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miércoles, 16 de mayo de 2012

Attachment Parenting: O medo que nos transforma em mãe

Venho pensando nestes dias muito sobre o Attachment Parenting ou Criação com Apego (apego positivo, que diria Bowlby). Principalmente por dois motivos: Primeiro porque o sujeito-tipo-domesticador de crianças-sem escrúpulos, aquele espanhol do qual nada me enorgulho e me faz sentir vergonha da minha nacionalidade, Eduard Estivill (autor do maldito Nana Nenê), acabou de publicar novo livro. Não sei qual faceta das crianças ele quer controlar ou submeter aos seus desejos agora. Segundo, por causa da capa do próximo mês da revista TIME, que tanta polémica está causando (fala do Attachment Parenting como se de uma secta com gurú se tratasse) por mostrar uma mãe amamentando o filho de 3 anos.

Bom, e a minha pergunta é: Por que tanta polémica? Por que a eleição de cada cada vez mais mães, de criar os filhos com respeito e amor, liberdade e apertura, resulta tão, tão interessante para jornais e bate-papos de amigas, colegas, vizinhas e avôs?

A resposta me chega com uma só palavra: MEDO.

Tudo bem que a maternidade da esse frio na barriga, pois uma pessoinha vai depender 100% dos nossos cuidados e atenções, do leite que mana dos nossos seios, do calor com que nosso corpo lhes nine, dos nossos sorrisos e palavras de amor, da nossa compreensão das suas necessidades e da aceitação sem juizos das mesmas, do 100% do nosso tempo diario e noturno e de práticamente a nossa entrega total, física e emocionalmente falando, a eles nos primeiros dias, semanas, meses e anos da sua vida. Isso, para mim, é motivo suficiente para dar muito medo.

E como é sabido, cada um responde ao medo de uma forma. O medo é uma emoção que, como todas as outras, tem uma finalidade util para a nossa sobrevivencia. Sentimos medo de um urso para liberar os hormônios necessários que preparem o nosso corpo e mente para poder fugir dele, e sentimos medo das águas turbulentas de um rio que nos arrasta, para liberar os hormônios necessários que preparem o nosso corpo e mente para enfrentar essa dificuldade e conseguir sair dele. Do mesmo jeito, também tem quem foge pelo medo que lhe causa ser mãe (podemos fugir da maternidade, uma vez que já temos o filho?), e tem quem o enfrenta e se supera, se recria e cresce graças a esse medo.

As mães sentimos medo das críticas dos outros. Tememos que pensem que "não estamos sabendo ser mães" (acaso isso pode?), e que pensem que o filhote está nos manipulando, que nós não temos o controle desse serzinho tão indefeso e aparentemente facil de controlar.

Tememos que nós mesmas, geralmente as mais críticas com tudo o que fazemos, nos julguemos incompetentes como mãe por não conseguir desfrutar de tudo o que ser mãe implica, e querer às vezes descer um pouquinho do trem da maternidade, que não tem paradas.

Temos medo do bebê, que precisa tanto de nós.

Mas principalmente temos medo de quebrantar as regras. Sim, porque ser mãe implica não ter regras, implica escutar o coração segundo o que o filho nos fala atravês dele. E já desde crianças fomos ensinados a ser bonzinhos, a seguir regras e não questioná-las nem quebrantá-las. Desde sempre fomos asumindo que "não é permitido" agir segundo os nossos instintos, que temos que aprender e saber como nos comportarmos em segundo qual situação, ambiente ou companhia.

E aí chega um serzinho que se rige absolutamente por instintos, que não sabe o que "pode" e o que "não pode", e que espera o mesmo de nós, mãe e pai. Mas nós tentamos levá-lo à casa onde nos sentimos confortáveis, porque práticamente não conhecemos outra: a casa dos "pode" e "não pode", socialmente falando, a casa das regras e dos manuais de instrucções. Porque temos medo de agir como nunca nos foi permitido: com o coração e segundo os instintos.

E queremos soluções, queremos método científico para dominar essa maré de instintos que nos toma por dentro, e de passo também dominar a criancinha, para não nos fazer mais sentir assim de selvagens. Onde já se viu? Porque isso "não é permitido" nesta sociedade.

Lamentávelmente, os únicos que tem soluções imediatas são todos aqueles proffisionais que domesticam crianças. Chama-se, em psicologia, conductismo, comportamentalismo, "behaviurismo". Para mim chama-se, simplesmente, adiestramento de pessoas, como se fossem animais de circo: Chora? Com um reforço negativo vai aprender a não chorar -ele aprende que não vale a pena pedir o que lhe pertence: o amor dos pais-; Quer colo? vai aprender a não querê-lo mais. E vai aprender a se virar, a não precissar do carinho dos pais, nem esperar nada nesse sentido, não vá ser que fique dependente de mim o resto da vida. A Supernanny consegue, e o Stivill do Nana Nenê também. E, tristemente, também o conseguem as muitas pessoas que em lugar de enfrentar a maternidade quando sentem esse frio na barriga, fogem dela e das janelas que ela abre no seu coração. Depois nos extranhamos de que essas crianças não contem com os pais na adolescencia. Onde eles estavam quado mais precissavam deles?

Não fechemos, desde já, as janelas dos nossos filhos, que precissam, sim, de colo, teta, contato, atenção (também de noite) e respeito dos seus ritmos. Não é manipulação, é natureza em estado puro. Permitamo-lhes agir com o coração, não reprimamos os seus instintos, pois eles não são necessariamente antisociais, senão toto o cntrário (o ser humano é um ser social por natureza), e estaremos criando adultos com empatia, com capacidade de amar e de compreender os outros. Com certeza eles não terão medo de ser pais e mães com o coração aberto, porque isso nunca lhes foi negado.

E parabens a você, que sente esse frio na barriga da maternidade e, em lugar de olhar para outro lado, o enfrenta, crescendo e se transformando com o que ele lhe oferece.

Prohibida la reproducción total o parcial de este artículo sin el consentimento de la autora:

Elena de Regoyos
-Doula de puerpério e coach parental
-Consultora de slings e amamentação

http://www.mamaedoula.blogspot.com/

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