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sábado, 20 de agosto de 2011

A alimentação complementar: que, quando, como e quanto devem comer os nossos bebês

Preparando o nosso encontro gratuito de apoio ao aleitamento materno da próxima terça feira dia 23 de agosto no Céu Aberto às 9:00h, eu quis trazer para vocês algumas idéias sobre a introdução da alimentação complementar dos nossos bebês. Leiam, curtam, divulguem e, claro, sintam-se convidadas a participar do encontro e convidar a quem quiser. Resulta muito gostoso, aliviador e gratificante compartilhar idéias, dicas, dúvidas, etc, com outras mães que estão na nossa mesma situação!

Saiba mais dos encontros de apoio ao aleitamento materno do MamaÉ clickando aqui.

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O nosso filhote chegou aos 6 meses (alguns começaram antes, outros depois, a idade é aproximada) e é hora de começar com as... papinhas? Melhor falemos da alimentação complementar, sem mais. De repente a gente não sabe o que dar primeiro para o bebê, como dá-lo para ele, quando ele deveria comer, antes ou depois de mamar? Perguntamos para o pediatra, ele nos explica umas pautas, a amiga fez diferente, a minha mãe mais diferente ainda... Quem está certo? A saúde do meu filho esta em jogo!!

Fonte da informação do artículo: “Un regalo para toda la vida. Guía de lactancia materna” (“Um presente para a vida toda. Guia de aleitamento materno”), do pediatra e especialista em aleitamento materno Carlos González.

Indicações básicas

-Nunca obriguemos a uma criança a comer

-Até os 6 meses, só leite, preferentemente do peito da mãe. Nem água, nem papinhas, nem suquinhos, nem chazinhos nem nenhum outro “inho”que possa passar pela nossa cabeça. A exceção poderia ser uma criança que entre os 4 e os 6 meses pede comida quando vê comer aos seus pais, ele pode ir experimentando. Ou se a mãe trabalha e não pode, não consegue ou não quer ordenhar as suas mamas, é preferível adiantar a alimentação complementar antes de dar para a criança leite artificial (isto é porque é potencialmente mais alergênico o leite de vaca, com o qual é feito o leite de fórmula, do que os alimentos que poderíamos ir introduzindo em lugar de isso).

-A partir dos 6 meses podemos ir oferecendo, sem forçar, outros alimentos depois de mamar no peito.

-Não suprimir mamadas para dar papinhas em lugar delas. Até completar o primeiro ano um bebê deveria mamar pelo menos 5 ou 7 vezes por dia, e se é mais, melhor. “Alimentação complementar” é isso, complementaria ao leito materno, que será o alimento principal até pelo menos o primeiro ano. É uma toma de contato com o que será a alimentação da criança quando ela for maior, é uma experimentação, não uma alimentação de primeira linha, que como disse, continuará sendo ainda o leite materno. Excepcionalmente substituirão algumas mamadas por alimentação complementar as crianças que não possam ficar o dia todo com a mãe porque esta trabalhe fora de casa, depois eles compensarão essas mamadas (talvez durante a noite).

-Oferecer os novos alimentos de um em um, com alguns dias de separação, e começar com poucas quantidades.

-Começar com o glúten quando a criança ainda mama no peito. Durante um mês ou mais dar para ela quantidades muito pequenas do mesmo, o que quer dizer que a maioria de cereais que a criança consuma deverão ser sem glúten ainda.

-Se o bebê mama no peito sob livre demanda, ele já toma leite suficiente, e da melhor qualidade. Ele não precisa nem é conveniente que consuma outro tipo de leite, nem derivados lácteos, nem yogurtes, nem papinhas lactadas. Se você usa cereais em pó para bebês, compre-os sem leite e não os misture com leite, pode disolvê-los em água, caldinho ou suco. Não é por puro fanatismo contra o leite. Acontece freqüentemente que o leite das papinhas produz alergias.

-Escorra os alimentos, não encha a barriga da criança de água ou caldo.

-Não dê para ela alimentos que sejam potencialmente alergênicos (principalmente leite de vaca e derivados, ovos, peixe, soja, frutos secos ou qualquer outro que produza alergia em algum membro da família) até pelo menos os 12 meses.

-Não adicione açúcar aos alimentos do bebê, nem sal (ou a mínima possível, e sempre iodada).

-Continue amamentando ele até os dois anos ou mais.

-A ordem dos differentes alimentos não tem importância. Não existe uma idade certa para a carne, para as frutas ou para os cereais, salvo os potencialmente alergênicos que já foram comentados.

-A partir do primeiro ano ele poderá comer de tudo (sempre que ele queira), salvo que exista um motivo específico para não fazê-lo. E claro, não é questão de oferecer tudo de uma vez no dia do seu primeiro aniversário!!

Passando à prática

As crianças (sobre tudo aquelas que mamam no peito) costumam preferir os mesmos alimentos que os seus pais comem, e não outros cozinhados especificamente para eles.

Não é necessário triturar os alimentos. As trituradoras eletrônicas foram inventadas há apenas umas décadas, e nenhuma criança antes disso sofreu desnutrição por falta de uma papinha triturada. Alguns exemplos:

-Você pode ralar maçã ou pêra para ele, ou cortar fatias tão finas que possam ser dobradas.

-Banana em fatias fininhas ou amassada com um garfo.

-Um gomo de laranja ou mexerica que ele chupa enquanto você segura para ele não engolir inteiro.

-Legumes cozidas do tamanho de um dadinho para ele pegá-las com os seus dedinhos.

-Frango ou carne cozida ou na chapa cortada em tirinhas muito finas transversais à fibra, que ele pegara com a sua mão e chupará ou morderá experimentando gostos e texturas (lembrem que é uma experimentação, a alimentação forte dele ainda será o seu leite).

-Carne moída refogada (sem temperar) de tal jeito que fiquem umas divertidas bolinhas que ele pode pegar com os dedos.

-Arroz (melhor de risotto ou paella, que é mais mole), bem molinho, com um fio de azeite provavelmente ele gostara mais e ficara mais calórico e saudável.

-Uma casquinha de pão para ele pegar inteira e chupá-la.

-Massa. Para que fique pequena é melhor usar massa para sopa, e colocar molho de tomate caseiro em ela.

-Feijão, lentilhas, grão de bico... cozidas e amassadas com o garfo. No começo é conveniente retirar a pele dura deles.

A maior parte dos dias você não vai precisar cozinhar coisas diferentes para o seu bebê. Bastara com separar uma porçãozinha antes de temperar ou salgar os alimentos. Cuidado com a massa que leva ovos, compre da barata, a que é só cereal. Olhe bem os ingredientes dos biscoitos...podem conter leite ou ovos.

Podemos ir introduzindo os alimentos na ordem que queiramos, sem ter que fazer monográficos da fruta (primeira semana maçã, segunda banana, terceira mamão...). Podemos introduzir a primeira semana maçã, a segunda arroz, a terceira frango, a quarta cenoura...

A vitamina C da fruta ou do tomate faz com que ele absorva melhor o ferro dos cereais, legumes e da carne. Sem vitamina C o ferro é muito mal absorvido pelo corpo, por isso é recomendável que esses grupos alimentares permaneçam unidos no estômago. Por isso faz sentido não dar o arroz ao meio-dia e a fruta à tarde, já que desse jeito eles não se misturam. É mais lógico como os adultos fazemos: comemos salada, cereais, carne e fruta em uma refeição só, de tal forma que eles se complementam.

É importante que eles absorvam bem o ferro, já que o leite materno é limitado em ferro, e a maior parte do ferro de um bebê provém do sangue da mãe que foi passando até ele durante a gestação e na hora do parto (por isso é importante não cortar o cordão umbilical precocemente, já que estamos impedindo um imenso aporte de ferro que ficara a modo de reservas para esse recém nascido durante os seus primeiros meses). Por isso é comum que alguns bebês a partir dos 6 meses comecem ter anemia. As suas reservas de ferro estão se esgotando e eles precisam recuperá-lo com a alimentação complementar.

E se ele não quer comer?

Bom... Nenhum ser vivo no seu meio natural, com alimentos propícios à sua espécie ao seu alcance esta desnutrido nem morre de fome. Simplesmente eles sabem o que eles têm que comer, e quanto!! Por quê desconfiamos dessa capacidade no ser humano? Por que escolhemos por nossos filhos o que eles tem que comer, a que horas e quanto? Claro que não vamos oferecer para eles alimentos não saudáveis (açucarados, gordurosos, com corantes, etc), mas oferecendo alimentos básicos saudáveis e adequados à sua idade, devemos confiar em eles, cujo sentido da auto-percepção corporal ainda não foi atrofiado, e corre o risco de sê-lo com esse: “come mais”, “mais um pouquinho só”, “é importante você comer disso porque faz bem”, etc. Tem crianças que rejeitam a fruta, e depois é sabido que tinham intolerância ao frutose, e isso acontece com alergias (crianças que rejeitam glúten, lácteos, etc). A gente tem que aprender confiar em eles.

Quando uma criança se nega a comer a gente não pode abrigá-la. Não somente é anti-ético, senão que resulta inútil, e acaba sendo um martírio para os pais, mais sobre tudo para a criaturinha.

Baby Led Weaning

É um método de introdução da alimentação complementar conhecido internacionalmente e cada vez com mais seguidores. Consiste em uma introdução da alimentação complementar dirigida pelo bebê, sob livre demanda. Você pode ler muito sobre este método em vários sites dedicados a ele, onde explicam o que consiste, são compartilhadas receitas, vídeos, evidências científicas, etc. Pode lê-lo em inglês aqui, ou em espanhol aqui.

Basicamente seria colocar ao alcance das crianças alimentos saudáveis e variados (é importante porque daí eles escolhem o aquele do qual ele mais esta precisando, dependendo das suas reservas de ferro, calorias, vitaminas ou minerais). Ele fica sentado à mesa com toda a família na hora do almoço e vai aprendendo por imitação.
No começo daremos para eles alimentos moles em pedaços grandes (mais ou menos do tamanho da sua mãozinha) que ele possa ir chupando. Ou inclusive amassados para que ele possa pegá-los com os seus dedos, permitindo que ele vá melhorando a técnica da “pinça inteligente”; com os seus dedinhos. Antes que a gente perceba, o nosso filho usara adequadamente os talheres e bebera água no copo quando outras crianças da sua idade ainda estão na mamadeira e na papinha triturada, de colher (dada pela mãe, é claro).

No início eles basicamente brincam com a comida e se limitam a experimentar gostos, texturas, etc. Esse é o objetivo, mais educacional do que nutricional, já que a maiorias das suas necesidades nutricionais estão satisfeitas pelo aleitamento materno, ainda mantido.

Elena de Regoyos
(19) 9391 4134

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