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lunes, 7 de noviembre de 2011

Desfraldar ou não desfraldar... Essa é a questão. Como, quando e por que tirar a fralda dos nossos filhos

Pois é... chegam os dois aninhos, ou antes até, e as amigas, cunhadas, avôs e resto da sociedade (inclusive as professoras de escolinha) começam nos pressionar, mais uma vez, sim, como ao longo destes primeiros dois anos de mães, com a retirada da fralda dos nossos filhotes. Antes foi com “até quando você vai de mamar para ele no peito”, e o “Ainda dorme no seu quarto?”, sem esquecer do “você fica demasiado tempo com ele no colo”. Pois bem amiga... chegou a hora da fralda.

Pegue ar e se prepare, que a competição chegou de novo. O seu entorno “maternal” vai te bombardear com frases do tipo “meu filho com “x” meses já controlava o xixí”, “meu menganinho foi terrível, ele não me avisava nunca e eu tinha que ir atrás dele perguntando a toda hora se queria fazer cocô ou não, ao final ele sempre fazia nas calças, um horror”, ou “aproveite agora que esta calor, e assim é mais fácil”.

E a criança? O que ela têm a dizer em isto? No final das contas, não é um processo dela? Não tem a ver com a maduração dela como pessoa? Não têm a ver com a suas vontades e capacidades adquiridas ou não? Vamos decidir NÓS quando ela deve começar segurar o xixí ou o outro, só porque a filha da fulana já esta controlando ou porque agora é bom momento para mim?

Controlar os esfíncteres, ao igual que comer alimentos de adulto, caminhar ou falar, faz parte da evolução da criança. Não podemos forçar elas a fazer essas coisas antes delas estiverem prontas para fazê-lo, porque só vamos conseguir resultados como: frustração, stress, culpa e tristeza. De quem? Nossa, sim, é claro, mas principalmente da criança, acredite.

Não podemos ensinar a controlar os esfíncteres, isso não se ensina, isso se adquire (como o falar, o caminhar ou o engolir sólidos). É um processo gradual, demorado e lento. E o fato de ter deixado as fraldas com 18 meses, 2 anos ou 3 e meio não vai influenciar ao desenvolvimento da criança, nem às propriedades intelectuais dela na vida adulta. Ninguém vai lhe perguntar na faculdade quando ele aprendeu a falar ou a controlar o xixí.

Tendo definido uma idade "normal" de 2 anos para o controle da bexiga, criamos um problema principalmente para os nossos filhos.
Bem na segunda metade do segundo ano de vida (ou seja, após o ano e meio), alguns bebês podem começar a perceber quando eles têm uma fralda suja, ou mesmo quando "eles estão fazendo". Este é um grande avanço, mas é só o primeiro de um processo lento que pode levar cerca de dois anos, resultando em finalmente um controle do intestino e da bexiga. Reconhecer que "já fiz" não quer dizer que ele já saiba se antecipar a "quando eu vou fazer", e menos ainda a controlar se fazê-lo ou não fazê-lo.

Esperar para o verão

Use o verão para remover a fralda é uma conveniência dos adultos. Então, incluímos no mesmo “saco” à criança de um ano e meio, a de 2 e a de 2 e meio também. E começa essa “maravilhosa” fase de perseguir incansavelmente às crianças perguntando se elas querem fazer xixi, eu tocando a roupa delas, sentando-as no vaso sanitário sem conseguir nada. Passamos horas preciosas de comunicação nesta nova escala de valores onde o mais importante, colocando alegre ou triste a mãe, é "se ele fez ou não fez."

O estágio de aquisição de controle esfincteriano dos nossos filhos inclui, sim, o prazer das crianças serem capazes de decidir, pela primeira vez, se eles seguram o seu xixi ou cocô, e fazê-lo onde e quando quer, a demarcação de uma zona de autonomia maravilhosa para experimentar. É um lugar de poder onde se decide, e faz com que eles liberem este prazer da capacidade de fazer coisas por si mesmos.

E de noite?

O controle noturno merece um capítulo à parte. Apesar de uma criança controlar perfeitamente os esfíncteres durante o dia, pode demorar muitos meses até mesmo ser capaz de fazê-lo à noite. Costuma-se dizer que, depois de várias noites com uma fralda seca, o bebê está pronto para dormir sem ele.

Ao pensar sobre isso, é importante observar que:

-A criança deve concordar e saber exatamente o que está acontecendo, o que se espera dela ("já que você esta amanhecendo sequinho, você quer tentar dormir sem fralda? Eu coloquei um plástico sob o lençol para que você não se preocupe se você fizer xixi. Se quiser a gente testa, senão pode ser mais para a frente").

-Como qualquer processo, o controle do intestino e da bexiga não é linear, mas haverá muitos altos e baixos. Isso é parte do que é esperado e, o mais importante de tudo, nossos filhos sabem que os acompanhamos em este processo e que vamos esperar o tempo que for preciso.

É muito importante o reforço positivo ("que legal, você conseguiu, eu estou orgulhoso de você", etc). Sob nenhuma circunstância é aceitável que desafiemos a criança, a humilhemos ou ridiculizemos comparando-a com outros amigos ou familiares. É importante lembrar sempre que não há nada que ele possa fazer para controlar, ele vai controlar quando estiver pronto para isso.

Não voltar para trás? Regressão?
É muito freqüente isso de “uma vez retirada a fralda, não pode voltar atrás pois confunde a criança”. Sob o meu entender, o que confunde à criança e ficar insistindo em uma coisa que ela não esta pronta para afrontar. O que confunde à criança é a falta de compreensão da mãe, do pai ou o cuidador que for, que exige dela uma coisa que ela não pode ainda fazer, e que não pode voltar para atrás “porque senão confunde à criança”.

Respeitemos os nossos filhos, deixemos que eles nos mostrem o caminho quando se trata do desenvolvimento deles mesmos, confiemos em que eles adquirirão todas essas capacidades, no tempo que for adequado para eles, e cuidemos para não esperar mais deles do que eles podem nos oferecer.

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Elena de Regoyos - MamaÉ Slings
-Doula e assessora parental
-Consultora de slings e aleitamento materno

http://www.mamaedoula.blogspot.com/
Tlf Brasil: +55 19-9391 4134 Tlf España: +34 696 08 25 21

8 comentarios:

  1. SAbe, Elena, eu concordo em parte com o que você coloca.... A criança sim deve se comunicar e explicar o que está acontecendo, porém, trata-se de nós, enquanto pais, oferecermos esta abertura para a comunicação. Uma criança que passa o tempo todo de fralda descartável não tem nenhuma noção do que acontece por debaixo da fralda, pois só lhe possível visualizar nos rápidos momentos de troca de fraldas e no banho.
    Assim, eu acho que o desfralde não é a vontade dos pais de deixar o bebê sem usar fraldas, mas dar-lhe a oportunidade de ficar sem fraldas, sem artificios, sem incômodos. Meus filhos sempre adoraram vestir cuequinhas... pois as fraldas esquentam, assam, atrapalham. Se é possível fazer xixi na privada, ótimo! se não, faz no chão, ué! e tem que ser tratado como uma coisa natural, o xixi. E eu acho sim que é importante mostrar onde se faz xixi, no banheiro, na privada. Desde os seis meses, sempre entendi os sinais do meu segundo filho quando ia fazer cocô, hoje, com 1ano e 7 meses, ele ainda faz cocô nas fraldas, e isso não é um problema, mas ele também gosta/faz cocô na privada. E eu percebo como o incomoda o cocô na fralda, que rapidamente ele já me avisa para trocá-lo. Ou seja, dar oportunidade a criança para não usar o artificio fralda é sim uma função dos pais. Agora, eu concordo com você exigir da criança o desfralde, realmente é no tempo dela. E tem vários fatores que podem ou não contribuir para o desfralde.
    Portanto, minha opinião é que: nossos filhos não nascem de fraldas, isso não pertencem a eles. E eles podem/devem ter a liberdade de ficar sem elas, sem recriminações.
    cordialmente,
    Luciana Válio

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  2. Concordo também com vocÊ Luciana, pois o que você relata não paresce estar faltando ao respeito ao seu filho nem presionando ele. Se, de fato, ele se incomoda com a fralda, e gosta de ficar sem ela e sentar na privaca, como você diz... qual o problema?
    Mas têm crianças que adoooooooram as suas fraldas (por muito que incomodem, sim, pois sem elas se sentem inseguros), e têm pais que os obrigam por decisão unilateral, de um dia para o outro, a ficar sem ela. Isso é do que eu falo. Que é bem differente do que você relata.
    Como eu digo no texto, não têm uma idade certa para desfraldar, e o melhor e nos guiarmos por nossos filhos, não tem por que ser depois dos dois anos, nem aos dois anos exatos, nem antes deles. Senão quando o nosso filho dê sinais de ter capacidade de saber do que vai o asunto, ou não se importe, como o seu, de ficar sem ela (é importante também que a mãe, como você diz, não se importe com ir por aí limpando xixis, que tem outras que dam a grande bronca ao filho porque ela tem que limpar, quando ele não fez nada com maldade, né?).
    Obrigada pelo seu comentário, e um abraço!!

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  3. Olá, queria que, se possível me desse uma opninião. Sou mãe de dois filhotes, um de seis e outro de dois meses (estou comprando seu sling para ele). O meu primeiro fiz um super trabalho qdo fui tirar a fralda, inventei uma fada do banheiro que entregava duas figurinhas qdo ele conseguia usar... Enfim, tudo deu certo. Mas minha preocupação é com meu sobrinho, ele tem 4 anos e 2 meses, e ainda usa fralda para o coco, ele qdo precisa fazer chora que quer a fralda, só qdo coloca é que consegue evacuar. Não acho que seja despreparo dele, pois qdo quer fazer coco ele pede e espera a colocação da fralda. Acho até que crianças q se alimentam de tudo é horrível trocar a fralda, pois o cheiro é muito forte. Enfim, nesse caso a responsabilidade não é somente dos pais?

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  4. Responsabilidade? De qual responsabilidade você fala? Não consigo compreender essa parte :(
    Eu não conheço ao seu sobrinho, por tanto não posso falar dele específicamente, seria muito atrevido, né? Mas em geral, o caso do cocô é uma coisa que pode trazer incómodos às crianças. Para eles o cocô é uma parte do corpo deles que sai, cai do corpo (no chão, no vaso sanitário) e a gente joga fora. É difícil de compreender para eles. Muitos deles, quando são deixados sem fralda, começam reter o cocô e ficam constipados, ou choram quando fazem... É uma coisa psicológicamente complicada sobre o que têm muito escrito.
    Também acontece, às vezes, que crianças que foram obrigadas a deixar as fraldas quando ainda não estavam prontas, se apegam mais a elas. E podem ter grandes regressões, inclusive depois de uma temporada na qual eles controlam, de pronto deixam de fazê-lo. É um passo que eles precissam dar para atrás para ganhar a segurança que eles não tiveram da outra vez.
    Te contarei, no meu caso particular, que o meu filho mais novo ficou bastantes meses depois de deixar a fralda pedindo a mesma para fazer cocô(e deixou as fraldas aí pelos 3 anos e meio, não cedinho, como o outro, aos 2 e pouco).
    Quer dizer, ao igual que o seu sobrinho, ele controlava e até sabia se antecipar, sabia quando ele ia fazer cocô, mas não queria fazer em nenhum outro lugar que não fosse a fralda. Eu não vi em aquilo um problema, senão mais uma parte do proceso. Por algum motivo ele precissava do "conhecido", do "seguro", para fazer isso. Então ele ficava sem fralda e quando queria fazer cocô, pedia uma fralda, fazia, eu ou meu marido trocavamos e pronto. Depois de alguns meses, de um dia para o outro, ele sentou na privada, fez lá, e até hoje, que vai fazer 4 anos em breve, é assim que ele faz, na privada, com total normalidade.
    Senti a necessidade dele, a respeitei, e a coisa evoluiu por si só, ao ritmo que ele precissou. Os motivos pelos quais ele precissava? Eu não sei, mas que ele precissava, precissava mesmo. E não fica assim para sempre, com total certeza. Às vezes eu fiquei mais chata do habitual perguntando e insistindo para ele fazer na privada, e não consegui nada, mas do que estressar ele (me estressar eu mesma) e afiançar ele na posição que já tinha: ele queria fazer na fralda.
    Se a gente respeita as necessidades deles, porem não compreendendo-as, chegaremos em resultados saudaveis, é a minha opinião, como você pedia. Não sei se ajudou em alguma coisa...

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  5. ADOREI SEU TEXTO ELENA!
    MAYRA

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  6. Ola Elena, tenho uma filha de 2 anos e 1 mês e bem como voce mencionou no texto chegou na hora em que todos questionam o porque dela ainda usar fraldas...
    COnfesso que ja fiz de tudo que o sites explicam...deixei 1 semana inteirinha ela de calcinha, perguntava a cada 15 minutos se ela queria ir ao banheiro fazer xixi ou coco.
    E quando eu ia mostrava pra ela que ali era lugar de fazer xixi..etc
    Enfim, minha filha parecia nao estar nem aí pra mim..
    E comecei a me estressar comigo mesma... Ela ainda nao fala quase nada, nem xixi nem coco
    E nem se incomoda de ficar horas com a mesma fralda.ate quando esta de calcinha e faz cocô nao reclama...
    Acho realmente que não é a hora ...
    o que voce acha!?

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    1. Oá Sarah... Me faz a mim essa pergunta?
      Vou te responder co outra pergunta: O que você acha? Não precisa me responder. Simplesmente pense na sua filha, nela e só nela. Você a conhece melhor do que ninguém. Esqueça o que os outros acham que ela deve fazer, esqueça até do que você mesma acha que ela deve fazer. Agora se responda a você mesma: A sua filha está pronta para tirar a fralda?
      Vai lhe fazer algum dano continuar assim por mais uns (poucos ou muitos, tanto faz) meses?
      Por que vocÊ quer que ela deixe de usar fralda? Você acha que isso vai ser melhor para ela em algum sentido?
      Ou talvez é para sentir que você está fazendo as coisas na hora certa (para assim não ser julgada, critica ou questionada, por outros ou por você mesma inclusive)?
      Pense nos seus motivos para tentar fazer isso com ela agora, e veja se é uma decisão mais sua que dela, e por que. E se vale a pena...

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