Páginas

sábado, 29 de diciembre de 2012

Lição de babywearing nas costas, desde Uganda, em estado puro

Um amigo viajou a Uganda faz uns meses, como cooperante, e me trouxe este lindo presente. Ele fotografou, numa aldeia chamada Sipi, o processo de colocação de um bebé bem pequeno nas costas de uma mulher (talvez irmã, prima... porque o filho nestes lugares é da tribo inteira, não só da mãe ou da mãe+pai).








As fotos mostram como se coloca o porta-bebê ao modo tradicional africano, o que eles geralmente fazem com tecidos wax, mas que neste caso parece um simples tecido retangular de algodão.

Como vemos, ninguém tem que lhes explicar que:

-O bebê vai, sempre, olhando o corpo da mãe (ou de quem o carregue), e nunca olhando para a frente, seja colocado na frente, no quadril ou nas costas.

-A posição adequada e natural de carregar um bebê é na posição de sapinho, como se ele estivesse acocorado, com os joelhos mais altos que o bumbum e as costas curvadinhas em forma de C.

-Não precisamos de slings de marca, e que com práticamente qualquer tecido podemos carregar pertinho do nosso corpo os nossos filhos, de forma adequada: bem tensionado, na posição idónea e de forma confortavel para bebê e adulto.

-O melhor lugar para "deixar" um bebê é em contato humano, sentindo o cheiro de outra pessoa, o contato da sua pele e o balanceio do seu corpo ao caminhar ou trabalhar.

Obrigada Carlos ;)

MamaÉ Slings
Proibida a reproduçõ sem permissão

martes, 4 de diciembre de 2012

Viajar de avião com bebê e/ou crianças pequenas e não morrer na tentativa

É uma das perguntas, além de amamentação e babywearing, que com maior frequencia me fazem as mães que conheço. Sou toda uma proffisional no asunto (piscadinha de olho), pois tenho três filhos com os que viajo, desde que nasceram, duas vezes por ano mínimo, em vôos principalmente transoceánicos, e sem ajuda do pai, que viaja em outras datas.

Já viajei sozinha com bebês, com bebê e criança pequena, com duas crianças pequenas, grávida querendo vomitar toda hora com dois filhos que precisam de ajuda, barrigudona de final de gestação com os mesmos dois filhos, com bebê recém nascido e mais dois filhos pequenos... Já enfrentei conexões, vómitos, cocôs transbordantes de bebê, perdas de necesser com fraldas e toalhinhas, atrasos e difficuldades de todo tipo, pelo que creio que estou pronta para lhes oferecer algumas dicas que para mim vem sendo úteis. São as seguintes:
 
(Na foto, viajando sozinha de Madri para o Brasil com Paulo -6 anos-, Adriano -4 anos e meio- e Alicia -4 meses-, sendo que colocaram os meninos 6 filas atrás de mim, e ninguém quis trocar de lugar. Passei a viagem indo e voltando do lugar deles ao meu, impedindo brigas entre eles, lhes ajudando a comer e dormir, sem ter lugar ao seu lado e com uma menina no colo)

PREPARATIVOS:

-Leve uma bagagem de mão completa, mas também sem exageros, pois você vai ter que carregar filhote(s) além da bagagem. Para mim serve: troca de roupa para as crianças e para mim (pelo menos a parte superior) por se sofremos acidentes como um suco derramado, vómitos, xixis noturnos, etc. Fraldas, toalhinhas, uma sacola plástica para guardar roupas molhadas ou sujas, dois potes plásticos de armazenar leite materno, com tampa, vazios; alguma coisinha saudavel que as crianças gostem (paitos de pão, por exemplo), roupa mais quente... E a sua bolsa com as suas coisas pessoais importantes: celular e carregador, carteira, documentação, dinheiro, máquina de fotos, passaportes (que seteja facil de achar), passagens, etc.

-Esqueça de grandes trambolhos, como super bonecos de pelúcia, travesseiros de cama e similares. É uma noite, ou uma viagem de umas horas, não precisa carregar tanta coisa "na mão". Simplifique a sua vida, não a complique. Vai agradecer esta dica.

-Eu sempre preparo uma pulseirinha com um elástico e um papel plastificado com os dados da criança, endereço e telefones e emails de contato dos responsaveis, por uma cara de um país, e pela outra do outro país. Já fiz isso com uma colarzinho, e é mais desconfortavel para dormir. Melhor pulseira. Nunca perdí um filho em um aeroporto, mas é algo que não quero que aconteça. Eles sabem que se se perdem de mim tem que procurar alguém adulto e lhes mostrar a pulseirinha pedindo para ligar à sua mãe.

-Não se esqueçam que nos aviões você pode tanto morrer de calor como virar uma pedra de gelo. Sempre coloco calça comprida neles, porem confortavel (moletom ou similar, assim me e lhes poupo de ter que trocar para colocar pijama, acho desnecessário), meia e camiseta de manga curta. Mas levo uma roupa mais quentinha no caso de ser um avião desses gelados, algo confortavel que dê para dormir bem com ele, também tipo moletom, ou camiseta de manga comprida algo quentinha. Algo que também dê para tirar facilmente. É importante lembrar também de colocar neles sapatos confortaveis e faceis de pôr e tirar (croc é um grande aliado, da para usar com meia também nestes casos). E se tem bebê, leve uma toquinha, o frio às vezes é muito forte e os seus ouvidos podem sofrer depois.

-Sempre procuro levar uma pequena mala de mão (igual a da foto), em lugar de varios bultos menores. Isso me facilita por vários motivos:

1. Levo menos bultos, por tanto tenho menos possibilidades de esquecer algum deles em algum lugar (cafeteria, control de bagagens, control de pasaportes, sala de embarque, banheiro, etc). Quando vamos com crianças vamos 90% atentas a elas, e é facil esquercemos de algum bulto no caminho. Melhor um maior do que muitos menores.

2. Se é uma mala posso levar ela rodando, não preciso carregar peso.

3. Se preciso tirar alguma coisa não tenho que lembrar em qual dos bultos eu guardei aquilo.

4. Uso a mala como apoio para os pés durante a viagem, pois sempre tenho alguma criança dormindo encima de mim ou apoiada em mim, e resulta mais confortavel para as minhas pernas tê-las um pouco levantadas, apoiadas em algo alto. Isso também me ajuda para, no caso de eu precisar de alguma coisa, poder pegá-la sem precisar me levantar, já que algum filho pode estar dormido encima de mim ou apoiado, ou na poltrona dele ao meu lado, e eu poderia acordá-lo ao passar e abrir o porta bagagens.

-Levo potes vazios onde poder guardar água, com tampa. Uso esses que se vendem de plástico para armazenar leite materno, mas serviria uma garrafa normal. Durante a noite geralmente lhes da sede por causa do ambiente seco do avião, e chamar a aeromoça, esperar ela trazer água, talvez não terminarem o copo e não ter onde deixá-lo (lembrem-se do bebê que dorme no colo)... é um risco para acordar uma das crianças que esteja dormindo. Muito barulho e movimentação. Então, na hora do jantar, peço para a aeromoça encher os meus potinhos de água e já os guardo na mala sob os meus pés. Evito uma possivel difficuldade posterior.

-Não levo brinquedos na bagagem de mão, ocupa espaço e atrapalha, e é facil de perder (mais ainda quando você não pode andar procurando coisas por ter um bebê encima). Às vezes algum brinquedo preferido da criança sim, que lhe da segurança. Pequeno melhor e sem peças que possam espalhar e se perder. Mas tenho comprovado que a grande variedade de coisas que já tem dentro do avião oferece distração suficiente às crianças, e vira brinquedo rápidamente. A imaginação deles é insuperavel. Além de tudo, as companhias geralmente tem algum brinquedinho para eles pintarem ou brincarem, ou espalharem por aí, e tem a TV, a música nos fones de ouvido, canudinhos, papel para fazer aviãozinhos, passageiros que conversam com eles, o carrinho do jantar, ir visitar o banheiro, etc. (Na foto, Paulo, de 6 anos, faz collages sobre a poltrona com papelzinhos colados com chiclete e band-aids num guardanapo, e brinca de barquinho com uma canequinha  um marinheiro feito de papel de revista).

-Peça para ficar longe do banheiro, pois o barulho da descarga é forte, e os passageiros indo e vindo durante a noite toda podem acordar os seus filhos facilmente, além de ter muitas idas e vindas de pessoas ao seu lado. É desconfortavel.

-Se o seu filho não controla muito bem o xixi noturno, talvez é uma boa dica vocês combinarem juntos de usar uma fralda nesta ocasião. Talvez ele queira ir ao banheiro enquanto outro filho dorme encima seu e seja complicado para você acompanhar o primeiro, ou acordar o segundo. Ou eles podem acordar querendo fazer xixi num momento em que não é permitido levantar, como o pouso ou em turbulencias. Daí ele pode, dessa vez, fazer o xixi na fralda e pronto. Se ele concordar, é claro. É uma situação especial, eles geralmente compreendem.

-Desencane com o quanto e o que eles comeram no avião. É muito provavel que eles comam pouco ou quase nada, é como se ficassem sem fome. Os meus filhos práticamente só comem pão (e suco) nos aviões. Não tem problema. As aeromoças dão quanto pão você quiser, eles não vão ficar com fome nem desnutridos por comer só pão por um dia. Se você leva alguma coisa para garantir que eles comam, procure que seja facil de lhes dar, e se pode ser, que não precise aquecer, pois geralmente chega ardendo nesses casos. Se o bebê ou criança ainda mama, melhor ainda, tem um alimento bom e forte garantido durante a viagem, sem precisar carregá-lo, nem aquecê-lo.

AMAMENTAR

-Use roupa que facilite a amamentação no avião. Pode ser que você passe práticamente a noite inteira (em caso de vôs noturnos) com a teta de fora, ou mudando de uma teta para a outra, e é bom não passar frio na barriga, assim como não sofrer desconforto com uma roupa amassada nas costas por ter tido que levantar a camiseta, etc. Além disso, é bom que o bebê tenha um facil aceso ao peito por se acorda de noite sem saber bem onde ele está. Isso vai lhe acalmar facilmente. Pense numa camisa ou camiseta soltinha, talvez com uma dessas mais justinhas de alças finas embaixo, que não dê calor, assim você levanta a soltinha e com a outra você mantem a barriga aquecida, deixando o peito livre por cima dela (a justa baixa e a solta se levanta, não sei se dá para imaginar), e não esqueça um sutiã bem confortavel, ou até em ir sem, isso facilita muito :).

-Procure amamentar o bebê durante a decolagem e o pouso, se ele aceitar. Isso ajuda a evitar possíveis dores de ouvido nele por causa da mudança de pressão. Se ele não mama no peito, dê-lhe alguma bebida na mamadeira, ou uma chupeta para sugar se ele a suga. Succionar ajuda de qualquer forma neste caso.

-O aeromoço me disse, na última viagem: "senhora, coloque a menina em posição de amamentar para decolar, assim protege a cabeça dela em caso de algum movimento brusco". Lhe respondi: "moço, qual posição de amamentar? Isto é que nem Kama Sutra, sabe? Longe de ter uma única posição". Coloquei Alicia na posição de cavalinho que achei mais confortavel para ela e para eu segurá-la, ele olhou sem saber bem o que dizer e acabou com um "tudo bem assim". Desta vez, por ser um vôo doméstico, não me deram cinto de segurança para a menininha. Sempre me deram um, que se amarra ao meu cinto, nos vôos longos.

-Tanto nas esperas em salas de embarque quanto no avião o bebê pode mamar dentro do sling, o que também te deixa as mãos livres para outras coisas que precise fazer.

SLING

O bom de viajar de avião, a differença do carro, é que você pode carregar o seu bebê encima, não estando ele obrigado a permanecer em um bebê conforto que muitas vezes lhe desespera. E você pode passear com o bebê, se levantar, amamentar e embalar ele... Coisas que em uma viagem de carro são impossíveis (ou quase).

Pode levar o carrinho até a porta do avião, eles o guardarão aí e você o irá recuperar na saida, ou diretamente na esteira de bagagens. Eu recomendo, de levar carrinho, que seja um dos que fecham como uma tesoura ou guardachuva, aqueles mais simples, estilo "McLaren", pois com o bebê no colo, começar fechar um carrinho complicado é uma estória.

Ainda assim eu, mesmo levando carrinho (principalmente para carregar a bagagem de mão, a bolsa e se os meninos levam mochila, para elas também), nunca viajo sem um sling confortavel e facil de colocar e tirar.

Antes dos 5 meses um wrap melhor, são muitas horas de espera e de vôo, com o bebê encima, e para mim (e para o bebê sem dúvida) é o mais confortavel, até para fazer ele dormir. Se não dorme nele, mas no meu colo, aproveito para usar o wrap de "cobertorzinho" no caso de um ar condicionado forte. Depois dos 5 meses já um Mei Tai é a minha escolha mais habitual. Mais facil de colocar e tirar do que o wrap, porém igual de confortavel. Um canguru ergonômico também é útil por sua praticidade, claro.

Serão muitos barulhos, vozes de autofalante e dos milhares de pessoas que transitam pelo aeroporto, crianças que gritam, malas que se arrastam, cafeteiras que parecem trens em marcha, descargas de água... tanto no aeroporto quanto no avião, e também na pista se vamos de onibus até o avião (turbinas barulhlentas), muitas luzes (às vezes no meio da noite), muitas idas e vindas... Tudo fora das rotinas dele, e muitas vezes em horários impossíveis, como no meio da madrugada. O bebê pode se sentir desubicado, inseguro e estressado se não está em contato com você. Por isso recomendo algum portabebê confortavel, isso ajudará o bebê se acalmar, o contato com você lhe faz sentir "em casa" esteja onde estiver. No carrinho está exposto a um excesso de estímulos, e longe da pessoa que lhe transmite segurança e proteção: você.
 
Com o bebê no sling você terá as mãos livres para abrir bagagens, pegar a documentação ou passagem, colocar as coisas na esteira do controle de bagagens, etc. E também para carregar a mala de mão ou outras coisas, como se ocupar dos irmãos se eles precisam de ajuda para alguma coisa. Também é útil se, quando chegamos ao destino, a criança está dormindo.

Mesmo sendo uma criança grande e que caminha (eu fiz isso com Adriano até com 4 anos), é duro acordar ela porque "já chegamos, filho", e lhe fazer caminhar por longos corredores, esperar a mala, a fila de passaportes... Quando ela estava dormida. O porta-bebê te ajuda com isso, pois mesmo ela tendo acordado, vai confortavelmente nas suas costas (ou na frente ou no quadril), podendo assim caminhar pelos longos corredores, esperar malas e filas, sabendo que o seu filho está bem.

O único chato é que às vezes, no controle de bagagens, eles te fazem desamarrar o porta-bebê para passar pelo arco com o bebê afastado do teu corpo. Depende da simpatia e empatia (principalmente) do policial. Se o bebê estava dormido você tem vontade de pisar o mindinho do policial, como mínimo. Eu já dei algumas broncas. Não me poupou de ter que desamarrar o porta-bebê, mas pelo menos deixei claro o meu ponto de vista ao respeito. Poxa, o bebêzinho está dormido numa p..a situação ruim para ele, e ainda preciso acordá-lo e afastá-lo do meu corpo para você supervisar um pedaço de tecido amarrado no meu corpo? "Vá tomar no banho!", como diria o meu sogro.

-E faço tudo sem pressa. Prefiro demorar e fazer esperar ao de trás de mim, do que fazer tudo às presas, nervosa e mal, esquecendo algo ou amarrando mal o wrap, me deixando desconfortavel e estressando as crianças.

-Não se estresse se o seu filho chora ou faz barulho, principalmente quanto menor ele fôr, pois menos capacidade de compreensão ele tem da situação. É claro que com bom senso, se é uma criança maior, lhe podemos e devemos pedir para não ficar gritando ou incomodando outros passageiros. Mas pense que é uma pessoa que talvez ainda não entenda que está num avião, que o barulho dele incomoda as outras pessoas, etc. São muitas horas e as crianças precisam se mexer e brincar, ou cantarolar, etc. Os adultos temos (ou deveriamos ter) maior capacidade de compreensão sobre as crianças do que elas conosco.

Então, usemos o bom senso para cuidar deles não ficarem fazendo bagunça demais, mas também lhes deixando se distrair com coisas normais de criança, como passear pelo corredor, falar, se divertir e inclusive chorar. Eles se cansam, se entediam, se estressam com tanta coisa, dormem pouco e mal e choram às vezes, sim, inclusive aos berros. Não pense nos outros nesse caso, pense no seu filho e tente ajudá-lo, ele precisa mais dessa compreensõ do que os adultos que se incomodam com isso, mesmo tendo os motivos deles, claro, para se incomodar. Se os passageiros não o entendem, é coisa deles.

-Geralmente os passageiros são compreensivos e colaboradores com uma mãe que viaja com crianças. Salvo contadas excepções, eu sempre tive muita ajuda deles e da tripulação. Pense em positivo e imagine que eles compreendem a sua situação. Sempre tem alguém que não, mas é minoría. Pior para ele. Não se deixe influenciar pelo possível desconforto dele, você não pode fazer com que o seu filho se comporte, compreenda e sinta como um adulto.

(Na foto, Paulo dorme sobre o passageiro do nosso lado, um garoto simpático e cuidadoso que brincou e conversou com ele e depois lhe deu colo para dormir, ajeitando a cabecinha dele se ficava meio torta e lhe cobrindo quando começou fazer frio. Eu tinha um barrigão de 8 meses e outro filho dormido apoiado em mim)


E duas últimas dicas, que para mim sempre funcionam (como "autodicas"):

1. Calma que chegar, você vai chegar. Não sei se caindo de sono, talvez vomitada ou com vontade de matar a aquele que abriu a janela acordando o seu filho justo quando acababa de dormir. Mas chegar, vai chegar, com certeza. Vai tomar um banho e depois vai ter tempo para recuperar a rotina e a compostura.

2. Não se coloque espectativas. Simplesmente deixe que as coisas vão acontecendo. Não pense a que horas o seu filho deverá dormir, ou quantas horas de sono vai perder essa noite, ou se já deveria ter tirado a soneca das 11h, ou se está comendo porcarias demais e comida de menos. Não se estresse, não se cobre nem lhe cobre, é uma situação especial, tome-a como tal e esqueça as espectativas que podem lhe fazer sofrer demais. Vá superando cada etapa da viagem, que logo chega e descansa. Se comeu pouco, depois come mais, Se dormiu pouco, depois dorme mais. Tem fusso horário também, talvez, então vai estar tudo bagunçado de qualquer jeito.

Elena de Regoyos
Proibida a reprodução sem autorização

miércoles, 21 de noviembre de 2012

Brincar: treinar para a vida adulta... independientemente do sexo

Brincar é imitar. Brincar é treino para a vida adulta. Filhotes de leão brincam de briguinhas entre eles para treinar futuras lutas territoriais, por presas ou pela fêmea em questão, quando adultos. E brincam de caçar borboletas para, quando forem grandes, caçar bichos maiores. Quem já teve um filhotinho em casa (cachorro, gato...) bem sabe que eles vivem brincando. Brincam para se preparar para a vida adulta.

Os nossos filhotes humanos, da mesma forma, brincam por imitação do mundo adulto. Assim eles compreendem este nosso mundo, o asimilam e se preparam para agir nele. Eles nos imitam a nós, pais e mães, professora, padeiro, garçom e pediatra. Brincam. Asimilam. Compreendem. Treinam. Imitam. Criam. Se educam para serem adultos. Eles não brincam apenas "para se divertirem com alguma coisa enquanto eu preparo o jantar". Brincar é muito mais do que passar o tempo de alguma forma. Tem uma função básica na vida das crianças.

Crianças que não brincam adoecem, física e emocionalmente. Valha também o chamado de atenção para o exceso de TV nas nossas vidas.

Daí chega o menininho de dois anos que adora empurrar o carrinho da boneca da prima, e alguém chega e corta as asas dele: "Isso é de menina, moleque!". A prima, coitada, também não poderá entrar no campo para chutar a bola daqui a uns anos, no aniversário do primo: "Onde você pensa que vai menininha? Aí você se machuca!". Pronto, cada um já sabe qual "é" o seu lugar neste mundo.

Alicia adora os carrinhos
Se não deixamos brincar os meninos com bonecas, como pretendemos que sejam futuros pais carihosos e atentos, se eles foram proibidos de treinar isso? Se as panelinhas foram restritas só para a menina da casa, como eles vão desfrutar cozinhando um prato gostoso amanhã? Claro que vão coneguir sê-lo se é o desejo deles, mas provavelmente se sintam muito mais perdidos nesses papeis que lhes toca aprender agora, tarde demais, sem ter passado pelo treino emocional tão importante para asimilar ações adultas que é o brincar. O que e faz de criança fica asimilado para a vida adulta. O que aprendemos de adultos... o que aprendemos de adultos é forçado com maior o menor suceso, mas sem duvida não resulta tão natural e facil quanto o que já foi asimilado de criança. Pensem, como exemplo, no aprendizado de línguas.

Se insistimos em separar os carrinhos só para o irmão, como pretendemos que a mulher de amanhã consiga se virar na estrada para chegar naquela rua perdida, ou pior, se o pneu furar? Se vira, claro que se vira, mas se sente confortavel nessas ações ou sente que não lhe correspondem?

Você, mulher, só cuida da casa e dos filhos? De verdade? Pense bem antes de responder...

Você, homem, é um mero fornecedor econômico em casa? Você não embala o seu bebê, nõ o abraça amorosamente? Então por que um menino não pode embalar o boneco, dar banho nele e empurrar o seu carrinho?

Sim, acredito na diferença de sexos e gosto dela.

Não, não pretendo igualar homem e mulher porque não somos iguais, nem física nem emocionalmente.

Permitamos brincar livremente aos nossos filhos. Não cortemos as asas deles, nem as direcionemos dando só certo tipo de presentes. Estaremos lhes dando um grande presente para o futuro.

O Natal está chegando... talvez seria bom dar uma pensadinha não sexista antes de fazer certas compras.

Aliás, os filhotes -meninos e meninas!!- da Tribo MamaÉ terão, a partir de 2013, slings apropriados ao tamanho deles e dos bonequinhos preferidos, para imitarem o papai e a mamãe que carregam o irmãozinho no sling :)

-Grata a minha querida professora de Psicodrama, Julia Motta, que tanto insistiu em reforçar a importáncia do brincar-

Elena de Regoyos
Proibida a reprodução sem autorização

domingo, 18 de noviembre de 2012

Que que tem na teta da mamãe? Vamos criar e cantar!

Andava hoje passeando no solzinho presenteando Alicia com uma música que me vinha à cabeça espontáneamente e pensei... Por que não presentear todos os filhotes da Tribo com uma música criada por todas as mamães, autoria múltipla?

E daí surgiu uma idéia além, uma grata surpresa que ainda prefiro reservar guardadinha, com a que presentear todas vocês

Então, vamos criar!!

"Que que tem na teta da mamãe?"

Tem tanta coisa, né mamães? Bem sabemos que teta não é só alimento... Vamos lá!

Que que tem na teta da mamãe?
 
Será que tem meu leitinho
Será que tem um carinho
...

Continuem criando!

Deixem as suas frases nos comentários do post, ou enviem por correio para mamaedoula@gmail.com, e aguardem pela surpresa prometida!

--

Obrigada por suas contribuições! Escolhendo palavras e rimas dentre as suas aportações, pensando na facil compreensão das crianças e na adequação à futura surpresa que estamos preparando, o texto ficou assim...
 
Que que tem na teta da mamãe?
 
Que que tem na teta da mamãe?
Será que tem sobremesa? - Bolo de príncipe e princesa
Será que tem pomadinha? – Já passou o dodói na barriguinha
Que que tem na teta da mamãe?
Será que tem edredom? – feito de pele e coração
Será que tem validade? - Só vence a nossa saudade
Que que tem na teta da mamãe?
Será que tem vitamina? - Suco de morango e tangerina
Será que tem sossego? – Depois do dia o melhor aconchego
Que que tem na teta da mamãe?
Será que tem meu papai? – Abraça, cuida e daqui não sai
Será que tem canção? – Proteção que até espanta dragão
Que que tem na teta da mamãe?
Será que tem brincadeiras? – Pode ser também a noite inteira
Será que tem travesseiro? – Se tem Tetê eu durmo igual carneiro
Que que tem na teta da mamãe?
Será que tem colinho? - Sempre me embala com carinho
E mesmo morrendo de calor – sempre é uma explosão de amor
Que que tem na teta da mamãe?
Teta tem de tudo o que eu preciso – alimento, amor, remédio, tudo isso...
Inclusive a mamãe!!
Aguardem a surpresa!

lunes, 22 de octubre de 2012

Cinco dicas para você não perder a confiança na sua capacidades de amamentar durante as crises de crescimento

Sabemos que ao longo do aleitamento materno acontecem constantes mudanças tanto na demanda do bebê quanto na produção de leite da mãe. Se levamos a serio a livre demanda, mas livre demanda de verdade, estas mudanças não tem por que prejudicar a nossa amamentação, senão pelo contrário, son sinais de que ela está funcionando perfeitamente bem.

Por volta dos três meses do bebê acontece, eu diria, a mais importante ou asustadora crise de crescimento ou de amamentação. Um ótimo momento para testar qual é o grau de confiança que temos na nossa capacidade de amamentar. Aí vão 5 dicas para você reconhecer os sinais e, se não o estava fazendo, voltar a CONFIAR em você.

1. Que o seu peito agora esteja "murcho" sendo que antes parecia uma melancia madura, não quer dizer que você agora já não tenha leite. Nem sequer indica que tenha "menos leite". Significa, apenas, que por motivos hormonais esse hinchaço inicial da amamentação já passou, e também que a produção se adequou melhor à demanda do seu filho. Confie!

2. Que o seu bebê demore menos da metade do que antes ficava pendurado na teta em cada mamada não quer dizer que agora você tenha menos da metade de leite, senão que ele já tem mais do dobro de força e técnica para extrair o seu leite. Confie.

3. Que os discos absorventes ou concha para o leite que jorra do seu peito já sejam coisa do passado  porque você não suja mais sutiãs ou camisetas não quer dizer que já não tenha leite dentro. Quer dizer, simplesmente, que ele já não jorra mais. De novo é uma questão de adequação. Algumas mães nunca jorraram, outras param de fazê-lo em poucos meses e outras demoram mais de um ano! Mas nada a ver com a quantidade de leite dentro da mama. Confie.

4. Que o seu bebê demande mamar a cada 10 minutos (por exemplo) não quer dizer que você já não tenha leite e ele esteja com fome. É um indicativo de que ele está te estimulando com maior frequencia para lograr uma maior produção, porque ele está crescendo e precisa de mais. Em poucos dias vai se estabilizar. Se você da uma mamadeira de leite de fórmula achando que era fome, e pensa que "estava certa" vendo como ele se acalmou na hora, irão ser um monte de sugadas na mamadeira que ele vai deixar de estimular no seu peito, lhe impedindo de receber a mensagem de qual é o aumento de produção de leite que o seu bebê está demandando. Daí entra num círculo vicioso de "não estimulação" - "não produção" do qual não vai sair sem confiança no seu corpo e na sua capacidade de amamentar. Mas pode sair. Confie.

5. Que o seu filho viva agora brigando com o peito, puxando o bico, te mordendo e se mostrando irritado quando trata de mamar não indica que você não tenha leite. É mais um sinal do ponto explicado anteriormente. Se até agora ele conseguiu estimular adequadamente para conseguir o leite necessário, basta você continuar confiando nele e apostando pela livre demanda para a coisa continuar funcionando bem como até agora. Confie!

Está fantando algum sinal? Perguntem que respondo!

--

E vamos lá adicionando outros pontos mencionados por leitoras:

6. Que o seu filho "ainda" não durma a noite toda e acorde várias vezes (inclusive mais do que antes!) querendo mamar não quer dizer que o seu leite não o satisfaga o suficiente. O seu filho, com certeza, ainda está desenvolvendo os ritmos circadianos, o que geralmente demora vários anos em terminar de acontecer, mesmo tendo alguns bebês que dormem a noite toda, seja por desenvolvimento rápido ou por resignação ante a falta de atenção dos pais.

7. Que ele "esteja engordando menos" não indica que o seu leite já não lhe alimente, senão que as curvas de crescimento são isso, curvas, e não retas (como o Carlos González bem explica) e que o seu filho, por sorte, não vai continuar engordando ao mesmo ritmo eternamente. Os percentis também não são algo fixo.

Elena de Regoyos
Proibida a reprodução sem autorização

sábado, 20 de octubre de 2012

A vueltas con el chupete, "que si sí, que si no", y una vez más, la culpa

Si hay algo en esta tercera maternidad que estoy viviendo que me tiene loca es el puñetero chupete. Que sí, que estoy a estas alturas ya muy segura de lo que hago y de por qué lo hago, pero el chupete es como una piedra en el zapato que no deja de pinchar, oyes, ¡incluso siete meses después del parto!

Vamos a ver, con mi primer hijo usé chupete porque sí, porque era parte del pack completo, como tantas otras cosas que mi pobre Paulo tuvo que aguantar, y yo que trabajar después en autoterapia, aunque el chupete no fuera nada grave. Las hubo bastante más peligrosas.

Con el segundo, más informada y empoderada yo ya, y lanzada al mundo de la naturalidad tras mi recién estrenado parto domiciliar, no quise usarlo, pero algo antes de que completara un mes acabé cediendo, y después explicaré por qué.

Ahora con la tercera ni siquiera tenía uno (bueno, sí, uno viejo sin estrenar de cuando Adriano). A estas alturas del partido y de mi vida y sabiduría como madre, chupete iba a necesitar yo o uno de mis hijos, venga ya hombre.

La cruda realidad


Mis hijos no han sido nunca ninguno de "chupetar" teta (este verbo se usa en portugués para aludir al acto de usar la teta de chupete). Ellos eran de tragar hasta no poder más en pocos minutos, y después a otra cosa mariposa. Quizás también influyera mi poderoso reflejo de eyección, que hace que sea prácticamente imposible "chupetar" sin que salga un buen chorro de leche. Y claro, cuando uno ya está más que saciado y sólo busca el consuelo de la succión por mero placer oral, para adormecerse con gustirrinín, eso de que le salga un manguerazo de leche sienta a cuerno quemado.

Por eso acabé cediendo al chupete con Adriano, no sin un gran sentimiento de culpa por estar usando un trozo de silicona en lugar de una buena teta de carne y leche para consolar a mi hijo, como naturalmente se espera. Él mamaba, se saciaba, y luego quería succionar, succionar sin tragar. Se enganchaba a la teta, chorro de leche directo a la garganta y claro, cabreo al canto. Lloraba como un descosido el pobre, repitiendo esta maniobra una y otra vez. Y yo, erre que erre con que se calmara con la teta.

Un buen día -no sin cierta presión de la abuela- cedí al chupete y oye, ver a mi niño tan relajado y agusto me convenció. Tampoco era cuestión de hacerle sufrir al pobre por una cabezonería ultra naturista mía. Tampoco conocía y/o supe hacer uso de otras estrategias, má que cantarle, acunarle en brazos o hablarle con todo mi amor. Desde entonces, y ya como asesora de lactancia, siempre he aconsejado a las madres que me preguntaban pro este tema, que si querían usar chupete con sus hijos, lo hicieran como una herramienta más, nunca como sustituto del pecho-alimento o del pecho-cariño materno, pero que si veían que, por su caso particular, eso les ayudaba de alguna forma, decidieran conscientemente y sin culpas. "El chupete en sí no es ángel o demonio, sino que depende del uso que hagamos de él". Pues eso.

Pero una cosa es aconsejar a los otros, y otra aplicarse el cuento a una misma. Y la sombra del chupete-demonio acecha siempre, más aún cuando una está metida ya de lleno, e incluso forma parte activa, de esta naturalización de la maternidad, activismo incluido.

Adriano se deschupetó solito antes de los dos años. Simplesmente dejé de tener su chupete a la vista, y comprobé que jamás lo pidió. ¡Resultaba que lo usaba ya cada noche para dormirse sólo porque yo se lo ofrecía! Aún tomaba teta, pero como dije, nunca se durmió "chupetando" teta, se soltaba una vez saciado, daba media vuelta y a dormir. Nunca abusó del chupete, creo yo que por tener la teta de mamá siempre a disposición, pero fue una herramienta práctica y agradable para ambos, aunque principalmente para él. No siento que hiciéramos en absoluto un mal uso de él, ni "quisiera volver atrás para no habérselo dado nunca".

Mi "hija cumbre"

Con mi tercera hija yo ya ni me planteaba el chupete como posibilidad. Ésta también es de mamar como una hipopótama hasta saciarse, y después soltarse del pecho con total desdén. Lo que pasa es que con Alicia yo ya cuento con una herramienta que con Adriano no usé tanto ni desde tan pronto: el porteo. Mi niña no se duerme mamando, pero desde que nació se dormía colgadita de mí en su fular o bandolera, en contacto con mami. No empezó a usar la cama (mi cama) para las siestas hasta más o menos los 5 meses. A veces se chupaba sus deditos, pero duró unos meses y no era algo compulsivo. Me parecía tiernísimo, e incluso lo veía como una señal de triunfo de mi logro personal antichupetil.

Detalles:

1. En el coche llora como una descosida, con auténtica angustia, de ponerse morada y vomitar, y ahí no hay consuelo de bracitos de mami, porque tiene que ir en la sillita de seguridad. Sí, me pongo a su lado, la toco, lloro con ella, limito al máximo missalildas de coche, le hablo e incluso aplico el tetasutra para calmarla mamando. También he llegado a llevarla en el fular para evitar semejante agonía, pero no es lo suyo, lo sé.

2. Para dormirse de noche no me apetece tener que levantarme y meterla en un fular -o cargarla a pelo en brazos- hata que se duerma. De más pequeña lo hacía, sí, pero ahora la nena ya pesa lo suyo, y tampoco es plan, que mi espalda es un guiñapo de toda la vida, y hay que cuidarse.

Reconozco que con gran peso en mi conciencia y desde luego con mucha, muchísima vergüenza de mí misma como madre y como profesional de la lactancia, en algunas ocasiones le ofrecí chupete porque mi parte racional -¡¡la emocional sufría con esto horrores!!- me decía que si el chupete lograba calmar a la pobre niña en el coche y evitarle esos malos tragos pues oye, tan malo no sería. pero Alicia se aliaba con mi parte emocional y mandaba el chupete a freir espárragos en lo que canta un gallo. Reconozco que el hecho de que ella no lo quisiera me hacía sonreir internamente, orgullosa (¿de qué?). Pero el problema del coche seguía y sigue ahí, y la pobre lo pasa fatal.

Con las noches nos apañamos, porque más o menos de teta en teta, y haciendo intervalos, se acaba durmiendo. Pero estos días anda la niña que no se duerme ni a tiros, está agitada, y ni las siestas ni de noche se duerme fácil. Está intentando lanzarse a gatear, y la debe de tener emocionada y nerviosilla. Además de que su primer diente apunta en la encía ya. Muchas novedades. Total, que una vez saciada, y tras un intervalo saciada otra vez, y ya requetesaciada por aburrimiento, llega una hora que lo que hace es hablar con la teta, pero con ella dentro de la boca... y eso, para quien no lo haya vivido, le diré que duele. Es como esos niños que sujetan el chupete con las encías o dientes para chapurrear o hablar sin que se les caiga. Pues igual pero con un pezón. Duele. Y ahí he dicho que se acabó, así que hemos (he) desempolvado el chupete.

Cuál ha sido mi sorpresa al ver que ya no lo manda así tan drásticamente a freir espárragos. No es que le entusiasme, porque no se emociona con él, y si lo chupa (cuando lo chupa), lo hace por poco tiempo, un minutillo apenas. Pero oye, lo chupa. El otro día en el coche se lo fui dando y evitamos un viaje relativamente largo enterito de llantos. Lloriqueó, sí, porque como digo el chupete aún no es su mejor amigo, pero entre que lo chupaba, lo escupía, lo miraba, lo mordía, hablaba con él y lo lanzaba lejos a manotazos se fue entreteniendo y la cosa no llegó a grandes agonías. Los momentos en que lo chupaba ayudaron mucho, y las minisesiones de tetasutra cuando ya no había chupete que valiera, todo hay que decirlo, también.

Ayer tras varias tandas de teta para dormirse la siesta mañanera, y algún comienzo de parloteo teta en boca (una hora llevábamos ya en la cama las dos intentando que se durmiera), resolví probar con el chupete. ¡Lo chupó! ¿Pues no me alegré y todo? ¿Y no me sentí una piltrafa después? Todo a la vez, como viene siendo habitual en esto de la maternidad. Se durmió con él, y en bracitos, eso también. Hoy se adormiló a la teta, pero lloriqueando, soltando y cogiendo, soltando y cogiendo. Pues le he dado el chupete en ese momento de "me duermo-no me duermo", y ha sido como mano de santo, la balanza se fue ipso facto para el lado "me duermo". En bracitos otra vez. He de reconocer que el chupetito me está ayudando, pese a que siga sintiéndolo como una maldita piedra en el zapato.

Conclusión

Me viene ahora a la mente la frase de una amiga que dice que "ser madre es tragarse el urgullo y aceptar del mejor grado posible el escupitajo en la frente que te cae casi a diario", porque nada como criticar para tener que tragarte tus palabras, o como escupir para arriba para que el gargajo te caiga bien encima. Y si eres madre, más.

(Por cierto, ahora, con 9 meses, puedo ya asegurar que la nena no quiere chupete, y que aquello que me hizo pensar que sí lo estaba aceptando era algo así como un espejismo. Pero va soportando mejor -a veces- el coche y creo que ha pasado lo peor, así que ahora, lo reconozco, me alegro. Hemos sobrevivido sin chupete, ¡sobre todo gracias a la cabezonería de mi pequeña! No pienso ofrecérselo más :) )

viernes, 5 de octubre de 2012

Concurso SLING Semana Babywearing

Quer ganhar um sling na Semana do Babywearing?

1. Curta a página do facebook de MamaÉ Slings,
2. Envie uma foto para mamaedoula@gmail.com com o asunto "FOTO CONCURSO SLING", na quel se aprecie esse vínculo maravilhoso do contato pele a pele com o seu bebê (não precisa ser uma foto slingando, apenas uma foto de contato íntimo, carinhoso, intenso, "oxitocínico"... )
3. E escreva junto uma frase de por que vocês querem/precisam/merecem, etc, esse sling sorteado.

Admitimos fotos até o dia 14 de outubro, e o dia 20 será publicado o ganhador, que receberá (em pessoa ou por correio) o sling nos dias seguintes.

Boa sorte!

miércoles, 19 de septiembre de 2012

Para mães canguru! Ensaio fotográfico gratuito pela Semana do Babywearing

Vamos comemorar em tribo a Semana Internacional do Babywearing?

Dia: Domingo 21 de Outubro de 2012.
Hora: Das 9:30h às 11:30h.
Lugar: Parque das Águas de Campinas, próximo ao Parque Prado. Clicke aqui para ver mais do Parque e saber como chegar
-Leve algum lanchinho e bebida para o Pique Nique-

Se você é uma mãe canguru, adora levar o seu filhote sempre ao alcance dos seus beijos desfrutando da liberdade de movimentos e atividades que o sling te oferece, venha comemorar conosco! Faremos um lanchinho conjunto e desfrutaremos de uma manhã de passeio e brincadeiras com os nossos filhos de qualquer idade. E se ainda não é uma mãe slingueira, é a oportunidade ideal para se informar, se interessar e experimentar! Vai adorar esta forma de relacionamento com o seu bebê.

MamaÉ propõe, enquanto curtimos todos juntos, realizar uma sessão de fotos lindas para comemorar -e poder guardar como lembrança- este vínculo maravilhoso que compartilhamos com os nossos pequenos, sempre em contato com mamãe ou outra pessoa de confiança. Para isso, uma fotógrafa irá captando durante o encontro a mágica dos olhares, caricias, sorrisos, sonecas e demais gostosuras que acontecem enquanto slingamos os nossos filhotes.

Quantas mais pessoas comemoremos juntas, mais lindo vai ficar, e mais gostoso será o encontro! A reunião de mães -e pais- que criam juntos sempre resulta numa troca deliciosa.

Serão bemvindos pais, mães, tias e tios, avós e avôs, irmãs e irmãos, recém nascidos, bebezões, crianças, babás, padrinhos e madrinhas... E todo aquele que desfrute inmensamente desta forma de viver a criação do bebê/criança.

Tragam o seu sling, do tipo que fôr (salvo aqueles não ergonômicos, por favor): sling de argola, wrap sling, Mei Tai, canguru ergonômico, kanga, pouch, rebozo... E se não tiver, a gente empresta um!!

Para poder tirar as fotos, será necessário assinar um consentimento de uso de imagem para o portifólio da fotografa, que estara disponivel no dia do evento de forma gratuita. Todas as familias receberão via email duas fotos em alta resolução sem custo. As fotografias não serão utilizadas para nenhum outro fim.

Quem quiser participar do evento, escreva um email para mim -Elena-: mamaedoula@gmail.com

Nos vemos!

Divulgue!

jueves, 6 de septiembre de 2012

De novo a culpa... Quando o desmame natural vem da mãe

Amamentação, como já sabemos, é sempre coisa de dois: mãe e bebê, peito e boca, leite e fome, dar e receber, abraço e olhar, oferta e demanda, amar e ser amado. Se uma parte da díada não flui na amamentação, atinge a outra sem lugar a dúvidas. Por isso uma pega errada causa ferimentos no bico da mãe, e uma mãe ansiosa difficulta a mamada do filho. Por isso uma demanda atendida sem horários consegue a quantidade e qualidade de leite precisos para esse bebê naquele preciso instante.

Para que um bebê possa se alimentar do leite da mãe é preciso que a mãe queira lhe amamentar. Para que essa amamentação seja bem sucedida é preciso que a mãe confíe e se dê, conforme a demanda do filho.

Cada vez são mais as mães que querem amamentar conforme o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS): em exclusiva e sob livre demanda durante os primeiros seis meses, complementando com outros alimentos até o primeiro ano, e depois mantendo o aleitamento até, pelo menos, completar o segundo ano de vida. Depois disso, sem limites de idade, até quando mãe e filho/a quiserem. Essa é a recomendação oficial, internacionalmente adotada por quase todos os governos como propria, inclusive o brasileiro.

Desmame natural

Mas as mães que querem fazer as coisas desta forma, amamentando naturalmente sem ligar para determinadas pressões sociais que olham mal para uma criança "grande" mamando, muitas vezes se esquecem deste princípio básico que acabei de comentar: que amamentação é coisa de dois. Estas mães geralmente pretendem amamentar "até que o meu filho não queira mais, até ele largar o peito sozinho".

Acontece? Sim, é claro que isso acontece. Desmame natural é isso mesmo. É lindo amamentar até o filho começar largar o peito sozinho. É lindo, mas é duro também, pois geralmente estas mães passam por uma espécie de duelo quando o filho decide não mamar mais (proceso que geralmente demora muitos meses, e quase nunca é de um dia para o outro, salvo situações determinadas com condicionantes específicos).

Significa o final de uma fase especial de união amorosa única ente mãe e filho. É uma despedida, como todas as definitivas, sofrida. E traz uma saudade inmensa do filhote com boquinha de peixe grudado no peito olhando direto no olho da mãe, melancolia do sorriso furtivo com o bico ainda na boca, lembranças daquele mamá sanador após um machucado ou magoa emocional, da mãozinha dele brincando com o nosso colar enquanto mama. O melhor re-encontro após um dia de escola. A maneira mais gostosa de pegar no sono.

De qualquer forma, é lindo pensar que nós, mães, conseguimos respeitar o filho, nos dando -literalmente- a eles, até que ele mesmo não quis mais. As mães que conseguem este tipo de desmame natural geralmente comentam orgulhosas que "amamentei até ele sozinho largar o peito, até ele não querer mais". Lindo.

A outra cara da moeda

Mas e a mãe? O que acontece quando é a mãe quem sente que é hora de desmamar?

Não, não estou falando de dela decidir, racionalmente, que "já deu", ou que "para ele ficar menos dependiente de mim vou parar de amamentar", ou "a pediatra disse que o meu leite já não é tão importante assim e posso desmamar".

Não, não falo de desmame racional, de um desmame dirigido pelo motivo X ou Y, de um desmame programado e controlado, de um desmame por escolha cognitiva. Estou falando de um desmame NATURAL por parte de mãe. Isso tem um nome, e chama "Agitação da Amamentação". Não o desmame (que já tem este nome), senão essa sensação de rejeição da mãe.

Acontece, em muitas ocasiões, que a mãe que amamenta de forma prolongada (geralmente não acontece esta sensação antes do ano e meio, ou dois anos...) começa sentir uma rejeição intensa quando o filho começa sugar o peito dela. É uma força que vem de dentro. Não tem nada de racional. Não é dor. Não é desconforto. É uma sensação muito forte, interna, de rejeição. Sob risco de misturar asuntos aparentemente "nada a ver", creio que vale esta comparação, por se tratar de dois momentos intensos na sexualidade de mulher:

Quando uma mulher pratica o sexo, em plena liberação de oxitocina se sente imensamente poderosa, plena e feliz. Não tem nada melhor nesse momento. Depois de alcançar o clímax, essa oxitocina cai e a mulher sente uma rejeição muito grande se, por exemplo, continuam lhe "cutucando" o clítoris. Não é? É uma sensação de "sai daí AGORA".

Bom, esta Agitação da Amamentação é algo similar. É uma rejeição intensa não ao filho, senão à sucção da mamada. As mães descrevem sensações como as seguintes:

-"Sempre senti muita felicidade e muito prazer quando amamentava, fosse em casa, no banco da pracinha, no frio o no calor, fosse um filho ou o outro. Pois agora, em algumas ocasiões, quando o meu filho mais velho, de 2 anos, está mamando, sinto uma especie de mal humor, como uma irritação. Sinto vontade de lhe dizer: "vai, sai daí". Tadinho, não lhe digo isso, mas tento lhe distrair. Me perturba muito que me falte esse alto astral que empre esteve aí nos nossos momentos de amamentação. Por sorte isso só acontece algumas poucas vezes, não sempre, deve ser quando eu estou mais cansada. Penso que deve ser uma espécie de sinal neuroendocrina para começar pensar no desmame..."

-"É um sentimento como de desagrado, não de dor física... E muita culpa por me sentir assim, porque o meu filho não tinha culpa de nada. Nos ajudou muito combinar o tempo da mamada, como contar até 10 ou até um númer que ele e eu tínhamos combinado".

-"Minha filha já mamava apenas umas chupadinhas antes de dormir, cada dia, e creio que não tinha já mais leite. Ela dizia que sim com os dedinhos, que um pouquinho sim, enquanto mamava, mas a minha sensação de criança mamando com o peito vazio era pouco agradável. Eu sentia falta daquela sensação de peitos cheios, e o alivio e o agradavel que era sentir a minha filha esvaziando eles".

-"Meu filho desmamou com 2,5 anos, coincidindo com o segundo mês de gravidez do meu segundo filho. Comecei sentir esse desconforto, essa sensação esquisita, esse querer que ele terminasse rápido, o medo dele acordar de noite querendo mamar. Pensei que talvez o meu corpo estivesse me enviando um sinal para começar o desmame. Senti uma pena enorme de que um momento tão gostoso começasse virar uma obrigação dseconfortável, não queria ficar com essa lembrança amarga. Comecei fazer do nosso "momento especial" algo differente. Não deixamos de tê-lo, só mudamos mamada por carinhos de outro tipo. Não foi duro em absoluto para ele, mas eu fiquei chorando e com sentimento de culpa várias semanas".


Quando acontece?

Geralmente dsecrevem ter sentido ou estar sentindo esta Agitação da Amamentação algumas mães que amamentam um filho durante uma segunda gestação, ou mães que amamentam dois filhos de differentes idades (em tandem), sentindo esta agitação quando o mais velho mama. Também acontece com mães de crianças maiorzinhas que "ainda" mamam, ou com mães que começaram menstruar de novo. Às vezes elas sentem isso só durante a TPM, outras nos dias que estão menstruando, ou quando estão ovulando... Normalmente é mais frequente quando a mãe está mais cansada ou estressada.

E da mesma forma que tem mães que sentem isso, tem outras que nunca sentiram nada parecido, mesmo amamentando filhos de 6 anos. Quer dizer, a Agitação da Amamentação pode acontecer aos dois anos, aos 5 ou nunca, não tem uma idade na qual isto acontece. Me decidi escrever sobre a Agitação da Amamentação porque se sala pouco disso, e quando acontece com uma mãe, rara vez pensa que "isso faz parte", se sentindo mal, estranha e até culpada. Quase não temos no nosso entorno mães que amamentem de forma prolongada, por tanto estas coisas não são muito cohecidas. E a que conhecemos, muitas vezes não falam disto por sentir que "alguma coisa está errada". Então fica em silêncio, o que não ajuda a normalizar mais uma fase da amamentação, que pode acontecer com outras mães.

Daí chega a culpa

Quando a mãe percebe que em várias ocasiões vem sentindo esta rejeição tão intensa e poderosa quando o filho mama, muita vezes se sente péssima. Como eu disse, geralmente são mães que decidiram amamentar de forma prolongada "até o filho largar o peito". Estão respeitando ele e, derrepente, são elas as que não querem mais ele grudado no peito. Mas não querem mesmo, é uma força intensa que vem de detro para deixar isso bem claro. Como aceitar algo assim, se eles, que são adultas e teóricamente deveriam poder controlar o que sentem e fazem, não conseguem mais amamentar de uma forma gostosa? Isso dói.

Muitas mães consideram que não deveriam estar sentindo isso, que o filho não merece ser rejeitado assim. Quando isso acontece durante uma nova gestação, ou com a chegada do irmãozinho, esse sentimento de culpa se multiplica, pois pode parecer que estamos rejeitando o mais velho em favor do recém chegado, o que para uma mãe é completamente inconcebível.

Talvez ela compreendendo que é a natureza dela falando, agindo, e não o seu coração, poderia ficar mais tranquila ao respeito dos sentimentos dela pelos filhos. isso acontece, tem nome, está registrado e estudado. Não é ela agindo mal, ou sentindo coisas erradas, é uma força muito maior, a do instinto, lhe enviando alguma mensagem. Não cabe a culpa, o amor dela pelo filho mais velho não é menor por sentir isso. Ela pode continuar lhe amando cada dia mais, como até agora, em por isso deixar de respeitar o que o corpo lhe diz.

O que fazer

Lembremos aquele princípio: amamentação é coisa de dois! Da mesma forma (voltando às comparações com outros aspectos da vida sexual femenina) que é quase impossível chegar ao orgasmo ao mesmo tempo que o homem, é quase impossível sentir que está na hora de desmamar ao mesmo tempo que o filho. Às vezes será ele quem decida largar o peito, deixando a mãe com o dificil papel de assimilar aquilo. E outras será a mãe quem sinta que já deu, sempre me referido a uma sensação natural e instintiva, e não a uma decisão racional. Este caso é mais complicado, pois quem fica com o papel difícil é o filho, né? Daí a mãe pode ajudar com recursos de adulto, é claro, para não lhe deixar "largadão".

Onde fica, tantas e tantas vezes, o respeito a nós mesmas? Crianças aprendem por imitação quase tudo na vida. Talvez se lhes ensinamos a nos respeitarmos a nós mesmas, eles apreendam a se respeitar elas mesmas também.

O que fazer, então? Que tal respeitar esse instinto que nos vem tão de dentro quanto aquele que nos fez amamentar em corpo e alma até esse momento? Se o nosso corpo está nos dizendo "chega", por que não lhe escutar agora? Por que priorizar a razão nesta hora? Não é que a natureza é sábia? Então acreditemos nela, confiemos nas razões dela!

Podemos fazê-lo sem deixar de respeitar o nosso filho, que é com certeza o que não queremos deixar de fazer. Podemos ir explicando de uma forma compreensível à idade dele que o peito está cansado nessa hora, ou que a mamãe não está se sentindo bem para amamentar nesse momento... Podemos distrair a criança com outras coisas do interesse dela quando peça para mamar, como outros alimentos (um suco, talvez?), ou brincando com ele, ou lhe oferecendo outras formas de carinho e aconchego, como abraços, coceguinhas nas costas... cada mãe sabe do que o filho gosta e o que pode ser apropriado em cada momento.

Desta forma, de um modo gradual, podemos ir escutando o nosso corpo, respeitando-o, sem também forçar nada brusco com a criança, pois às vezes ela vai aceitar essas outras alternativas, e outras não. E vamos aos poucos. Mas fora culpa quando é o corpo quem nos fala, ta? Escutemos, compreendamos e decidamos :)

Elena de Regoyos
Artigo de MamaÉ
Proibida a reprodução total ou parcial

miércoles, 22 de agosto de 2012

Eu deixei o meu bebê chorar / Yo dejé llorar a mi bebé

(Texto en español, al final de éste)

Demorei mais de seis anos para reunir a coragem de escrever esse título, ainda mais para fazê-lo publicamente. Esta frase, "Eu deixei meu bebê chorar" me atormenta todos os dias, cada vez que olho nos olhos transparentes de meu filho mais velho. Sim, eu deixei meu bebê chorar, como infelizmente fazem milhares de mães em todo o mundo - "civilizado" - inteiro.

No final da minha primeira gestação passeava com a minha mãe, era o Dia do Livro e das livrarias tinham promoções nas ruas de Madrid. Quando eu vi esse título "Duérmete niño" (versão original do “Nana nenê”), eu me disse: "Como é que eu não tenho este livro?". Comprei-o, é claro. Ou a minha mãe comprou para mim, não me lembro. Eu o li em duas tardes. Ele explicava como “educar” o sono dos bebês, deixando-os chorar com uma tabela de tempos. Ele prometia milagres. Eu, que sempre fui muito dorminhoca, que deitava cedo e acordava tarde demais, morria de medo com esse item da maternidade: a falta de sono.

Meu bebê nasceu, e como dizia o livro, os três primeiros meses ele acordava normalmente, e eu o amamentava. Ele dormia no berço dele (é o único dos meus três filhos que teve um) ao meu lado, junto a minha cama como sempre vi em casa, e eu cuidei dele toda vez que ela acordava à noite. Nem era tão ruim assim como eu imaginava, meu filho nem acordava tantas vezes, algumas vezes apenas, e dormia logo, mamando. Depois de três meses, de acordo com o livro "já não devia mais acordar", então eu comecei a trabalhar.

O que eu fiz com o meu filho

Desculpem... eu não sei como começar. Dói cada palavra que eu escrevo. Eu não me lembro se eu segui o método fielmente (achava absurdo falar para um bebê de 3 meses no boneco Pepito que iria lhe acompanhar, e outros argumentos que explica o autor), eu acho também que eu pulava minutos para correr ver e falar com o meu filho "antes de tempo". As vezes até acarinhava ele, coisa totalmente “proibida”. Eu não sei se fiz aquilo por apenas três dias, como meu marido garante (eu acho que tentando minimizar o meu sofrimento), ou por semanas, ou meses. Nem sei se fui disciplinada com o método, ou se o adaptava ás minhas capacidades. Eu realmente não me lembro.

Sei que era só na hora de ir dormir, porque no meio da noite, as poucas vezes que ele acordava, eu sempre ia amamentá-lo, pois sabia que assim ele dormir logo, não me incomodava. Realmente o sono do meu filho nem sequer me incomodava, eu simplesmente pensava que, como o livro falava, "estava na hora dele aprender dormir sozinho, sob risco de graves sequelas na idade adulta".

Eu não me lembro como lhe fazia dormir. Mamando? Lembro-me de noites em que ele dormia mamando, sim, eu sentada na minha cama, ao lado de seu berço no escuro. Essas noites eram das que eu mais gostava, porque eu não sofria contradições internas. Eu só pensava, lhe olhando placidamente: "Sei que não deveria adormecer mamando, mas que bom que isso aconteceu!"

Ou dormia habitualmente comigo deitada ao lado dele, lhe dando a mão? Lembro-me também dessa cena, sim. Essa era difícil, porque ele chorava, imagino que pedindo colo ou teta, mas eu estava totalmente desconectada de suas necessidades. Acreditava que ele não poderia querer mais teta, não, se tinha acabado de mamar. Eu lhe acompanhava ao seu ladinho, lhe dando a mão, sofrendo por não saber lhe ajudar.

Eu acho que desejava mesmo que ele "aprendesse a dormir", porque eu não conseguia realmente lhe ajudar a dormir, e o choro dele me torturava, impotente, porque não me permitia a mim mesma pegá-lo no colo, embalá-lo ou amamentá-lo após ter se alimentado já ao peito (ele sugava com força e rapidez, e quando terminava se soltava, rara vez adormecia mamando). Talvez eu pensei que mais nos valiam umas noites mais intensas de choro, aplicando um método eficaz, do que meses de noites chorando por "não saber dormir", apesar de me ter ao seu lado. Eu não entendia que poderia pegá-lo no colo e embalá-lo para dormir.

Enfim, eu não sei se lhe deixei chorar exatamente como o livro indicava, contando os minutos fora do quarto para poder entrar, lhe falar, e sair novamente. Eu sei que eu o fiz, mas eu não consigo me lembrar, nem dos detalhes nem dos momentos específicos em que o fiz. Não consigo recordar como era a nossa rotina de ir dormir. Tenho a impressão de que ela era bastante variável, que nunca cumpri aquela tabela de horários fielmente, porque sei que nunca esperei mais de 3 minutos para entrar a falar com o meu filho. É como se meu cérebro tivesse apagado os detalhes da minha cabeça, para não me odiar tanto a mim mesma. Mas não da certo.

Eu também me lembro que eu esperava até ele estar com fome para, uma vez banhado e com o pijama vestido, levar ele para mamar já no quarto, as luzes baixas (o livro também proíbe isso, mas não sei porquê eu pulei esta proibição olímpicamente, e o fazia todos os dias, isso de fazer a ultima mamada antes de dormir sempre no escuro, já no quarto), e, assim, conseguir que ele dormisse mamando para não ter que passar a "outras" estratégias.

Uma recordação cravada na alma

Lembro-me, no entanto, claramente, de uma noite na qual eu segui o método, sim. A única da que eu me lembro, apesar de saber que talvez fossem mais. Lembro-me daquilo como gravado a fogo no meu coração. Ele estava chorando, eu estava fora do quarto e até tinha uma visita. Um amigo do meu marido. Falávamos com ele, mas minha cabeça não conseguia sair do quarto onde meu filho chorava, de onde surgia o seu grito angustiado de socorro, e ao qual eu não entrava sem antes dar três minutos no relógio. Lembro-me perfeitamente daquela parte da noite, cada detalhe, se eu fechar meus olhos é como se estivesse ainda lá. Eu não me lembro se ele terminou dormindo daquele jeito ou se eu acabei pegando ele no colo ou deitando ao lado dele, na minha cama.

Não, eu não me lembro dos detalhes do que eu fiz com o meu filho nesse sentido, mas isso não me faz sentir melhor, e saber que fiz aquilo me arranca lágrimas sempre. Acho que o meu filho, agora com seis anos de idade, também não se lembra, mas com certeza carrega uma magoa permanente dentro de si. Que importa se lembrar ou não, então?

O resultado da nossa cultura 

Mesmo antes de ser mãe, para mim o fato de que os bebês acordarem durante a noite era algo como "um erro comum, que tem como ser concertado, e que é melhor fazê-lo pelo bem de todos", como se de um estrabismo se tratasse. Este pensamento é o produto de nossa sociedade, está inserido na nossa cultura. Há uma profunda falta de conhecimento sobre as peculiaridades do sonho de bebês, sobre a importância da aquisição gradual dos padrões de sono de um adulto, um processo que leva anos. Acredita-se que, simplesmente, "os bebês dormem mal."

Mas o pior de tudo mesmo, é a grande desconexão que temos de nossas emoções, permitindo-nos deixar chorar a um ser indefeso apenas dependente do nosso cuidado, e pensando, inclusive, que estamos lhes fazendo um bem. Porque é claro que quem nos vende estes métodos (não importa se é Ferber, Estivill ou o a sua vizinha) não o faz como "aprenda a torturar o seu bebê pelo próprio conforto." Não, eles dizem que o bebê precisa aprender a dormir, que é algo que você faz para o seu bem, que é algo que eles precisam aprender a fazer, sob a ameaça de problemas de sono, mesmo na idade adulta!

Nenhuma mãe quer machucar seu filho

Eles exculpam você antes mesmo que você tenha feito, porque nenhuma mãe em seu são juízo iria querer machucar o seu filho, e muito menos de forma voluntária. Se não nos vendessem estes métodos como "beneficiosos" as mães não iriamos comprar.

O problema, como eu disse algumas linhas atrás, não é tanto que esses livros existem. O problema é muito mais profundo, é que esses livros, estes métodos triunfam porque nós, nossa sociedade, estamos dormidos a nossas emoções e as dos nossos filhos. Se chegarmos com estas teorias de deixar chorar um filho até cair dormido, autodrogado para evitar entrar em shock (por excesso de cortisol liberado), as comunidades que ainda reconhecem e respeitam seus sentimentos, eles iriam rir na nossa cara, ou expulsar-nos de lá tremendamente ofendidos, o mais provável. Mas a gente compra estes métodos porque não conhecemos nem reconhecemos nossas emoções, muito menos as respeitamos. E também, e agora falando sobre as mulheres, não confiamos em nós como mães. Temos lutado tanto para negar a nossa natureza feminina que já não sabemos como nos comportarmos quando ela se nos faz presente.

Maternidade sob controle 

Eu, no meu caso, posso tentar me justificar de muitas maneiras. Desculpas eu tenho muitas. Eu era uma mãe nova, oitava de uma família de nove irmãos que me julgavam sempre como "a pequena, a inconsciente", e sentia uma grande necessidade de demonstrar a todos que eu "controlava isso da maternidade".

Eu não tinha tribo nenhuma... Como faz bem uma tribo! Um grupo de mulheres, outras mães, que te ouçam, te apoiem, te compreendam, te digam que isso é normal, que elas também o viveram ou estão vivendo. E a quem você escutar, apoiar e compreender também, e dizer-lhes que o que sentem é normal, que você também passa por isso.

Eu não gostava nem queria receber juízos, críticas ou dúvidas sobre a minha capacidade como mãe. O fato é que hoje se julga mal uma mãe cujo filho "ainda não dorme durante a noite" (mesmo com um bebê de meses!). Se tende a pensar ou dizer que é porque a mãe está fazendo algo mal, que em alguma coisa ela está errando, ou mesmo até fracassando. Portanto, como eu precisava provar que tinha tudo sob controle, eu não podia permitir que o meu filho acordasse "ainda", precisava demonstrar, inclusive a mim mesma, que eu era capaz de conseguir o que parecia ser forçado a conseguir: "que o meu bebê não acordasse mais de noite". Alguém tinha me vendido que isso fazia parte do pacote de "boa mãe". Que paradoxo!

Outro reflexão interessante seria sobre o controle na maternidade. Parece que somos mais parabenizadas socialmente quanto mais somos capazes de "controlar" os nossos filhos. Um bebê que se mostra como tal (chorando, exigindo contato, teta, presença) incomoda. Sem mencionar o que acontece quando se trata de uma criança algo maior. Se você não controlar necessidades deles, as emoções em estado puro que eles evidenciam, a fome que sentem quando “não é para se sentir” e falta de apetite “na hora certa”, a necessidade de presença no meio da noite, as birras por coisas importantes para eles e absurdas para nós, a ira e atitudes agressivas contra um amigo que pega o brinquedo deles, o choro desconsolado quando quer comprar um chocolate no supermercado, a recusa de beijar aquela tia velha e o prazer deles em se lambuçar em uma poça de lama. Se você não controlar a natureza deles, será julgada como um fracasso de educadora.

Mais uma vez, a importância de se informar 

Mas estou indo para outro assunto. Bem, eu li o "Duérmete niño," o levei a prática de uma ou outra forma, e algo me fez continuar procurando. Daí deparei com um outro livro, "Dormir sin lágrimas", de Rosa Jové. Eu vi aquele título na livraria pensei: "Mas se isso existe, para que aquele outro?" E, obviamente, o comprei, e o devorei.

Eu reconheço que eu ainda procurava nesse livro uma solução para "esse erro de fábrica dos bebês, que insistem em acordar no meio da noite". Em lugar disso, eu encontrei um livro que não me dava soluções para as noites com o meu bebê, senão muitas informações e, sim, também formas de amenizar aquilo com respeito ao bebê. Eram informações sobre os ciclos de sono de bebês e crianças, e da evolução paulatina dos mesmos até chegar a ser iguais aos de um adulto, aí pelos 7 anos.

Ela explica, também, o tremendo dano emocional e neurológico podemos fazer para um bebê ou criança se o deixamos chorar. Todo com evidências científicas.

Se defender ou morrer... de vergonha 

Quando você tem feito isso como o seu filho, e depois de ter se informado sobre os danos para a integridade emocional e neurológica dele, te restam apenas dois caminhos:

1. Olhar para o outro lado, duvidar da evidência científica (?), se justificar ante si mesmo ("você também merecia descanso", por exemplo), tirar importância para não sofrer (repito: nenhuma mãe quer machucar seu filho), e claro, se defender com unhas e dentes contra qualquer um que te lembre que, sim, você agiu contra a integridade do seu filho.

2. Esconder o que você fez, envergonhada, traumatizada, arrependida. Apagá-lo de sua memória. Eu aparentemente escolhi a opção 2.

Agora o conto publicamente porque talvez me faça bem para continuar tentando me compreender a mim mesma, e talvez um dia me perdoar.

Eu reconheço que olho com inveja, e com muita raiva de mim mesma, as mães de primeira viagem que embalam seus bebês para lhes dormir, conectadas com eles e com os seus próprios instintos. Elas tinham a mesma desculpa que eu tive para não o fazer, mas tiveram a sensibilidade e coragem suficientes para escutar as necessidades do filho, e também para atendê-las. Mas cada um tece a sua própria história, e a minha é esta, por muito que isso me magoe.

Talvez tinha que ser assim para depois despertar a maternidade consciente já com toda a lenha no fogo. Talvez internamente precisava passar por isso, a fim de ser uma mãe melhor para o meu filho, e para os que vieram depois. Meu segundo e terceira filha nunca choraram nem choram sozinhos um minuto, se eu posso ajudar, igual como passou a ser como o mais velho depois. O segundo acordou no meio da noite, pedindo mamar, ate depois dos 3 anos. Eles dormem ao meu lado, como passou a fazer o mais velho também, quando eu acordei daquele nosso pesadelo, mais dele do que meu, e eles sabem que têm o seu pai e a mim sempre que precisar, seja de dia ou de noite.

Talvez eu precisava passar por isso também para ser a profissional que sou hoje, talvez essa experiência foi importante para hoje ter as convicções que tenho sobre a maternidade, da necessidade de apoio entre as mães, da importância de se informar e procurar companhias compreensivas. Talvez hoje eu me dedico a este mundo da maternidade porque o meu filho e eu passamos por aquilo. Talvez, carregando este sofrimento, eu possa ajudar a prevenir que outras mães e seus filhos passem pelo mesmo.

Eu não procuro, com este artigo, consolações. Muito menos comentários como: "não se torture, você fez o que precisava, as mães também somos pessoas e temos que descansar".

Eu não sei onde me esconder de mim mesma quando escuto comentários de outras mães na linha de "Como uma mãe pode fazer isso com seu filho?", porque para mim também é inconcebível, e eu me faço todos os dias essa mesma pergunta torturante sobre mim mesma. Como eu pude estar tão dormida as necessidades e a integridade de meu filho?

Por favor, não caia no meu terrível erro e informe-se:

O sono dos nossos filhos e as conseqüências de deixá-los chorar


Tem livros, como o citado de Rosa Jové ("Dormir sin lágrimas"), ou os de Elizabeth Pantley, mais voltados em métodos para ajudar a dormir ao bebê, mas sem deixar ele chorar (veja eles clickando aqui). Para quem saiba espanhol, tem também um site maravilhoso cheio de informação, dicas e outras mamães dispostas a ajudar: http://www.dormirsinllorar.com/

--

Yo dejé llorar a mi bebé

He tardado más de seis años en reunir el valor suficiente para escribir este título, aún más para hacerlo públicamente. Esta frase, “yo dejé a mi bebé llorar”, me martiriza cada día, cada vez que miro los ojos transparentes de mi hijo mayor. Sí, yo dejé a mi bebé llorar, como lamentablemente lo hacen miles de madres del mundo –“civilizado”- entero.

Hacia el final de mi embarazo paseaba con mi madre, era el Día del Libro y las librerías tenían promociones en las calles de Madrid. Me di de cara con aquel título “Duérmete niño”, y me dije “¿Cómo es que yo todavía no tengo este libro?”. Lo compré, claro. O me lo compró mi madre, no recuerdo. Lo leí en dos tardes. En él se explicaba cómo hacer para solucionar eso del sueño de los bebés, dejándolos llorar con una tabla de tiempos. Y prometía milagros. Siempre he sido muy muy dormilona, de acostarme muy pronto y despertarme muy tarde, y eso de la falta de sueño era lo que más me asustaba de la maternidad.

Mi bebé nació, y tal y como decía el libro, los primeros tres meses es normal que se despierten para mamar. Él dormía en su cunita (es el único hijo mío que ha tenido una) a mi lado, pegado a mi cama, y yo le amamantaba cada vez que se despertaba de noche. No me parecía ni tan terrible como decían, mi hijo no se despertaba tanto, además, unas pocas veces sólo. A partir de los tres meses, y según el libro, “ya no deberían despertarse más”, así que me puse manos a la obra.

Lo que hice con mi hijo

Lo siento… No sé bien cómo seguir. Me duele cada palabra que escribo. No recuerdo bien si seguí el método al pie de la letra (encontraba absurdo hablarle a un bebé de 3 meses sobre el muñequito Pepito y demás argumentos que explicaba el autor), creo que me comía bastantes minutos para correr a atender a mi pequeño “antes de tiempo”. A veces incluso le acariciaba, cosa totalmente "prohibida" por el libro. No sé si lo hice tan solo tres días, como mi marido asegura (creo que trata de minimizar mi sufrimiento), o durante semanas, o meses. Tampoco sé si lo seguía al pie de la letra o si lo adaptaba a mi manera. De verdad que no me acuerdo.

Sé que era sólo a la hora de dormir, porque en mitad de la noche, las pocas veces que se despertaba, siempre le daba teta. Sabía que así se dormía rápido, y no veía sentido en hacer nada diferente. Lo cierto es que el sueño de mi hijo no me molestaba en absoluto, pero pensaba que, como dice el libro "era hora de que aprendiera a dormirse solito, bajo amenaza de graves secuelas de sueño en la edad adulta".

No recuerdo cómo se dormía. ¿Mamando? Recuerdo noches en que le dormía mamando, sentada en mi cama, junto a su cunita, a oscuras. Eran las noches que más me gustaban, porque no tenía contradicciones internas. Sólo pensaba, mirándole plácidamente: “sé que no debería dormirse mamando, pero menos mal que lo ha hecho”.

¿Conmigo tumbada a su ladito, dándole la mano? También recuerdo esa escena, sí. Era duro, porque él lloraba, supongo que pidiéndome bracitos o teta, pero yo, totalmente desconectada de sus necesidades, no imaginaba que pudiera querer más teta, si acababa de tomar. Me quedaba ahí acompañándole, a su lado, dándole la mano, angustiada por no lograr ayudarle.

Creo que deseaba que él “aprendiera a dormir” porque yo no sabía ayudarle efectivamente a dormir y su llanto me angustiaba, pues no me permitía a mi misma cogerle en brazos, acunarle o darle de mamar después de haberse alimentado (él mamaba rápidamente y se soltaba al terminar, rara vez se quedaba mamando adormilado). Quizás yo pensaba que unas noches de lloro más intenso aplicando un método efectivo irían a ser mejor que meses de noches llorando por “no saber dormirse”, a pesar de tenerme a su lado. No entendía que pudiera cogerle en brazos y acunarle hasta dormir.

El caso es que no sé si le dejaba llorar al pie de la letra como indica el libro, contando los minutos fuera de la habitación para entrar a hablarle y salir de nuevo. Sé que lo hice, pero no logro recordarlo, no los detalles ni los momentos específicos en que lo hice, no recuerdo cómo era nuestra rutina de ir a dormir. Me da la impresión de que era bien variable, de que nunca me tomé aquella tabla de tiempos a rajatabla, pues nunca pasaba de los 3 minutos. Es como si mi cerebro hubiera borrado eso de mi cabeza para no odiarme tanto a mí misma. Pero no funciona.

También recuerdo que esperaba a que tuviera hambre para, una vez bañado y con el pijamita, poder meterme con él en el cuarto a darle de mamar a oscuras (en el libro dicen que eso no se puede hacer, pero no sé bien por qué, eso me lo saltaba a la torera, y lo hacía cada dia, lo de darle la última toma de antes de dormir a oscuras en el cuarto), y así conseguir que ese día se durmiera mamando y no tener que pasar a "otras" estrategias.

Un recuerdo clavado en mi alma

Recuerdo, eso sí, nítidamente, una noche en que seguí el método. La única que recuerdo, a pesar de saber que fueron más. Lo recuerdo como grabado a fuego en mi corazón. Recuerdo que él lloraba, recuerdo que yo estaba fuera del cuarto y que había una visita incluso. Un amigo de mi marido. Recuerdo que hablábamos con él, pero que mi cabeza no salía de la habitación donde mi hijo lloraba, desde la que salía su grito de socorro angustiado, y a la cual yo no iba sin antes pasar tres minutos en mi reloj. Recuerdo esa parte de la noche perfectamente, con detalle, si cierro los ojos es como si estuviera allí. Tampoco recuerdo si él acabó durmiéndose o si yo acabé cogiéndolo en brazos, o quedándome a su lado en la cama.

No, no recuerdo los detalles de lo que hice con mi hijo en ese sentido, pero eso no me hace sentir mejor, me arranca lágrimas saber que lo hice. Imagino que mi hijo, hoy de seis años, tampoco lo recuerda, pero lleva un daño permanente para siempre dentro de si. ¿Qué importa acordarse o no, entonces?

Fruto de nuestra cultura

Desde antes de ser madre, para mí el hecho de que los bebés se despierten de noche era algo así como “un error frecuente que había como corregir, y que era mejor hacerlo por el bien de todos”, igual que se corrige una mirada bizca con parches y gafas. Este pensamiento es fruto de nuestra sociedad, está grabado a fuego en nuestra cultura. Hay un profundo desconocimiento sobre las peculiaridades del sueño de los bebés, sobre la importancia de la adquisición paulatina de los ritmos de sueño de un adulto, un proceso que dura años. Se cree que, simplemente, “los bebés duermen mal”.

Lo peor de todo no es esto, es la inmensa desconexión que tenemos de nuestras emociones, que nos permiten dejar llorando a un ser indefenso que depende exclusivamente de nuestros cuidados, y hacerlo creyéndonos que les estamos haciendo incluso un bien. Porque quien te vende estos métodos (da igual que sea Ferber, Estivill o tu vecina), por supuesto, no lo hace como “aprenda a torturar a su bebé por comodidad propia”. No, ellos te dicen que el bebé necesita aprender a dormir, que es algo que haces por su bien, que es algo que necesita aprender a hacer, bajo amenaza de problemas de sueño ¡incluso en la vida adulta!

Ninguna madre quiere hacer daño a su hijo 

Ellos te exculpan antes de que lo hayas hecho incluso, porque ninguna madre en su sano juicio iría a querer hacerle daño a su hijo, menos aún voluntariamente. Si no nos vendieran estos métodos como “beneficiosos” no los compraríamos las madres.

El problema, como dije hace una líneas, no es tanto que existan estos libros. El problema es mucho más profundo, y es que estos libros, estos métodos, triunfan porque nosotros, nuestra sociedad, estamos dormidos a nuestras emociones y a las de nuestros hijos. Si llegáramos con estas recomendaciones de dejar llorar a un hijo hasta caer rendido, autodrogado para no entrar en shock (por exceso de cortisol liberado), a aquellas sociedades que aún reconocen y respetan sus emociones, se reirían en nuestra cara, o nos expulsarían de allí tremendamente ofendidos, más probablemente. Pero nosotros compramos estos métodos porque ni conocemos ni reconocemos nuestras emociones, mucho menos las respetamos, y además, y ahora hablo de las mujeres, no confiamos en nosotras como madres. Hemos luchado tanto por negar nuestra naturaleza femenina que no sabemos ya cómo comportarnos cuando ésta se nos hace presente.

Maternidad bajo control 

Yo, en mi caso, puedo intentar justificarme de muchas formas. Disculpas tengo muchas. Yo era una madre joven, octava de una familia de 9 hermanos que me tenían como “la pequeña, la inconsciente”, y sentía una gran necesidad de demostrarles a todos que yo “tenía eso de la maternidad controlado”.

No tenía tribu... Cuánto bien hace una tribu, un grupo de mujeres, otras madres, que te escuchen, te apoyen, te comprendan, te digan que eso es normal, que ellas también lo viven. Y a las que escuchar, apoyar y comprender también, y decirles que eso es normal.

No me gustaba ni quería recibir críticas, juicios o dudas sobre mi capacidad como madre. El hecho es que hoy en día se juzga mal a una madre cuyo hijo “aún no duerme toda la noche” (¡¡incluso con un bebé de meses!!), se tiende a pensar o a dar a entender que es porque ella está haciendo algo mal, se está equivocando, incluso que está fracasando. Por tanto, como yo necesitaba demostrar que lo tenía todo bajo control, no podía permitir que mi hijo se despertara “aún”, tenía que demostrarme incluso a mí misma que era capaz de conseguir lo que parecía ser obligado conseguir: “que mi bebé no se despertara en mitad de la noche”. Me habían vendido que eso formaba parte del paquete de “buena madre”. ¡Qué paradoja!

Otra reflexión sería esa del control en la maternidad. Parece que se nos felicita más socialmente cuanto más y mejor "controlamos" a nuestros hijos. Que un bebé se muestre como tal (llorando, exigiendo contacto, teta, presencia) incomoda. Ni hablemos de eso mismo en un niño ya algo más mayor. Si no controlamos sus exigencias, sus emociones en estado puro, su hambre fuera de horas y falta de apetito a la hora de comer, su necesidad de presencia en la noche, sus rabietas por cosas importantísimas para ellos y absurdas para nosotros, su rabia y actitud agresiva frente a un amigo que le quita un juguete, su llanto desconsolado porque quiere un chocolate en el supermercado, su negativa a besar a aquella tía abuela, su placer al saltar en un charco de barro. Si no controlamos su naturaleza, se nos juzgará como un fracaso de educadores.

Una vez más, qué importante es informarse 

Pero nos vamos del tema. Bueno, leí el “Duérmete niño”, lo puse en práctica de una manera u otra, y algo de mí me hizo seguir buscando. Llegué así a otro libro, “Dormir sin lágrimas”, de Rosa Jové. Vi ese título en la librería y recuerdo que pensé “pero si esto existe, ¿para qué lo otro?”, y obviamente lo compré, y lo devoré. Reconozco que aún buscaba en ese libro la solución para “ese error de fábrica de los bebés, que se empeñan en despertarse en medio de la noche”. Pero me encontré con un libro que en lugar de darme soluciones a las noches de mi bebé, me daba información, y también algunos consejos sobre cómo mejorar las noches respetando al bebé. Información sobre las fases de sueño de los bebés y niños, que poco a poco van evolucionando hasta ser como las de un adulto, cerca de los 7 años.

Explica la autora, también, el tremendo daño emocional y neurológico que le hacemos a un bebé o niño por dejarle llorar. Todo con evidencias científicas.

Defenderte o morir... de verguenza

Cuando le has hecho eso a tu hijo, y después de haberte informado sobre lo que conlleva para su integridad emocional y neurológica, te quedan apenas dos caminos:

1. Mirar para otro lado, dudar de las evidencias científicas (?), justificarte ante ti misma (“tu también merecías descansar”, por ejemplo), quitarle importancia para no sufrir (repito: ninguna madre desea hacerle daño a su hijo), y por supuesto defenderte con uñas y dientes ante quien pueda recordarte que sí, que has atentado contra la integridad de tu hijo.

2. Esconder lo que has hecho, avergonzarte, arrepentirte, traumatizarte. Borrarlo de tu memoria. Yo, al parecer, escogí la opción 2.

Lo cuento hoy públicamente porque supongo que me hace bien para seguir tratando de comprenderme a mi misma, y tal vez algún día perdonarme. 

Reconozco que miro con cierta envidia, y con mucha rabia hacia mí misma, a las mamas primerizas que acunan a sus bebes para dormirles, conectadas con ellos y con sus propios instintos. Ellas tenían la misma excusa que yo para no haberlo hecho, y sin embargo han tenido la sensibilidad y la valentía suficientes para escuchar las necesidades de su hijo, y para atenderlas. Pero cada uno teje su propia historia, y la mía es esta, mal que me pese.

Quizás tuvo que serlo para después poder despertar a la maternidad consciente con toda la leña en el fuego. Quizás internamente necesitaba pasar por eso para así ser una madre mejor para mi hijo, y para los que llegaron después. Mi segundo y tercera hija no lloraron ni lloran un solo minuto en soledad, si puedo evitarlo, igual que pasó a ocurrir con el mayor después de aquello. El segundo se ha despertado de noche pidiendo teta hasta después de los 3 años. Duermen junto a mí, como pasó a hacerlo el más mayor cuando desperté de aquella nuestra pesadilla, más suya que mía, y saben que cuentan con su padre y conmigo siempre que nos necesiten, sea de día o de noche.

Quizás necesitaba pasar por eso para, así, ser hoy la profesional que soy, quizás aquella experiencia era importante para tener hoy las convicciones que tengo sobre la maternidad, de la necesidad de apoyo entre madres, de lo importantísimo que es informarse y acompañarse de personas comprensivas. Tal vez hoy me dedique a este mundo de la maternidad porque mi hijo y yo pasamos por aquello. A lo mejor, cargando con este sufrimiento, puedo ayudar a evitar que otras madres y sus hijos pasen por lo mismo.

No busco, con este articulo, Consuelo. Mucho menos comentarios del tipo: “no te tortures, hiciste lo que necesitabas, las madres también somos personas y tenemos que descansar”. 

No sé donde esconderme de mí misma cuando escucho comentarios de otras madres en la línea de “Cómo una madre puede hacerle eso a su hijo!?, No me entra en la cabeza”, porque a mí tampoco me entra en la cabeza, y me hago cada día la misma torturante pregunta, sobre mí misma. Cómo pude estar tan dormida a las necesidades y a la integridad de mi hijo?

Por favor, no caigas en mi terrible error, e infórmate. Hay libros, como el citado de Rosa Jové ("Dormir sin lágrimas"), o los de Elizabeth Pantley, más centrados en métodos para ayudar a dormir al bebé, pero sin dejarle llorar (verlos pinchando aqui). Y una web maravillosa también llena de información, consejos y otras mamás dispuestas a ayudar: http://www.dormirsinllorar.com/