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martes, 12 de noviembre de 2013

10 Dicas para um melhor descanso (com filhos que acordam de noite)

Vira e mexe leio a postagem de alguém no facebook ou listas de maternagem descrevendo o cansaço e desespero pelas noites mal dormidas por causa do filhote que acorda, incluindo no relato as horas exatas em que o bebê acordou nas últimas noites.


Tenho três filhos. O primeiro começou dormir a noite inteira aos 6 meses, então ele não conta para este artigo. Mas o segundo acordou de noite até os 3 anos e pouco e a terceira tem um ano e 8 meses e parece ir por um caminho bem similar. O caminho mais comum, por outro lado.

Como nunca sofri e nem sofro com os despertares dos meus filhos, eis que pensei em analizar o por que, para talvez assim poder ajudar outras mães neste ponto. Esses são os pontos com os quais acho que posso ajudar:

Dica nº1: Informe-se sobre as fases de desenvolvimento dos bebês e crianças a respeito do sono (aqui tem um belo artigo sobre isso). Isso não vai fazer com que ele durma "melhor" e você descanse mais, porém conhecer o que podemos esperar de um bebê ou criança neste sentido, por ser parte do desenvolvimento natural dele, ajuda enormemente a compreender o que está acontecendo e, portanto, elimina parte da nossa angústia.

Dica nº2: Priorize o seu descanso. A cozinha sem arrumar pode esperar, o chão pode ser varrido menos vezes por semana, com certeza você também está linda sem fazer chapinha, cozinhar almoços mais simples não implica necessáriamente que sejam menos saudáveis, os brinquedos vão ficar espalhados de novo amanhã, passe apenas as roupas imprescindíveis... Peça ajuda com o que não puder ser substituído. E se puder, pague por ela. O seu descanso, sua saude física e mental, valem dinheiro.

Dica nº3: Vá dormir mais cedo. Eu sei que esse tempinho para você depois que o bebê dormiu é único e insubstituível. Que tal dedicá-lo a aquilo do que você mais precisa, e que é tão gostoso: DORMIR? Também sei que você precisa jantar, tomar banho, dar uma geralzinha na casa. Que tal tentar fazer isso tudo antes de colocar ele para dormir (tomar banho juntos, jantar juntos, fazer só um básico da geralzinha...), para assim não sobrar nada "para depois" e poder relaxar na hora de colocá-lo para dormir? Se não quer fazê-lo sempre, pelo menos de vez em quando. Estabeleça um mínimo de dias na semana para fazê-lo, e cumpra este compromisso consigo mesma. Você nem imagina o quanto essas horas aportam de descanso diário.

Dica nº4: Centre seus esforços no que você pode fazer para descansar mais, e não no que você pode fazer para o bebê dormir "melhor". Ele não dorme mal, ele dorme normalmente para a idade dele (remeto à dica nº1). Sim, acordar muitas vezes também é normal, assim como dormir a noite toda, só que no primeiro caso você se fode sai prejudicada. Mas não tem nada de errado com seu filho.

Portanto, não centre os esforços em mudá-lo lhe enfiando mamadeiras de elefante ou lhe dando remédios -naturais ou não- vários. É como se dessemos remédios -naturais ou não- para um bebê de "x" meses caminhar logo, porque estamos cansados de levá-lo no colo. Ele vai caminhar quando tiver que caminhar, quando estiver pronto e desenvolvido para isso. Medicar -naturalmente ou não- o desenvolvimento natural  não faz sentido. No sono também não. Mesmo nós estando imensamente cansadas por causa disso.

Dica nº5: Facilite a sua vida ou, melhor, as suas noites. Quer dizer: se o seu filho está em outro quarto e quando ele acorda você tem que levantar da cama, caminhar até o quarto dele, ficar lhe embalando em pé (caindo de sono), voltar para o seu quarto e tentar pegar o sono com o ouvido bem acordado para que, na hora que ele acordar de novo daqui a pouco, você levantar de novo... Enfim, veja se não tem uma alternativa que simplifique as suas noites como, por exemplo: levar o filhote para o seu quarto, ou inclusive para a sua cama.

Deixe os "mas e se ele acostuma com..." ou "e se o meu marido diz que..." ou "e se perco momentos preciosos para namorar...", para depois. Voltando à dica nº2: priorize o seu descanso. O resto são mitos ou medos infundados. Deixe-os para outro momento. Facilite as suas noites e priorize o seu descanso. Vai te trazer mais saúde mental e física. E de quebra o seu filho vai ficar mais feliz. Não soa bem?

Dica nº6: Não se feche a nada por ideologias ou achismos (sempre que seu filho e vocês se mantenham tratados com respeito!). Parece que vai contra a dica anterior, mas não vai, e sim a complementa. Quer dizer, se você é uma convencida do attachment parenting, mas a cama compartilhada não está dando certo porque, por algum motivo, seu filho acorda mais (talvez seu marido ou você ronquem, ou se mexam muito na cama, ou o pequeno seja muito calorento, ou falte realmente espaço...), tente outras opções. Às vezes é a gente quem acorda mais, mesmo ele dormindo bastante, porque talvez somos muito sensíveis a qualquer barulhinho, ou somos nós as calorentas, ou nos falte espaço, etc.

Experimente colocá-lo em um bercinho perto de você, ou em uma cama no seu quarto. Inclusive em outro quarto. Você não vai ser pior mãe, pois você apenas está vendo se isso da certo, se ele se sente bem com essa opção e se, de quebra, te ajuda a descansar melhor. Se não cumpre os objetivos, sempre pode repensar tudo. Mas não se feche. Experimente, lhe respeite, se respeite, e veja o que funciona melhor dentro destes parâmetros.

Dica nº7: De noite, não acorde seu cérebro. Como assim? Bem, eu não faço a menor idéia de quantas vezes a minha filha acorda de noite. Deve ser algum número entre 1 e 5, mas não sei mesmo quantas. Muito menos sei a que horas ela acorda. Ela acorda, eu devo colocar ela em posição para mamar deitada mesmo na cama (eu nem percebo que o faço, mas meu marido tem provas fotográficas que vou tentar recuperar para ilustrar o post), e continuamos dormindo. Ela também não "acorda" o cérebro, só faz um semidespertar para mamar e seguir dormindo. Se nessa hora eu ligo o interruptor do meu cérebro, depois vai ser muito mais difícil -para algumas pessoas práticamente impossível- voltar a dormir. O que é ligar o interruptor cerebral? Pensar coisas como essas:

-"Que horas são? 
-"Quantas vezes ela já acordou esta noite?" 
-"Quantas horas faltam para o despertador tocar?"
-"No total, eu tenho dormidas... tantas horas até agora, se eu conseguir dormir vou dormir..."
-"Não pode ser fome, só faz... tantos minutos desde que acordou a última vez"
-"Será que está entrando luz por aquela fresta?"
-"Agora que eu penso... creio que esqueci de deixar a minha camisa branca de molho para tirar aquela manchinha de manga".
-E tantas outras.

O seu filho acordou? Então não pense, simplesmente aja e siga dormindo. Claro, para isso é mais facil se você faz cama compartilhada. Mas tente adaptá-lo na medida do possível caso com você não funcione a cama compartilhada.

Dica nº8: Amamente. Amamentar é o melhor sedante para o nosso filho. É a maneira mais facil e simples de fazer ele dormir. A natureza traz tudo pensadinho e resolvido já. Levantar para preparar uma mamadeira é muito mais complicado (e não cumpre a regra nº7 de não acordar o cérebro). Amamentar te permite não ter que levantar da cama.

Se ele acorda com fome: amamentar resolve. Se ele acorda com sede: amamentar resolve. Se ele acorda com necessidade de contato ou presença: amamentar resolve. Se ele acorda com frio: amamentar resolve. Se ele acorda querendo um carinho: amamentar resolve. Se ele acorda assustado: amamentar resolve. Tem outras formas de resolver todas estas causas de despertares infantis? Claro que tem. Quem não amamenta não está perdido. Simplesmente vai ter mais trabalho. E voltando à dica nº2: priorize o seu descanso. Se amamentar resolve, não se complique.

Ademais, as mulheres que amamentamos segregamos um hormônio -só de noite!!- chamado L-Triptofano que nos ajuda a pegar no sono com mais facilidade (e ao nosso filho, por estar consumindo o nosso leite, também). Só que esse hormônio se perde apenas uns minutos após ele ter terminado de mamar. Então: dica nº7 (não acorde seu cérebro) para poder se aproveitar do efeito do L-Triptofano que segregamos enquanto amamentamos.

Dica nº9: Não dê ouvidos à prima da amiga da sua vizinha. Em geral, no seu papel de mãe, esta dica deveria ser uma das principais. Falando do sono, sempre vamos achar quem nos diga que:

-"Seu filho acorda porque você está fazendo "x" e, claro, assim eles acordam muito mais".
-"Nossa! O meu Pedrinho nessa idade já dormia a noite toda há 472 meses!"
-"Quando eles acordam depois dos "x" meses/anos é porque eles tem problemas com..."
-"Você precisa ensiná-lo dormir, ele está se aproveitando da boazinha que você é".
-"Seu leite não alimenta e por isso ele acorda".
-E milhares de outras pérolas com que daria para escrever um livro.

Não dê chance a isso, e se acontecer, não dê ouvidos. Claro que tem crianças que dormem mais e "melhor"  que a sua, e outras até que muito pior. Mas em que ajuda ficar se comparando com os outros? A grama do vizinho sepre parece mais verde, não acha? De repente ela pode ser sintética, ou ele pode ter usado adubo químico. Talvez seja até mais verde realmente. E daí? Para que comparar? Para se frustrar? Ela é de verdade melhor que a sua? O seu verde é diferente, é único? Aprecie a sua grama, mesmo gostando mais de outros tons de verde.

Portanto: Não precisa contar o que acontece para quem não vai lhe ajudar com isso, senão fazer o contrário (inclusive pediatras e família mais querida e próxima, às vezes). Selecione muito bem com quem você vai desabafar e, de preferência, que seja alguém empático, que não julgue, não critique, não te faça sentir inútil ou muito errada, não diagnostique "opinológicamente" o seu filho e não seja um mentiroso que conta maravilhas da experiência dele apenas para não se sentir "tão errada quanto você".

Dica nº10: Procure um grupo de apoio. Complementando a dica anterior, e para evitar pitacos e críticas que em nada ajudam, procure um grupo de criação ou maternagem na sua cidade ou bairro. Cada vez tem mais. E se não tem, existem muitas opções na internet: listas de maternagem, grupos no facebook, blogs... Mas, por favor, que sejam respeitosos com as crianças e não indiquem coisas como "deixe o seu bebê chorar para ele aprender, porque uma mãe feliz lhe faz bem". Mães que ouvem e são ouvidas, mães que conhecem histórias similares às delas, mães que se ajudam sem julgamentos, mães que podem chorar e rir em grupo... É tudo de bom!

Elena de Regoyos para MAMAÉ ME MIMA
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