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jueves, 4 de abril de 2013

Brinquedos ou realidade? Com que brincam os seus filhos?

Hoje comecei o dia no computador com uma oferta no maravilhoso site de brinquedos naturais Jugar i Jugar. Lembrei que precisava comprar giz de ceras da Stockmar para os meus filhos, e como nesse site também as vendem, entrei. Impossível não perder minutos e minutos mergulhando nesse incrível site de brinquedos de madeira, tecido e outros materiais naturais. Brinquedos baseados nas pedagogias Waldorf, Montessori ou Pickler. Brinquedos simples, porém únicos, especiais. Enfim, eu passo tempo e tempo desejando uns e outros para os meus filhos (ou para mim?), e enchendo o carrinho de compras imaginário com todos eles. Ai... se eu fosse rica!

Todos esses brinquedos são naturais (e lindos!!), é verdade. Não forçam o desenvolvimento natural da criança, senão que acompanham ela da mão no ritmo de cada uma, lhes oferecendo ferramentas, sem hiperestimular e tal e qual.

Mas... peraí! Sentada no chão, desde onde eu estava mergulhando no país das maravilhas do citado site, olhei para a minha filha de um ano, que brincava pela sala, e a observei. Nesse momento ela estava empurrando uma mesinha por toda a sala. Minutos antes estava brincando de entrar e sair do moisês que -também, fora das patas com rodinhas dele, está no chão da sala- ela não usou para dormir quando bebê, mas no qual agora adora entrar e sair, sentar nele, enchê-lo e esvaziá-lo de "brinquedos"... e empurrá-lo pela sala. Ela não consegue sempre entrar e sair dele sozinha, daí pede ajuda, e pratica esse exercício uma e outra vez. Às vezes ela também cai durante o treino.

Observando a minha filha brincar

Me propus, então, fazer um seguimento das principais brincadeiras dela durante o dia, confesso que acreditando já saber o resultado (pois é, quando uma já está na terceira filha às vezes acredita ter o resultado de certas pesquisas sem esperar fazê-las). Até essa hora ela tinha brincado, quando acordou de manhã ao meu lado, de meter o dedo no meu olho, nariz e boca. E depois de rolar na cama numa espécie de "pega pega" preguiçoso comigo, nessa primeira hora depois de acordar.

Daí, depois de tomarmos banho juntas, e dela brincar com os pingos de água que caiam pelo vidro do box e de desenhar com a ponta do dedinho com o sabão da perna dela, ela brincou de colocar uma meia dela que achou pelo chão primeiro na cabeça, para depois já ser no pé. Nossa, ela passou com a meinha um tempão.

Ao longo do dia as brincadeiras dela foram -segundo eu mais ou menos fui anotando- as seguintes:

-Romper em mil pedaços uma casca de cebola (aquela externa, marrom, bem sequinha) que tinha caido no chão enquanto eu cozinhava.

-Passear com um cinto de couro grosso do pai a modo de cachecol, que ela colocava e tiraba, colocava e tirava. E ai de quem tirasse o cinto de couro dela, ou tentasse substituí-lo por uma coisa mais... "adequada".

-Arrancar -tentar- folhinhas das plantas que eu estava molhando, e passar um tempão rasgando-las em pedacinhos igual tinha feito com a casca da cebola.

-Subir a escada de casa em quanto eu não olhava para ela.

-Apertar os botões do controle da TV insistentemente, e escondê-lo Deus sabe onde depois.

-Pegar um lenço de papel -esvaziar o pacotinho inteiro, na verdade- e limpar o nariz de um macaco de pelúcia, que depois carregou no colo por muito tempo enquanto fazia outras coisas.

-Meter o dedinho em um buraquinho da porta, e tirá-lo daí. Meté-lo de novo e tirá-lo mais uma vez. E falar com o buraquinho totalmente entregue, rindo a cada repetição.

-Virar o copo de suco de uva e desenhar no chão com ele (ai aiiiiiiii).

-Subir encima de uma malinha de alumínio onde guardamos fantoches, "pular" nela (sem separar os pés da caixa, por enquanto), e pedir ajuda para descer. En seguida, subir de novo e re-começar a brincadeira.

-Abrir o armário das panelas e tirar algumas dele para colocar e tirar a tampa, e meter coisinhas que ia achando pela cozinha dentro dela -vocês nem imaginam a quantidade de coisas não proprias de cozinha que tem no chão da minha cozinha, como playmobils, pedras...-.

-Meter a mão na minha bolsa e tirar coisas dela, metendo outras insuspeitadas. E depois a mesma coisa na casinha de madeira do irmão mais velho: meter a mão pela janela tirando coisas de dentro, e depois meter outras dentro a travês da mesma janela.

-Empurrar uma garrafa vazia que uma amiga colocava em pé, e rir ao vê-la cair. E de novo a mesma coisa repetidamente.

-Tentar arrancar com o dedinho o milho da espiga, no jantar, levando ele à boca de vez em quando.

-Pegar uma fralda suja e sair "correndo" com ela para eu perseguí-la.

-Na cama, antes de dormir, meter o dedo no ombigo do pai e gargalhar com a agonia dele.

-E muito de me seguir a todas partes, me observar com atenção -até no banheiro, obvio-, pedir colo, se agarrar às minhas pernas, falar e falar coisas geralmente incomprrensíveis, perseguir os irmãos, sentar do lado deles maravilhada, sentar encima de uma bola e levantar muitas vezes seguidas, me chamar, pedir mais colo, apertar botões de todo o que tem botões na casa, tentar subir em tudo o que está no seu alcance e pedir ajuda para descer, abrir gavetas...

Os seus brinquedos favoritos

Mais ou menos foi por aí. Quer dizer, ela usou para brincar todo tipo de objetos, principalmente da casa: prendedores de roupa, utensílios de cozinha, roupas, comida...

Poderia dizer que o principal brinquedo dela somos nós, a mãe, o pai e os irmãos: interagindo, nos perseguindo, nos imitando, ficando no colo... As pessoas. O segundo brinquedo dela é a casa com tudo o que ela tem dentro para uso nela. E por último lugar estariam os brinquedos propriamente ditos, que ela usa também, sim (adora bonecos!!), mas que nem de longe é a primeira nem a segunda opção dela na hora de brincar, e com maior motivo ainda os de bebês.

Voltando aos bonecos... é verdade, sim, ela ama carregar um boneco, mas não "brinca" com ele, senão que o carrega enquanto passeia ou fuça em outras coisas, da mesma forma que eu carrego ela enquanto cozinho ou faço outras coisas :). Retifico... o que esperamos quando falamos "ela não brinca com ele"? Se brincar é imitar para treinar para a vida adulta, ela então brinca e muito com ele, pois faz exatamente o que eu faço com a minha bebê: carregá-la enquanto faço outras coisas.

E dos outros brinquedos que usa, ou pode usar... ela os usa, mas eles são perfeitamente substituiveis por outras coisas. Da mesma forma que metia e tirava a mão da casinha de madeira do irmão (que é brinquedo), também o fez depois com a minha bolsa (que não é brinquedo). E da mesma forma que primeiro colocava em pé e empurrava um playmobil (que é brinquedo) para fazê-lo cair, depois o fez com uma garrafa (que não é brinquedo). Ela não se interesava explícitamente na casinha ou no playmobil, senão em meter e tirar coisas primeiro, e em empurrar um objeto que estava em pé, depois.

A minha conclusão -além de que eu deixo demasiadas coisas pelo chão sem recolher- é que para minha filha, igual que para os meus meninos de 5 e 7 anos, sobram o 90% dos brinquedos que eles tem, e olhem que eles nem tem tantos, e os que tem são na maioria bem "educativos" -esse termo da para outro post-!

E você? Já observou os seus filhos brincando? Com que eles brincam mais? Voês acham que eles seriam menos felizes com, digamos, apenas o 10% dos brinquedos que eles tem?

-Elena de Regoyos para MamaÉ-
Proibida a reprodução sem autorização da autora.
 
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5 comentarios:

  1. Adorei Elena, bem providencial para minha família que quer comprar, comprar e comprar coisas para Augustus! Abreijos

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  2. Adorei seu post! (Ainda não li os demais, mas acredito que vou gostar do blog como um todo). Eu tenho arrepio com o termo "brinquedo educativos"...rsrsr. Pra mim, eles são exatamente o contrário. E com a tendência moderna de "estimular" as crianças...como se elas precisassem de mais estímulos do que já têm, do que a própria natureza e casa oferecem! Abçs

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  3. Nossa Elena muito legal este post!
    Que sensível seu olhar para sua filha. Ainda mais neste mundo de mil fazeres no qual temos pouco tempo para observar. Obrigada por compartilhar conosco!
    Realmente reparei que a Olívia, que tem bem poucos brinquedos, não liga muito para eles, inclusive por isso que não compro. O que ela quer mesmo são as coisas que a gente usa e mexe. Um brinquedo novo tem pouco tempo de duração, só enquanto ela o descobre. Estou achando muito lindo observá-la descobrindo o mundo e as coisas que a rodeiam!
    É um belo exercício mesmo!
    Mais uma vez obrigada!
    Beijos,
    Moira

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  4. Obrigada pelas palavras comadres :)

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  5. Adorei Elena! É isso mesmo, crianças aprendem o tempo todo, seja com o que for. Vida=aprender=prazer=trabalho! Sem essa de brinquedo educativo! :) Bjos

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