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viernes, 17 de octubre de 2014

Nó canguru na frente com wrap elástico. Pode?

Nó canguru com wrap elástico de MaMeMi, algodão + elastano
Dizia Don Quijote: "ladran, Sancho, luego caminamos". Fiquei sabendo que andam me difamando em um grupo do face. Eu deveria me sentir orgulhosa, dizem que só quem é "alguém" tem detractores. Até hoje eu pensava que era alguém no mundo do porta bebê no Brasil porque estou fazendo as coisas bem certinhas e sempre de maneira profissional. Mas olhaí, heim? Me difamando? Por que? O que eu fiz, além de trazer e divulgar todo o que eu sei, após anos de formação e experiência como assessora de porta bebê na Espanha e no Brasil?


Bom não quero saber quem é que me quer mal (prefiro, para que malgastar energias), mas quis saber qual a causa do "problema": E a causa é, parece ser, a amarração canguru feita com wrap elástico.

Vamos ponto por ponto.

Nó canguru com wrap elástico de MaMeMi, algodão + elastano
A amarração canguru é uma amarração ótima, porém mais "delicada" na técnica, pois ela originalmente termina com dois nós sob o bumbum do bebê, e não fazendo um "X" como a cruz envolvente, por exemplo, o que obriga a redobrar os cuidados com a bolsinha na qual o bebê se apoia, se senta. Se essa bolsinha não está bem bem bem feita, e o tecido não estiver bem bem bem tensionado, o nó não só não da certo, como que fica perigoso pois, efetivamente, o bebê pode cair por baixo (não temos bolsa bem feita para o bebê ficar bem sentado nela, e a falta de tensão faz com que ele possa tirar as pernas para baixo e cair).

Como fazer o nó canguru:



Partindo daí temos as seguintes limitações para o wrap elástico com esta amarração:

1. Ele geralmente é mais estreito que o wrap de sarja cruzada (não entro a falar dos wraps de malha de algodão, os produzidos no 98% das vezes aqui no Brasil, que se deformam com o uso e não dão boa sustentação), portanto só sobrará tecido em baixo para fazermos uma bolsinha de qualidade com bebês menores. Um bebê maior já não permitirá que sobre tecido embaixo para fazermos um bom asento. Quando sabemos quando o bebê já é grande para isso? Facil: quando não dê para fazer essa bolsinha bem feita, com o tecido entrando bem entre o corpo do bebê e o do portador.

2. Por ser elástico, quando tensionamos muito essa bolsinha-assento pode sair de entre o corpo do bebê e o do portador. É um risco não dos wraps elásticos, senão de um usuario pouco cuidadoso de wrap elástico. Devemos tensionar suficientemente como para os joelhos do bebê ficarem bem levantados, mas não tanto como para acabar desencapsulando o bebê. Desencapsular: desempacotar, desfazer o asento de tecido no qual ele está bem apoiado.

Então... podemos fazer um nó canguru com um wrap elástico? Definitivamente SIM. O nó canguru é o mais fisiológico para mãe e bebê, não precisamos/devemos renunciar a ele.

O que podemos fazer para que dê certo um nó canguru com um wrap elástico?

Ver video demonstrativo das limitações e de como resolvê-las:

https://www.youtube.com/watch?v=dMSmt0bAxpQ 




1. Usá-lo apenas com bebês cujo tamanho permitam fazer uma boa bolsinha-assento.
Bebês menores. O wrap elástico, de qualquer jeito, não é indicado para bebês grandes pois já não daria o suporte adequado.

2. Tensionar com cuidado para não desencapsular o bebê (já explicado lá encima).

3. Terminar a amarração de forma que nos dê mais segurança:
Opção 1: Em lugar de terminar a amarração com dois nós sob o bumbum do bebê, podemos dar mais segurança cruzando sob o bumbum dele da mesma forma em que cruzamos na cruz envolvente. Esse "X" já vai impedir o bebê cair por baixo.

Opção 2: Aproveitando que o wrap elástico geralmente é comprido, e que para o nó canguru precisamos realmente de pouco tecido (com um wrap de 3,20m já teriamos suficiente e os elásticos geralmente medem perto dos 4,50m ou 5m) podemos fazer com esse tecido que nos sobra um "nó canguru reforçado" (explicado no vídeo).

O babywearing, um arte VIVO

Dito isto, quero deixar aqui minha opinião de que no babywearing, igual que em qualquer outro ámbito, não tem nada decidido e fechado, que não possa ser modificado. Temos, sim, umas normas de segurança básicas e umas recomendações de uso adequado, todo isso baseado nas evidências que até hoje conhecemos. Sabemos como é adequado carregar um bebê, como não devemos fazê-lo (a pesar de termos produtoras, vendedoras e assessoras que explicam algumas dessas formas erradas ainda por todo o Brasil).

Normas de segurança e uso adequado de qualquer porta bebê:



Sempre que respeitemos essas normas de segurança e de bom babywearing, todo vale. Todo? TODO, sim, desde que respeitemos as normas de segurança e de carregar de forma adequada para o desenvolvimento fisiológico, emocional e neurolôgico do bebê, e também o relativo à nossa saude, a do adulto que carrega.

Podemos ainda, sim, inventar amarrações novas. Podemos e devemos fazê-lo! É divertido, é instrutivo, é prático... O proprio nó canguru é um invento de uma pessoa! Ele existe faz uns 10 anos apenas. Então, peguemos nosso wrap, ou nosso rebozo, ou nosso sling e testemos, experimentemos. Amarremos de forma diferente no final, usemos a argola de outra forma, passemos o tecido por cima do ombro em lugar de por baixo dele... Existem  inúmeras amarrações já inventadas, e inúmeras terminações de amarrações. Todas elas inventadas por pessoas que fizeram isso: pegaram seu porta bebê e brincaram com ele, testaram, inovaram. E conseguiram fazer coisas bem mais práticas do que já existia, ou bem mais estéticas, ou bem mais aptas para pessoas com dificudades para fazê-lo "daquela outra forma".

O babywearing não é algo pronto e fechado. É vivo. Todas nós podemos adicionar novas opções, desde que respeitemos a posição fisiolôgica do bebê e a nossa propria saude.

Mais artigos sobre babywearing clicando aqui.

Visite o site de MaMeMi para ver produtos, mais informações de porta bebês e videos: http://www.mamaememima.com


Elena de Regoyos para MaMeMi

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miércoles, 1 de octubre de 2014

Guia prática: tipos de porta bebê

Quantos pares de sapatos você tem?

Se você tivesse que escolher UM único par de sapatos da sua sapateira, qual escolheria para seu dia a dia?

Se você vai a uma sapateria e pergunta “Eu não tenho sapatos e preciso comprar um par, qual seria o melhor de todos para mim, por favor?”

 

Com os porta bebês acontece algo parecido... Cada tipo de porta bebê é mais indicado para uma fase do bebê, para um tipo de clima, para umas atividades ou melhor para outras, para usar de lado ou melhor de costas, para... Enfim, não existe um tipo de sapato objetivamente “melhor” que outro. Para um personal trainer, talvez o mais indicado, se tivesse que escolher apenas um par de sapatos para o dia a dia dele, seria um tênis. Já eu prefiro, para meu dia a dia, umas havaianas. E minha amiga Marta, advogada, não poderia prescindir de um sapato social no dia a dia dela. E mesmo assim, tanto eu, quanto o personal trainer quanto a advogada Marta, temos uma variedade na sapateira que nos permite mudar de sapatos segundo a atividade que vamos realizar esse dia, o frio ou calor que esteja fazendo, etc.

De igual forma, vou ter porta bebês mais indicados para um recém nascido, para crianças de mais idade, para fazer uma caminhada mais demorada ou para descer rápido do carro na padaria, comprar uns pães com o bebê e voltar para casa. Não quero usar o mesmo em um dia de chuva que um dia de calor sufocante.

O ideal, em realidade, se somos usuários de porta bebês habituais, seria ter uma variedade suficiente como para podermos usar em cada ocasião o que melhor se adapte as nossas necessidades desse dia. No final das contas... quantos pares de sapatos temos? “Mas é porque usamos sapatos todos os dias”. Pois é, e quantos dias, durante quantos anos, vamos carregar nossos filhos no colo? Não é melhor fazê-lo da forma mais confortável e apropriada possível em cada ocasião?

Se escolhemos um porta bebê fino, fresco, porque moramos num país quente, talvez vai chegar um dia em que ele não aporte suficiente sustentação a um bebê já maior. Porém se escolhemos um porta bebê mais prático na hora de amarrar, não vamos poder usá-lo durante os primeiros meses com nosso bebê sem comprometer o desenvolvimento fisiológico dele. E um mais rápido de usar? Pois é, mas dai o tipo de amarração que permite não distribui o peso de forma simétrica. Então, vamos lá saber mais de cada um?

Dentro dos porta bebês ergonômicos existe uma variedade muito grande, e cada tipo de carregador é mais indicado para uma fase, clima, atividade ou preferências inclusive estéticas do portador. Aqui vai, então, uma guia para lhes ajudar a escolher. Mas lembrem-se, a melhor forma de escolher é sempre se ajudando de uma boa assessoria e depois de experimentar em pessoa o porta bebê com seu filhote.

Antes de começar, advertimos que é imprescindível, sempre, verificar que estamos cumprindo todas as normas de segurança para carregar um bebê em qualquer tipo de porta bebê, que podem ver explicadas neste vídeo: 

https://www.youtube.com/watch?v=vNS6-8u6Ag0#t=529


1. Wrap (tanto elástico quanto tecido):

Wrap sling
-Desde o primeiro dia até etapas mais avançadas
-Respeita a posição fisiológica do bebê à perfeição
-Carrega o peso de forma simétrica no nosso corpo, distribuindo peso em ombros, costas, quadril...
-É o porta bebê mais versátil, permitindo uma numerosa variedade de amarrações, tanto na frente, quanto de lado ou nas costas.
-Existem wraps de diversos tamanhos, tanto para pessoas diferentes quanto para amarrações também diferentes (e que não sobre ou falte pano, dependendo do nó).
-É necessário aprender a usá-lo bem, e caprichar na amarração.
-Permite as posições fisiológicas de sapinho e de berço/amamentar.

Wrap elástico
1.1. Wrap elástico (de malha de algodão com elastano, nunca viscolycra e afins):

-Perfeito para recém nascidos pelo aconchego e a suavidade do tecido (sensação quase de útero).
-Só com ele podem se fazer pré-amarrações, o que ajuda a quem se sente inseguro de amarrar com o bebê no colo
-Mesmo não pré-amarrando, tensionar o wrap é mais fácil com o elástico, exige menos técnica.
-Por ser elástico, deixa de dar uma sustentação adequada quando o bebê tem um certo peso/tamanho/movimentação (geralmente serve durante o primeiro ano).
-Geralmente são mais estreitos, então para certas amarrações (especialmente as de tipo canguru, e com bebê já algo maiores) devemos tomar especial cuidado, tratando de cruzar depois as alças sob o bumbum do bebê para reforçar a amarração e que o assento não se desfaça.
-É algo mais quente que, por exemplo, um wrap tecido.

1.2. Wrap tecido (de sarja cruzada, não de malha de algodão ou similares!):

Wrap tecido
-É um porta bebê “para sempre”: desde o primeiro dia até... sempre! Práticamente qualquer idade/peso/tamanho.
-Costumam ser de algodão ou outras fibras naturais, portanto é mais fresco.
-Permite todas as amarrações com bebês de qualquer idade.
-Requer de mais capricho e técnica na hora de tensionar/amarrar.
-É mais fresco que o wrap elástico.
-Podemos fazer outros usos dele: usá-lo de rede para o bebê, de balanço para crianças ou adultos, usá-lo no trabalho de parto para nos pendurar nele e aliviar o peso ou para segurar e puxar durante o expulsivo...

2.Sling (de argolas, com argolas adequadas)

-É o “coringa” dos porta bebês. Ótimo como porta bebê de apoio, quando já temos outro que distribua melhor o peso, ideal para certas ocasiões.
Sling de argolas
-Desde o primeiro dia até “sempre” também.
-Permite carregar na frente, de lado e nas costas.
-Permite as posições fisiológicas de sapinho e de berço/amamentar.
-Quando dominada a técnica, é rápido e fácil de colocar (portanto ótimo para fases em que a criança já anda, porém cansa rápido, e pede colo picadinho e constante. Esse sobe e desce permanente fica mais fácil e confortável se usamos um sling de argolas).
-É fresco.
-Carrega todo o peso em um ombro só (cuidado quem tiver dor ou lesões na coluna).
-Ideal para bebês pequenos que ainda não pesam muito ou para usos não prolongados.
-Tem que fazer muito bem a bolsa sob o bumbum (fundamental para o bebê ficar bem sentadinho no tecido e para não cair por baixo, pois não tem um “X” que o impeça) e caprichar na tensão preguinha por preguinha para uma sustentação adequada.

3. Mei Tai

Mei Tai
-Ideal a partir do momento em que o bebê já senta por si só (tem controle da coluna), por volta dos 4-6 meses, pois é um carregador que não permite tensão preguinha por preguinha e, portanto, não oferece a sustentação ideal a cada vértebra.
-Distribui o peso em ombros, costas e quadril.
-Conforto similar a um wrap, sendo mais rápido e prático para colocar/amarrar.
-Facilita o momento de carregar o bebê/criança nas costas.
-Geralmente, segundo a largura da base do corpo, permite carregar crianças de até 3 anos. Porém, se ele é mais largo e ainda da uma boa sustentação de joelho a joelho, pode servir para crianças maiores.
-Costumam ser de dupla face.
-São frescos por estar mais arejado nas laterais do que um wrap.
-Permite carregar na frente, de lado e nas costas, na posição de sapinho.

4. Canguru ergonômico

Canguru ergonômico
-Ideal a partir do momento em que o bebê já senta por si só (tem controle da coluna), por volta dos 4-6 meses, pois é um carregador que não permite tensão preguinha por preguinha e, portanto, não oferece a sustentação ideal a cada vértebra.
-É o mais prático e rápido para colocar.
-Perde capricho na tensão, com respeito a outros carregadores.
-Distribui o peso em ombros e quadril.
-Geralmente, segundo a largura da base do corpo, permite carregar crianças de até 3 anos. Porém, se ele é mais largo e ainda da uma boa sustentação de joelho a joelho, pode servir para crianças maiores.
-Permite carregar na frente e nas costas.

5. Pouch

-Não é ideal por não permitir ajuste/tensão
Pouch
-Pode ser um bom “quebra-galho” para momentos rápidos, porém sempre devemos verificar que o bebê/criança não fique inseguro dentro dele, devido a essa impossibilidade de ajuste (remetemos ao vídeo de “normas de segurança no babywearing de MamaÉ me mima).
-Permite carregar na frente, de lado e nas costas.
-Nunca usar com bebês que ainda não tem controle da coluna (geralmente a partir do 6 mês).

Existem inúmeros tipos de porta bebês, tantos quanto vocês quiser inventar, dsde que carreguem o bebê de forma segura e confortável, e você se sinta bem usando-os. Porém tem outros já conhecidos, mesmo sendo geralmente menos utilizados, como a kanga africana, o onbuhimo japonês, o podaegi coreano, o rebozo mexicano, o aguayo peruano... Ficam para outros artigos!

Rebozo mexicano
Kanga africana



Artigo de Elena de Regoyos para MamaÉ me mima
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Quer usá-lo para algum fim pessoal/profissional? Peça autorização e cite autora e link original ;)

lunes, 1 de septiembre de 2014

Oficina babywearing de MamaÉ no Samauma Indaiatuba!

Vei ter workshop em Indaiatuba! Vamos?

Conheça os diferentes tipos de porta bebês (wraps elásticos e tecidos, slings de argolas, mei tais...), as particularidades de cada um e aprenda a usá-los com seus filhotes, para ver com qual você se sente mais a vontade. Uma manhã de roda de mães com filhotes como o seu, em volta de uma atividade que fomenta o vínculo com seu pequeno.

Aprenda com "MamaÉ me mima" a slingar de forma segura, confortavel e saudavel, tanto para seu bebê quanto para você, e aprenda a evitar as formas não seguras, não confortáveis e não saudáveis também!

-QUANDO: Domingo 7 de setembro, das 9h às 11:30h.

-ONDE: Samauma Indaiatuba - Rua 24 de maio, 2408 esquina com a guatemala

-INVESTIMENTO: R$60/pessoa - R$90/casal.

-INSCRIÇÕES: Dorothe Kolkena (dorothe@terra.com.br)

miércoles, 9 de julio de 2014

Formação de Assessoras de Babywearing em outubro/2014



Formação de assessora de babywearing – 11 e 12 de outubro de 2014
Para maiores informações e inscrições, clicke nas duas imagens para ampliar:



viernes, 18 de abril de 2014

O nó pré-amarrado, melhor só com wrap elástico. Veja por que...

Muitos manuais e muitos vendedores/produtores de wraps não elásticos explicam como fazer, com ele mesmo, o nó básico pré-amarrado, aquele que você amarra o wrap tudo inteiro e, só depois de terminar a amarração, mete o bebê dentro (duas faixas diagonais e uma horizontal por cima delas).

O resultado é: wraps pouco e mal tensionados, bebês com pouca e má sustentação (o que pode prejudicar o desenvolvimento dele, e até fechar vias respiratorias) e desconforto para quem carrega por falta de tensão, o que desloca o nosso centro de gravidade e nos obriga a curvar a coluna para compensar.

Quer saber por que essa amarração não pode ser feita com wraps que não elásticos, a pesar do que muitos manuais e vendedores digam? Aqui tem a explicação/demonstração, usando um wrap elástico e um que não é elástico para ilustrá-lo.

A alternativa? Ou fazê-lo com um wrap elástico, ou fazer outras amarrações como a cruz envolvente, a mochila cruzada ou o canguru na frente, que permitem tensionar com o bebê dentro, à medida dele.

lunes, 17 de marzo de 2014

Por que usar o Método Mãe Canguru com seu filho que não é pré-maturo


Muitas vezes ouvimos falar do tal do Método Mãe Canguru, mas sabemos realmente o que isso é? Eu quis trazer aqui os benefícios do método, dicas para praticá-lo e umas boas referências científicas que o avalam, para os que ainda pensem que a incubadora é melhor.

O que é o Método Mãe Canguru (MMC)?Informações obtidas da Organização Mundial da Saude (OMS) e de outras publicações científicas, como as realizadas pelo doutor Nils J. Bergman, que introduz o MMC em Sudáfrica, publicando várias pesquisas ao respeito, o MMC consiste em manter os bebês pré-maturos em contato permanente pele a pele com a mãe dele (de preferência), ou como alternativas, com o pai, uma enfermeira ou outro adulto que se disponha.

O que implica praticar o MMC:
-Contato pele a pele contínuo, dia e noite, com o bebê.
-Aleitamento materno exclusivo (de preferência).

Benefícios do MMC em pré-maturos estáveis de a partir de 1.200kg:

-Estimula o aleitamento materno: o contato pele a pele favorece a produção de leite materno. Os bebês do MMC mamam melhor e com maior frequência, o que beneficia ao aumento de peso tão necessário, sendo demostrado que os bebês do MMC podem engordar até 30 gramas por dia, três vezes mais do que um bebê em incubadora, o que reduz a estancia na UTI neonatal.

-Menos choro, diminuindo o nível de hormônios do stress (somatostatinas) no corpo do RN. Estes hormônios favorecem hemorragias cerebrais, muito comuns em bebês prematuros.

-Humanização da atenção neonatal potenciando a vinculação mãe-filho, ajudando a evitar situações de depressão pós-parto, muito comuns em casos de mães de pré-maturos por causa do sentimento de culpa e a ansiedade derivados do nascimento temprano do bebê. Praticando o MMC, à mãe tem a oportunidade de cuidar do bebê dela, dela mesma ser o entorno adequado para a melhor evolução do pequeno. Isso gera mais ocitocina, o hormônio do amor, acalmando-a e lhe ajudando na produção de leite.

-Segundo o estudo do Nils J. Bergman, o contato pele a pele é muito mais benéfico do que a incubadora para um recém-nascido. Em contato com a mãe, os bebês mantinham a temperatura corporal estável, estavam mais calmos, respiravam melhor e tinham a pressão arterial e batimentos cardíacos estáveis.
-Quanto menor era o bebê (a partir de 1.200kg), mais estável ele se mantinha em contato pele a pele, e menos na incubadora.

-O contato pele a pele favorece a sincronia de sono mãe-bebê, o que ajuda à mãe descansar melhor, enquanto o pequeno também dorme.

Como praticá-lo corretamente:

O bebê deve estar com pouca ou nenhuma roupa (fralda apenas é o ideal) na posição “de sapinho”, diretamente no peito da mãe, também sem roupa. Mãe e bebê devem ser cobertos, embrulhados, por um pano que ajude manter o bebê nesse lugar, devidamente segurado, lhe oferecendo conforto, sustentação e, claro, ajudando a manter o calor corporal dos dois corpos unidos. Um wrap sling é ideal, mas outros tecidos servem também.

A posição de sapinho é a mais fisiológica para o recém-nascido, e é a que deve ser usada no MMC. Ele teria a maior superfície corporal possível em contato com o corpo da mãe. Todo o frontal dele: rosto, peito, abdômen, braços e pernas, o que o estimula sensorialmente a través da pele, e o mantém mais facilmente aquecido. A flexão natural das perninhas dele deve ser respeitada.

Só para pré-maturos?

Não, se para um pré-maturo receber estes cuidados pode ser vital, para um bebê nascido a termo, recém-nascido ou já algo maior, todas estas vantagens do MMC também são muito importantes e benéficas no seu desenvolvimento fisiológico, emocional e neurológico, pois até os 9 meses de idade ele está ainda sendo gestado fora do útero materno, como já foi explicado neste artigo de MMM sobre a exterogestação.


Se podemos dar o melhor ao nosso filho, aquilo que vai lhe ajudar a se sentir seguro, ganhar peso, criar um vínculo amoroso com os pais, estabelecer conexões neuronais mais ricas, cuidar do desenvolvimento fisiológico mais adequado dele, estabelecer o aleitamento materno, ter melhores digestões e estabelecer todos os sistemas vitais dele... Seja pré-maturo ou não, para que iriamos privá-lo disso?

Texto de Elena de Regoyos para MAMAÉ ME MIMA
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domingo, 23 de febrero de 2014

A mãe que eu sou, graças e a pesar de minhas circunstâncias

Tenho uma amiga, Carolina, que é cega. Ela se preocupa porque os filhos dela (videntes) vão deixar de fazer algumas coisas por causa da deficiencia visual dela. Ela pensa que vai limitar eles, e que, portanto, eles vão ter uma vida pior.

O que eu acho ao respeito? O que eu acho é que Carolina é cega e não pode acompanhar aos filhos sozinha em certos lugares, assim como Mariana é doula e deve trabalhar certos dias e noites sem planificação, inclusive o dia do aniversário do filho; Cristina é mãe solteira e não pode se dividir com o pai quando ela ou os filhos precisem, Laura é muito tímida e fica sem participar e nem levar aos filhos em determinados encontros e festas sociais nas quais poderiam se divertir e Marcela é diretora executiva de uma grande empresa, sobrando quase nada de tempo para desfrutar da família. Cada uma com suas limitações, cada uma com suas vantagens. Sim, sim, porque todo na vida tem duas leituras. Toda moeda tem duas caras.

Cada uma de nós, com nossas qualidades proprias ou adquiridas, com nossas circunstâncias, podemos oferecer a nossos filhos grandes lições de vida e alma, e também lhes privaremos de outras coisas. Fato.

Tem aquela famíila com avós no interior, que todas as férias vão para lá se juntar com um enorme bando de primos e tios, tomam banho no rio, comem comidas caseiras maravilhosas, perseguem pintinhos e vivem livres, por umas semanas, se sabendo "em casa" ao ar livre. Tem às festas da cidade, as lojas de sempre onde o padeiro lhes conhece e costuma lhes dar alguma guloseima quando eles passam pela frente, as mesmas pessoas de sempre, as mesmas excursões, os mesmos esconderijos e cabanas, os amigos das fêrias, os primeiros namoros. O que eles pensarão que ganharam quando, adultos, lembrem das fêrias da infância deles? Do que eles, porém, foram privados?

Agora pensemos em essas outras famílias que, em cada fêrias, viajam para um destino diferente. Ora praia, ora montanha, esquí, pousadas ou até hotéis, Disney, aviões. Paisagens novas a cada viagem, línguas e comidas diversas, passeios cheios de descobertas, esportes de aventura, almoços em restaurantes. Amizades intensas e fugazes, beijos adolescentes e volta "à nossa vida". O que estas crianças, quando crescerem, vão lembrar com carinho daquelas fêrias? E do que, talvez, sintam falta quando ouvem falar àqueles outros?

Cada circunstância, cada condição, cada união de duas pessoas, cada um de nós, vamos trazer com a nossa pessoa, com o que nós somos, vantagens e disvantagens. Cada um de nós, com nossas circunstâncias (buscadas ou engolidas) vamos abrir janelas e oferecer caminhos aos nossos filhos, deixando outras fechadas. Talvez se abram amanhã, ou bem depois. Ou nunca. Podemos ficarmos nos lamentando por todas essas janelas que estão e vão permanecer fechadas por causa do que somos/temos, desejando o impossível para abrí-las, ou que alguém venha e as abra por nós. Existe, porém, a alternativa de pular para fora dessas outras que se abrem, e desfrutar desse caminho com o que ele nos oferece!

O que isso nos traz é a oportunidade de procurar o melhor com o que temos e com o que somos. Podemos lhes ensinar as vantagens da nossa circunstância, o que isso nos oferece de bom. Podemos, também, ser realistas com aquilo do que isso nos priva, não precisamos olhar para outro lado.

À qualidade de ser positivo, de optimizar o que somos e temos, é tão rica que faz com que as pessoas sejam felizes, e não vivam desejando ter ou ser o que não tem e nem são.

E aí? Você é pior que o vizinho, ou simplemente é "você com suas circunstâncias, e todo o que elas tem para oferecer"?

Texto de Elena de Regoyos para MAMAÉ ME MIMA
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