimento (crescimento físico do bebê):

-7-10 dias.
-2-3 semanas.
-4-6 semanas.
-3 meses.
-4 meses.
-6 meses.
-9 meses e além.

Bebês em crise permanente

Pelamordedeus! Se no artigo já dizem que cada salto de desenvolvimento pode durar semanas, e que os picos já duram menos ("só" alguns dias), e pensando com a lógica de que cada criança é única e os saltos e picos não tem por que acontecer cronológicamente em ponto (alguns nascem na semana 38, outros na 40 ou 42... suponho eu que nos saltos e bicos também temos, como mínimo, esse margem de erro), isso quer dizer que o nosso filho pode viver permanente em crise?

Se a isso adicionamos a saida de dentes (que não são poucos!), que pode acontecer em idades tão diversas segundo a criança... Como sobreviver à maternidade?

Gente, sejamos realistas. Bebês e crianças (assim como adolescentes, jovens, adultos e velhos) não são robôs, não são lineares e nem são predecíveis. Cada um deles mora numa casa diferente, com rotinas diferentes, em contextos diferentes e com pais vindos de famílias diferentes. Sem contar que eles mesmos já são 100% pessoas únicas e diferentes entre sí. Temos possíveis dores de barriga ou resfriados, saidas de dentes, reações a vacinas, crianças com demanda maior de presença e contato, outras que exigem muito alimento e as que dormem naturalmente pouco e muito picado. Eles podem se encaixar na dita tabela, ou não ter nada a ver!

O que eu acho errado destas tabeles não é o excesso de picos ou saltos, senão o fato delas nos transmitirem a sensação de que estes tiram o ánimo do bebê "do normal". Segundo eu o entendo, por contra, não apenas "o normal", senão também o desejavel, o adequado, o saudavel e o BOM, é que os bebês e as crianças vivam os seus primeiros meses e anos em quase permamente estado de crescimento e desenvolvimento.

Da mesma forma que não compartilho a opinião de quem pensa que práticamente toda criança tem um transtorno mental pelo mero fato de se comportar como uma criança, também não compoartilho a opinião de quem acha que os bebês estão passando por uma fase "de crise" quando simplesmente estão sendo bebês.

Agora, você quer olhar a tabela e usá-la como guia para localizar em que momento está o seu filho? Isso te alivia e ajuda? Então bemvinda ela seja, mas por favor, não se esqueça de olhar o seu filho como a pessoa única que ele é, e dentro do contexto único em que ele vive. Daí vão surgir as respostas em muita maior medida do que nesta tabela "universal", pois nada menos "universal" e tabelado do que os ritmos de crescimento das crianças.

A causa frente a ação, o que ajuda mais?

E para terminar, levanto uma outra questão que vem ao caso. Sei e comprendo que nós, seres humanos, temos uma tendência innata na busca dos "porques", sei e comprendo que procurar e entender as causas de um fato determinado nos acalma e nos ajuda a resolvê-lo. Mas no caso de bebês e crianças, admitamos que é tão, mas tão dificil localizar as verdadeiras causas (eles não falam nem explicam o que lhes acontece, né?), que é mais uma questão de fé.

Neste contexto, não será melhor ficarmos simplesmente no "agir", em lugar de encanar tanto nas causaso, nos "porques"? Para mim funciona assim:

-"Do que ele precisa?"
-"Até onde eu posso lhe ajudar nesse sentido?"

Ponto. Não adianta muito questionar se essa demanda dele é "legítima" ou não:

-"Não deveria ter sono agora!"
-"É normal que ele sinta fome ainda?"
-"Será que é manha?"

E nem adianta tanto procurar as causas:

-"Por que ele derrepente quer ficar pendurado no peito o dia todo?"
-"O que está lhe acontecendo para acordar tantas vezes de noite?"
-"O que estará fazendo ele chorar desse jeito por todo?"

O que a mim, na minha experiência, me deixa mais tranquila, menos frustrada, e realmente garantindo melhores resultados é a confiança ("se ele chora, demanda ou acorda será por algum motivo, mesmo sem eu saber qual") e a aceitação ("ele realmente está precisando de mim nesta fase"). E me deixem de tabelinhas, porque vou lhes dizer, tenho três filhos, e eles são tão, mas tão diferentes entre si que seria impossivel eu entender as tabelinhas seguindo os ritmos de desenvolvimento e crescimento de cada um deles. Nada a ver!

Elena de Regoyos para MamaÉ
Proibida a reprodução sem autorização